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OPERAÇÃO PRÓ-QUELÔNIOS PROMETE BATER RECORDE E SALVAR MAIS DE 332 MIL FILHOTES DE TARTARUGAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2008

Márcia Néri - Brasília (24/10/2008) – A Operação Pró-Quelônios, realizada por servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Reserva Biológica (Rebio) Abufari, centro-oeste do Amazonas, já salvou, em menos de três meses, 600 quelônios adultos das armadilhas de traficantes de animais. Agora, nas primeiras semanas de novembro, a operação chega a sua fase mais importante: a eclosão dos filhotes. A expectativa da chefia da Rebio é superar o recorde do ano passado, quando foi registrado o nascimento de 332 mil tartaruguinhas.

“Estamos esperando um número recorde de nascimentos. Provavelmente, 240 mil tartarugas-do-Amazonas ganharão os rios que cortam a Rebio. Se contabilizarmos a eclosão de iaçás e tracajás, o número superará as 332 mil tartaruguinhas nascidas em 2007”, afirma o chefe da Rebio Abufari, Fernando Weber, que é oceanólogo e atua na unidade há três anos.

Desde julho, os analistas ambientais da unidade de conservação se revezam para proteger as tartarugas que desovam nas areias dos rios e igarapés que passam pela reserva. Este ano, o trabalho recebeu o reforço de seis homens cedidos pela prefeitura de Tapauá e dois fiscais do Ibama. O monitoramento é feito 24 horas por dia. A equipe já aplicou R$ 1 milhão em multas e apreendeu 58 redes do tipo “capa-saco”.

O manejo dos quelônios é feito há sete anos na unidade. Neste ano, foi possível aprimorar os trabalhos para preservar as tartarugas que desovam na reserva. Atualmente, a operação conta com atividades intensivas de fiscalização, além da proteção e monitoramento dos ninhos contra os predadores naturais. A Coordenação Geral de Proteção e o Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios, do ICMBio, também está envolvida no esforço para salvar esses animais.

A Rebio Abufari tem 288 mil hectares e um perímetro de 325 Km. As tartarugas que escolhem o local para se reproduzir são acompanhadas pelos analistas ambientais desde a migração dos lagos e igapós aos locais de desova até o retorno às áreas de alimentação.

Para o chefe de unidade, a fiscalização constante para inibir a presença dos traficantes e a guarda dos ninhos contra os predadores naturais é fundamental para preservar as espécies que vivem nas águas do rio Purus. “Ele é um dos mais ricos do estado do Amazonas e a principal hidrovia que liga a capital a diversas cidades do interior. O Purus corta a reserva. Nos limites dela, é permitido o tráfego de embarcações, mas elas não podem parar no local”, destaca.

De acordo com Weber, em 2007, os analistas da unidade apreenderam 2.600 quelônios. “O ano passado não tivemos condições de intensificar a fiscalização, então, o número de apreensões foi maior. Quanto mais rondas fizermos, menos traficantes tentam a sorte na reserva”, explica o chefe da Rebio.

A Rebio Abufari fica no município de Tapauá, a 850 km de Manaus por via fluvial. Não há estradas para a região da reserva, que ainda encontra-se praticamente inalterada. Na área, existem vários tabuleiros de desova de tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa), iaçá (Podocnemis sextuberculatta), tracajá (Podocnemis unifilis) e cabeçuda (Peltocephalus dumerilianus).

“Trata-se de uma das regiões mais importantes do estado para a conservação e manejo dos quelônios aquáticos. Infelizmente, a questão fundiária ainda não foi definida na unidade e ela é ocupada por algumas famílias que vivem da pesca, caça e extração de produtos que suportam a vida do homem amazônico”, relata o responsável pela unidade.

O oceanólogo lembra que os quelônios são de grande valor para os ribeirinhos. Sua carne e seus ovos fazem parte da alimentação das famílias, que em sua maioria vive em condições precárias. Devido ao alto valor conseguido na venda destes animais, muitos se embrenham na pesca e comércio ilegais das espécies encontradas na região, colocando-os na lista de animais vulneráveis à extinção.

“No entanto, os maiores predadores das tartarugas são os traficantes de cidades como Manaus, Manacapuru e Beruri, que chegam muito bem equipados e armados. Esses animais são culturalmente utilizados na culinária amazonense. Uma tartaruga adulta das espécies que habitam a região da Rebio Abufari pode pesar até 65 Kg e ser vendida por R$700”, lamenta Fernando Weber.

