5 de Novembro
de 2008 - Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - O governo do Amazonas apresentou
hoje (5), em Manaus, o Plano Estadual de Prevenção
e Combate ao Desmatamento. Criado para promover
ações de preservação
das áreas de floresta no estado, o plano
foi divulgado durante a abertura da 1ª. Conferência
Latino-Americana de Mudanças Climáticas
e Serviços Ambientais e será encaminhado
ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Entre as ações propostas
estão a valorização dos serviços
ambientais florestais, a implementação
de projetos de energias limpas e o fortalecimento
da gestão ambiental. A intenção
é que o plano possa contar com recursos do
Fundo Amazônia, criado pelo governo federal
no mês de agosto para investir na redução
de desmatamento da Amazônia.
Nos últimos anos, a preservação
da floresta tem recebido atenção do
governo federal por ter relação direta
com as mudanças climáticas. A redução
emissões de carbono na região é
uma das alternativas apontadas por ambientalistas
para garantir o controle necessário às
mudanças climáticas.
O especialista em florestas e
clima da organização não-governamental
WWF, Anthony Anderson, ressaltou que o governo federal
tem uma grande missão no sentido de preservar
as florestas. Segundo ele, de 15 a 25% das emissões
de carbono são provenientes do desmatamento
florestal.
"O carbono na atmosfera exerce
uma função de efeito estufa. Diante
disso, a conservação de florestas
tropicais seria uma estratégia bastante interessante
para podermos reduzir as emissões para a
atmosfera. Isso ainda não foi aprovado internacionalmente,
mas são excelentes as perspectivas para incluir
essa possibilidade no novo tratado de clima, que
será divulgado após 2012", disse
Anderson à Agência Brasil.
Para reverter o quadro da degradação
florestal e os efeitos negativos das mudanças
climáticas, avaliou Anderson, são
necessárias diversas ações
integradas dos governos federal, estadual e municipal
em conjunta com a sociedade civil. Ele reconheceu
a importância de programas nacionais para
a diminuição do desmatamento nos últimos
anos, mas destacou alternativas que ainda precisam
ser emplacadas, como o comércio de créditos
de carbono.
"Uma estratégia fundamental,
nesse sentido, é valorizar a floresta em
pé. Valorizar o carbono que a floresta contém,
é uma forma de valorizar essa própria
floresta. Países como a Noruega já
estão prontos para pagar pelo serviço
de armazenamento de carbono que a floresta faz",
assinalou Anderson.
Na avaliação do
analista ambiental da Secretaria de Mudanças
Climáticas do Ministério do Meio Ambiente,
Adriano Oliveira, o crédito de carbono pode
ser uma saída para a preservação
da Amazônia e também para auxiliar
a combater a mudança do clima no planeta.
Para ele, contudo, a sociedade ainda não
compreende o que podem representar as mudanças
climáticas decorrentes do desmatamento florestal.
"O mecanismo de desenvolvimento
limpo, que gera os créditos de carbono, é
um instrumento que os países em desenvolvimento
devem utilizar para ajudar os países desenvolvidos
a atingirem suas metas de redução
acordadas no protocolo de Kioto. Cada vez mais a
sociedade tem que se envolver nos debates e fazer
a coisa certa, tomando as medidas necessárias”,
acrescentou Oliveira.
A estudante universitária
do curso de Geografia da Unifersidade Federal do
Amazonas, Juliana Alves, concorda com a opinião
do representante do Ministério do Meio Ambiente.
Para ela, a sociedade ainda não entende o
que significam as mudanças climáticas.
"Falta melhor divulgação desses
assuntos e essa questão de mudanças
climáticas, por exemplo, ainda precisam ser
melhor compreendidas", avaliou a universitária.
A 1ª. Conferência Latino-Americana
de Mudanças Climáticas e Serviços
Ambientais será realizada até sexta-feira
(7) e é promovida pela Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do
estado. De acordo com a secretária Nádia
Ferreira, a conferência vai garantir a ampliação
das discussões relacionadas ao tema e também
viabilizar a criação do Fórum
Amazonense de Mudanças Climáticas.
+ Mais
Brasil deve adotar padrões
restritivos para melhorar qualidade do ar, aponta
Consema
5 de Novembro de 2008 - Flávia
Albuquerque - Repórter da Agência Brasil
- São Paulo - O Brasil só conseguirá
melhorar a qualidade do ar nas regiões metropolitanas
quando adotar, não só padrões
restritivos, mas também metas claras para
dar andamento aos projetos de redução
da poluição. A opinião é
do membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente
(Consema) de São Paulo, Carlos Bocuhy.
Ele participou hoje (5) do Seminário
Internacional Políticas Públicas e
Padrões de Qualidade do Ar na Macrometrópole
Paulista, que põe em debate a medição
da qualidade do ar e os efeitos na qualidade de
vida da população.
Segundo Bocuhy, o Brasil está
defasado em relação aos padrões
de poluição atmosférica determinados
em outros países.
“A discussão que se coloca
no Consema a pedido dos ambientalistas é
que se estude meios para adoção de
padrões mais restritivos no Brasil atendendo
às pesquisas da Organização
Mundial da Saúde (OMS) mas também
que se defina quais as políticas públicas
necessárias para esse controle de poluição.
Ao mesmo tempo que adotamos novos padrões
temos que ter metas claras ”, alertou o conselheiro.
De acordo com ele, quando se fala
em controle de poluição é necessário
uma política intersetorial, já que
ao se falar de qualidade do ar, refere-se automaticamente
à saúde pública, o que exige
não só ações das agências
de controle ambiental como da área de saúde
para trabalhar preventivamente.
Para Bocuhy, também devem
atuar os setores de energia e de transporte. “Principalmente
das áreas ligadas às grandes cidades,
porque é onde se concentra maior população
e maior atividade, portanto se concentra maior atividade
poluente. Nessas regiões ações
integradas do poder público são necessárias
para que se tenha um ambiente mais saudável”,
afirmou.
O conselheiro explicou que na
cidade de São Paulo o principal problema
é o causado pela poeira resultante dos transportes.
Para ele, se as autoridades não adotarem
padrões e implementarem o Programa de Controle
Veicular (Proconve), além de informar à
sociedade quais os limites de poluentes que o organismo
pode suportar, não será possível
adotar metas e políticas para atingir esses
objetivos.
Ele ressaltou que é importante
ter uma avaliação prévia das
políticas públicas para promover saúde,
ou seja, quando se pretende implantar políticas
públicas para o transporte, por exemplo,
é preciso que a sociedade tenha uma avaliação
dos impactos dessa política.
“A grande questão é
planejar para a saúde de forma preventiva.
Isso com uma discussão pública transparente
para promovermos cidades saudáveis, ambientes
saudáveis, e a segurança para a saúde
da população”.
Para Bocuhy as ações
existentes no Brasil com relação à
questão da poluição atmosférica
são ineficientes. Ele citou como exemplo
a iniciativa de implementar um diesel mais limpo,
que não avançou por falta de investimentos.
“Essa ausência de metas,
de uma política de governo e de sociedade
no sentido de que se cumpri-las são necessárias.
No Brasil, nós ainda estamos fazendo essa
discussão de qualidade do ar e infelizmente
em um momento muito difícil no qual não
conseguimos atingir um modelo civilizatório
mais adequado”.