3 de Novembro
de 2008 - Ana Luiza Zenker - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - A Conferência
Internacional sobre Biocombustíveis irá
esclarecer os últimos pontos de dúvida
e de crítica em relação à
produção de etanol e projetar a importância
do biocombustível para a qualidade de vida
do mundo. A avalição é do subsecretário-geral
de Energia e Alta Tecnologia do Itamaraty, embaixador
André Amado.
Em entrevista coletiva, hoje (3),
em Brasília, sobre o encontro, que será
aberto no dia 17 de novembro em São Paulo,
o embaixador garantiu que as duas principais críticas
ao etanol brasileiro já estão esclarecidas.
Segundo ele, a primeira delas,
de que o biocombustível, poderia ameaçar
a produção de alimentos, é
respondida com o fato de que apenas 1% das áreas
agricultáveis no Brasil são utilizadas
para o plantio de cana, sendo que só metade
disso é direcionada para o etanol. “Se nós
quiséssemos multiplicar por dez a produção
do etanol, ainda assim teríamos muito terreno
subutilizado no Brasil e, portanto, não estaríamos
de forma alguma comprometendo áreas hoje
reservadas à produção de alimentos”,
explicou.
Amado também rebateu o
questionamento internacional de que o etanol poderia
causar a destruição da Amazônia,
dizendo que a região não é
própria para o plantio de cana. Nas palavras
dele, a cana-de açúcar é um
tubo, com sacarose e água, de onde se quer
que a água evapore. “Na Amazônia chove,
então dificilmente vamos poder plantar cana-de-açúcar
na Amazônia. Não fosse por qualquer
outro motivo da consciência ambiental brasileira,
por exclusão, a Amazônia já
estaria fora das considerações”, defendeu.
Além disso, o embaixador
citou o zoneamento da cana no Brasil, que, segundo
ele, pode ser lançado até início
da Conferência, e deve excluir tanto o Pantanal,
quanto a Amazônia das áreas permitidas
para o plantio destinado à produção
de açúcar e álcool. "A
Conferência Internacional irá esclarecer
os últimos pontos de dúvida e de crítica
em relação à produção
de etanol e “irá projetar a importância
do etanol para a qualidade de vida do mundo”.
Para Amado, a principal contribuição
do Brasil na Conferência, será a experiência
do país na produção de etanol
a partir da de cana-de-açúcar. “Eu
acho que a nossa experiência é um grande
cala-a-boca e uma grande inspiração
aos outros países”, afirmou o embaixador.
Ele lembrou que o Brasil investe
na produção de etanol apartir da cana
desde os anos 70, quando ocorreram os dois choques
no preço do petróleo. De acordo com
ele, ao longo desse período, o país
acumulou conhecimento e tecnologia, que devem ser
compartilhados com outros países, principalmente
os em desenvolvimento.
“Nós [Brasil], temos condições
e queremos compartir o que sabemos com países
em desenvolvimento, como teríamos gostado
que nos tivesse acontecido lá atrás,
quando nós mesmos precisamos que países
desenvolvidos compartissem conosco avanços
que eles já tinham alcançado e não
puderam nos repassar”, disse.
Amado também defendeu o
etanol brasileiro como “campeão” em termos
de produtividade, eficiência energética,
limpeza da matriz energética e inclusão
social. “Hoje [o etanol] nos permite dizer que temos
46% da nossa matriz energética limpa, em
comparação com 8% dos países
da OCDE [Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico] e isso deverá
aumentar porque estamos ainda falando de desenvolvimentos
conseqüentes de etanol de segunda geração,
de hidrelétrica e de energia nuclear”, apostou
o embaixador.
+ Mais
Governo conclui plano de zoneamento
agroecológico da cana-de-açúcar,
diz Minc
5 de Novembro de 2008 - Paula
Laboissière - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O governo finaliza hoje
(5) o plano de zoneamento agroecológico da
cana-de-açúcar. A informação
foi divulgada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, em entrevista exclusiva à Agência
Brasil e à TV Brasil.
“O plano está muito bom.
Não vai ter nenhuma nova usina de cana na
Amazônia ou no Pantanal. Há prazo para
acabar com as queimadas da cana-de-açúcar,
para não jogar mais vinhoto nos rios e aproveitar
para transformá-lo em biogás e biofertilizantes,
além de aproveitar a palha da cana para fazer
energia renovável. E mais: não haverá
invasão de área de produção
de alimentos. Nosso etanol será verde, não
vai agredir os biomas, nem vai substituir a produção
de alimentos.”
Em relação ao zoneamento
agroecológico específico da região
amazônica, Minc garantiu que os trabalhos
já foram conluídos em dois estados
e que os outros quatro já enviaram as leis
elaboradas para suas assembléia legislativas.
A previsão, segundo ele, é que até
2009 todo o zoneamento econômico e ecológico
da Amazônia estará concluído.
“Não vamos monitorar só a Amazônia,
vamos monitorar todos os biomas: o cerrado, a Mata
Atlântica e a caatinga”, destacou o ministro.