Todos os animais apreendidos até agora na Operação Pró-Quelônios eram adultos e foram soltos pelos analistas nas águas e areias dos rios da reserva. “Fazemos uma avaliação para checar o estado de saúde dos animais. Se estiver tudo bem, realizamos a soltura imediatamente, pois é assim que esses bichos devem viver, livres”, enfatiza. A operação termina somente no dia 30 de janeiro de 2009.
Ascom/ICMBio

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Cenap faz pesquisa para preservar habitat de predadores naturais na Mata Atlântica

Luciana Melo - Brasília (30/10/2008) – O Centro Nacional de Pesquisas para Conservação dos Predadores Naturais (Cenap), do Instituto Chico Mendes, capturou, no domingo (19), no Parque Estadual Carlos Botelho, em São Paulo, a primeira onça parda que fará parte das pesquisas do projeto criado para identificar fragmentos florestais utilizados por esses animais e que merecem ser preservados na Mata Atlântica.

Segundo o chefe do Cenap, Ronaldo Gonçalves Morato, o projeto “Ecologia da comunidade de carnívoros do Parque Estadual Carlos Botelho” busca fazer o acompanhamento, por radiotelemetria, dos predadores que são fundamentais na estruturação das comunidades de carnívoros em diversas áreas da floresta. O estudo desses animais pode servir para se avaliar o equilíbrio da comunidade em outras regiões da Mata Atlântica.

O projeto vai auxiliar também na identificação de áreas importantes para conservação da Mata Atlântica costeira. "Dessa forma, os governantes poderão concentrar esforços nessas regiões, criando diferentes modalidades de Unidades de Conservação (UC) ou mesmo estabelecendo outras estrategias de conservação, usando como base essa importante especie", comentou Morato.

ARMADILHAS – As operações para capturar as onças iniciaram-se em novembro de 2007. Somadas, essas operações acumularam cerca de 150 dias/armadilha, utilizando-se galinhas como iscas. “Foram instaladas armadilhas fotográficas na mata, de maneira que fosse possível identificar onde estão os animais e qual a densidade na região”.

De acordo com Ronaldo, em pelo menos duas ocasiões onças pardas passaram em frente às armadilhas abertas e as ignoraram, o que levou os pesquisadores a pensar que, em uma área com grande disponibilidade de presas naturais, as galinhas fossem ineficazes como isca, já que as onças têm preferência por mamíferos grandes.

O objetivo da pesquisa é saber como as onças usam paisagens fragmentadas e quais as melhores estratégias para a conservação dessas áreas. As informações obtidas por meio desses animais vão embasar propostas de criação de novas Unidades de Conservação federais ou estaduais e ainda de um possível corredor de biodiversidade.

OPERAÇÕES – As operações de captura das onças está sendo feita em conjunto com a equipe do professor Marco Antonio Gioso, do Departameto de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), que mantém o projeto “Avaliação das condições do sistema estomatognático das onças pintadas e suçuaranas na Floresta Atlântica".

Coordenado pelo professor João Luiz Rossi Jr., a atividade visa estudar a saúde oral desses animais e investigar sua relação com a predação de criações domésticas. A equipe é composta por veterinários do Cenap e do Laboratório de Odontologia Veterinária da FMVZ-USP e da bióloga e também coordenadora do projeto, Beatriz Beisiegel.

A onça apreendida foi anestesiada e equipada com um rádio-colar. Foram coletadas amostras de sangue para os estudos de genética populacional, doenças bacterianas, virais e parasitárias, que serão realizados pelo Cenap. Foi feito ainda um exame da boca e coletadas amostras para o projeto da FMVZ-USP.

Esta será a primeira onça pintada a ser acompanhada por radiotelemetria na Mata Atlântica costeira. Neste bioma, a espécie foi acompanhada apenas no Parque Nacional do Iguaçu, pelo biólogo Peter Crawshaw Jr. O monitoramento por radiotelemetria é essencial para a obtenção de dados necessários para definir as estratégias de conservação da espécie, considerada criticamente ameaçada no Estado de São Paulo.
Ascom/ICMBio

 
 

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