Brasília
(21/10/2008) - A operação Guardiões
da Amazônia, do Ibama, apreendeu, neste fim
de semana, 909 ovos de tartarugas da Amazônia,
no Tabuleiro do Embaubal, no Pará, praia
onde fica a base do Centro Nacional de Conservação
de Répteis e Anfíbios (RAN) da Amazônia.
O RAN é uma unidade especializada do Instituto
Chico Mendes.
Os ovos seriam carregados por
uma pequena embarcação, às
margens do rio Xingu, no Pará. Ao serem vistos
por fiscais do Ibama e policiais do Batalhão
de Polícia Ambiental, os infratores correram
para a mata e conseguiram escapar. Se localizados,
eles serão ser multados em R$ 500 para cada
ovo.
A apreensão foi resultado
de uma vistoria aérea sobre as margens do
rio Xingu, entre os municípios de Vitória
do Xingu e Senador José Porfírio.
Segundo o coordenador da operação,
Marco Antonio Silva, a fiscalização
foi feita de madrugada porque é o horário
em que os infratores começam a agir. “A incursão
foi planejada nas praias onde estão ocorrendo
as desovas das tartarugas”, afirma.
Os ovos foram doados a uma instituição
de caridade e a uma escola do município de
Senador José Porfírio, sob supervisão
do chefe da RAN na região, Pedro Birro.
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Instituto reforça projeto
que vai resgatar tradição das embarcações
artesanais no Brasil
Elmano Augusto - Brasília
(23/10/2008) – O Instituto Chico Mendes assinou
nesta quarta-feira (22) protocolo de intenções
com o Iphan e outros órgãos do governo
federal para integrar o projeto Barcos do Brasil.
O projeto visa resgatar a tradição
da construção e uso das embarcações
artesanais no País. Além de identificar
nas reservas extrativistas mestres-construtores
que possam transmitir seus conhecimentos aos mais
jovens, o Instituto se comprometeu a repassar a
madeira apreendida em operações nas
unidades de conservação para as comunidades
tradicionais fabricarem seus barcos. A ação
mais significativa, no entanto, será a retomada
da antiga técnica de construção
das jangadas de pau, feitas de troncos de Piúba,
uma árvore que é preservada em uma
reserva extrativista na Bahia.
O Brasil detém uma das
maiores diversidades de barcos no mundo. Supera
países com história naval mais rica,
como Inglaterra e Noruega, por exemplo. Muitas das
nossas embarcações marcam de forma
indissolúvel paisagens brasileiras. Simbolizam
cidades ou regiões, como a canoa na Amazônia,
a jangada no Nordeste e os saveiros na Bahia. Além
disso, são fonte de renda para muita gente.
O projeto busca preservar todo esse patrimônio
social e cultural, fortemente ameaçado.
O Instituto atuará em duas
frentes. Na primeira, identificando entre as populações
tradicionais que moram dentro ou no entorno de reservas
extrativistas de todo o País os antigos mestres-construtores
de embarcações. Eles serão
chamados a participar de oficinas para transmitir
aos mais jovens os seus conhecimentos sobre construção
naval, carpintaria e pintura de barcos.
Na outra, o Instituto reforçará
uma das mais importantes ações do
projeto: a retomada da tradicional técnica
de fabricação das jangadas de pau,
que praticamente desapareceram do litoral nordestino,
substituídas por embarcações
feitas até com canos de PVC.
Para isso, técnicos do
instituto localizaram na Reserva Extrativista Canavieiras,
na Bahia, uma área de remanescentes da Piúba,
árvore cujos troncos eram usados antigamente
na fabricação das jangadas. A árvore
produz uma madeira muito leve, que flutua com facilidade
no mar. A preocupação agora é
definir como será feito o uso sustentável
da madeira.
Ainda nessa linha, o Instituto
identificou o único mestre-jangadeiro vivo
no Brasil. Ele mora em Alagoas e será convidado
a dirigir oficinas de formação de
novos mestres. Os seus alunos terão a missão
de retomar e dar continuidade à tradição
das jangadas de pau, feitas de Piúba, que
enchiam de vida o litoral nordestino com suas velas
coloridas.
“ Atuamos em defesa da diversidade
da natureza, mas com o foco no homem. Preservar
a diversidade cultural também é uma
das nossas preocupações. Por isso,
estamos participando desse projeto”, discursou o
presidente do ICMBio, Rômulo Mello, na cerimônia
de assinatura do protocolo e lançamento do
grupo de trabalho, no auditório do pavilhão
onde ocorre a Semana de Ciência e Tecnologia,
na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Na ocasião, Rômulo
deu uma boa notícia: por acordo firmado entre
os ministérios do Meio Ambiente e da Cultura,
o Instituto vai repassar ao projeto parte da madeira
ilegal, apreendida nas operações de
combate a crimes ambientais nas unidades de conservação.
“Essa madeira, que é fruto de atos ilícitos,
será revertida para o bem, será entregue
às populações tradicionais
para a construção de seus barcos”,
anunciou o presidente.
A cerimônia contou com a
presença de representantes dos órgãos
que vão compor o grupo interministerial responsável
pelo projeto Barcos do Brasil – ministérios
da Educação, Integração
Nacional, Ciência e Tecnologia e Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca, além
da Unesco, que dá apoio institucional à
iniciativa.
No pavilhão onde ocorre
a Semana de Ciência e Tecnologia, que segue
até o próximo domingo (26), os visitantes
poderão obter mais informações
sobre a história naval brasileira e apreciar
uma exposição de miniaturas de embarcações
de várias partes do País, organizada
pelo Museu Nacional do Mar, que tem sede em São
Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina.
Ascom/ICMBio