31/10/2008
- Estão abertas as inscrições
para um processo de seleção inédito
promovido pelo Incra/BA. Pela primeira vez no estado,
serão selecionadas instituições
com o objetivo de executar todas as etapas para
a obtenção do licenciamento ambiental
de 53 assentamentos. As inscrições
vão até 15 de novembro.
As entidades irão elaborar
peças técnicas e estudos ambientais
visando à regularização ambiental
de áreas da reforma agrária. Essa
ação beneficiará 3.182 famílias
situadas nos quatro Territórios da Cidadania
do estado. No Território da Cidadania do
Velho Chico, serão beneficiados 19 assentamentos
(1.457 famílias). Quatorze assentamentos
do Território da Cidadania da Chapada Diamantina
(844 famílias) também terão
realizados seus estudos ambientais e a elaboração
de peças técnicas.
No Território da Cidadania
do Sul, 11 assentamentos, com 554 famílias,
serão favorecidos. Outros nove assentamentos,
dessa vez no Território da Cidadania do Sisal,
também terão protocolados os licenciamentos
ambientais, atendendo 327 famílias.
Investimento
O investimento previsto pelo Incra/BA
é de R$ 1.491.178,00. A licitação,
na modalidade Tomada de Preço, está
dividida em sete lotes. Os 53 assentamentos terão
a regularidade ambiental diretamente protocolada
junto ao Instituto do Meio Ambiente (IMA), órgão
do governo do estado. O conteúdo do edital
pode ser obtido no endereço http://www.incra.gov.br/bahia
ou pelo telefone 71 3505 5347.
No dia 19 de novembro, às
10 horas, ocorrerá o recebimento e a abertura
de envelopes para habilitação e propostas.
Essa etapa será realizada na sede do Incra/BA,
situada no Centro Administrativo da Bahia (CAB),
em Salvador.
+ Mais
Encontro prevê troca de
experiências em sistemas agroflorestais
24/10/2008 - Na próxima terça (28)
e quarta-feira (29), acontece o Encontro de Socialização
de Conhecimentos em Sistemas Agroflorestais. O evento
vai ser na Pontifícia Obras Missionárias,
SGAN 905 – Conjunto B, Brasília (DF), das
8h30 às 18h. Organizações estaduais
de assistência técnica e extensão
rural e não-governamentais sócio-ambientais
que desenvolvem atividades de assessoria a agricultores
familiares vão se reunir para discutir a
integração das políticas públicas
existentes e a prática de Sistemas Agroflorestais
em todos os biomas brasileiros, possibilitando uma
maior circulação dos conhecimentos
já acumulados por essas organizações
e agricultores familiares.
O encontro é promovido
pelo Departamento de Assistência Técnica
e Extensão Rural da Secretaria de Agricultura
Familiar do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (Dater/SAF/MDA) em parceria com a
Rede Brasileira de Sistemas Agroflorestais e a Rede
Mata Atlântica.
Na programação serão
discutidas: assistência técnica e extensão
rural a partir dos princípios da Agroecologia
e suas relações com Sistemas Agroflorestais;
o papel desses modelos de produção
no processo de inclusão social, segurança
e soberania alimentar; benefícios sócio-ambientais
gerados por esses sistemas; e geração,
agregação de valor e apropriação
da renda. Além disso, haverá a realização
de trabalhos em grupo que irão contribuir
na criação da Rede Temática
de Sistemas Agroflorestais.
Caracterizados por serem cultivos
agrícolas e/ou produção de
animais consorciados com espécies florestais
no mesmo espaço e em tempos determinados,
os Sistemas Agroflorestais são assumidos
pelos agricultores familiares como uma importante
estratégia para o desenvolvimento local sustentável.
Manual traz experiências
A experiência bem sucedida
do apicultor e agricultor Jones Severino Pereira
e sua esposa Lenir Ferreira Gomes Pereira, no sítio
São João, em Recife (PE), será
umas das apresentadas no Manual Agroflorestal da
Mata Atlântica, que será lançado
no encontro, na terça-feira (28), às
17h30.
A propriedade de Pereira era formada
por áreas com bananal improdutivo, pés
de coco, jaca e abacate que produziam pouco. O roçado
era varrido, o chão batido e o que se conseguia
colher do roçado mal dava para o consumo
da família. Em 1988, ele começou a
receber assistência técnica.
Em 1993, com a criação
do Centro de Desenvolvimento Agroecológico
Sabiá, composto por agricultores familiares
e técnicos da região, a realidade
começou a mudar. Começaram com a adoção,
aos poucos, de novas técnicas como parar
de fazer queimadas, plantar em curva de nível,
produzir composto orgânico e minhocário,
mas ainda não era suficiente. Com muita resistência,
Pereira iniciou sua agrofloresta. “No início
eu resisti muito. Na minha cabeça a agricultura
só dava certo utilizando adubo e veneno”,
contou.
Os três primeiros anos de
implantação da agrofloresta foram
de aprendizagem, tanto para Seu Jones como para
os técnicos. Mas, em 1997, começaram
a aparecer os resultados, o milho que antes não
passava de um metro, se desenvolveu bem e estava
sendo colhido no período do verão.
O excesso da produção fez surgir a
formação de um grupo de feirantes
agroecológicos, junto a outras organizações.
Com o beneficiamento dos produtos
agroflorestais, a renda familiar aumentou significativamente,
o que lhes permitiu reformar a casa, custear o estudo
dos dois filhos e comprar o carro, no qual leva
os produtos para a feira. Além disso, hoje,
a propriedade do casal Jones e Lenir dispõe
de uma pequena estrutura de alojamento para receber
estagiários. “De um sítio que não
produzia nada, vejo hoje uma grandiosa diversidade,
produzindo até culturas que não são
da região como pupunha, açaí,
cacau, cupuaçu”, detalhou.
Em 2004, Pereira recebeu o Prêmio
Vasconcelos Sobrinho pelos relevantes serviços
de conservação e preservação
prestados ao meio ambiente.
O Manual Agroflorestal da Mata
Atlântica teve sua construção
discutida entre organizações não-governamentais
socioambientais do bioma Mata Atlântica. Ela
traz conceitos, tipos e práticas desses Sistemas,
monitoramento e acompanhamento, instrumentos importantes
da assistência técnica e extensão
rural, além de experiências de agricultores
familiares e as políticas públicas
a respeito do tema. A publicação é
uma criação da SAF/MDA em parceria
com o Núcleo de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Rural (NEAD), Rede Brasileira de
Sistemas Agroflorestais e Rede Mata Atlântica.