5 de Novembro
de 2008 - Paula Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - O ministro
do Meio Ambiente, Carlos Minc, divulgou hoje (5)
em entrevista exclusiva à Agência Brasil
e à TV Brasil que os estados de Rondônia,
Mato Grosso e do Pará são alguns dos
que apresentam indícios de planos estaduais
para manejo florestal “fraudulentos”.
“Quando um estado aprova os planos
de manejo, muitas vezes não têm condições
de fiscalização. O sujeito passa a
ter 'um crédito' de transportar tantos milhares
de metros cúbicos de toras e vende esse direito
a outros que esquentam, dessa maneira, a madeira
ilegal retirada do bioma protegido. Nesses estados,
no arco do desmatamento, é onde vamos intensificar
[a fiscalização]."
Ontem (4), Minc se reuniu com
o ministro da Justiça, Tarso Genro, e com
os diretores-gerais da Polícia Federal, Luiz
Fernando Corrêa, e da Polícia Rodoviária
Federal, Hélio Cardoso Derene, para definir
ações conjuntas de inteligência
e fechar o cerco ao trânsito de madeira ilegal
e ao tráfico de animais silvestres nas rodovias
brasileiras.
“Vamos fazer seis novos portais
que são entroncamentos rodoviários,
intensificar a inteligência para combater
as quadrilhas que estão invadindo e grilando
terras públicas e vamos fazer um trabalho
em relação aos planos de manejo inclusive
junto com as secretarias dos próprios estados",
detalhou Minc.
De acordo com o ministro, apenas
no Pará, a secretaria de Meio Ambiente possui
cerca de 1.200 planos de manejo para analisar –
“400 eles vêem que são totalmente fraudados
e jogam no lixo”. Mas há apenas três
ou quatro fiscais, segundo o ministro, para avaliar
os outros 800 planos.
“A gente tem que reforçar
essa fiscalização para impedir que,
por um meio aparentemente legal, se desmate os remanescentes
do ecossistema da Amazônia. Entre essa aprovação
e essa fiscalização, há uma
fraude generalizada. Uma das nossas estratégias
é o Documento de Origem Florestal (DOF),
que já está todo informatizado e é
olho verde eletrônico do Ibama [Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis]. Só que os DOFs estaduais
não estão integrados nesse mesmo computador.
Uma das nossas metas é conseguir, até
o fim de novembro, integrar todos.”
+ Mais
Governo do Amazonas apresenta
plano de prevenção ao desmatamento
5 de Novembro de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - O governo do Amazonas apresentou hoje (5),
em Manaus, o Plano Estadual de Prevenção
e Combate ao Desmatamento. Criado para promover
ações de preservação
das áreas de floresta no estado, o plano
foi divulgado durante a abertura da 1ª. Conferência
Latino-Americana de Mudanças Climáticas
e Serviços Ambientais e será encaminhado
ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Entre as ações propostas
estão a valorização dos serviços
ambientais florestais, a implementação
de projetos de energias limpas e o fortalecimento
da gestão ambiental. A intenção
é que o plano possa contar com recursos do
Fundo Amazônia, criado pelo governo federal
no mês de agosto para investir na redução
de desmatamento da Amazônia.
Nos últimos anos, a preservação
da floresta tem recebido atenção do
governo federal por ter relação direta
com as mudanças climáticas. A redução
emissões de carbono na região é
uma das alternativas apontadas por ambientalistas
para garantir o controle necessário às
mudanças climáticas.
O especialista em florestas e
clima da organização não-governamental
WWF, Anthony Anderson, ressaltou que o governo federal
tem uma grande missão no sentido de preservar
as florestas. Segundo ele, de 15 a 25% das emissões
de carbono são provenientes do desmatamento
florestal.
"O carbono na atmosfera exerce
uma função de efeito estufa. Diante
disso, a conservação de florestas
tropicais seria uma estratégia bastante interessante
para podermos reduzir as emissões para a
atmosfera. Isso ainda não foi aprovado internacionalmente,
mas são excelentes as perspectivas para incluir
essa possibilidade no novo tratado de clima, que
será divulgado após 2012", disse
Anderson à Agência Brasil.
Para reverter o quadro da degradação
florestal e os efeitos negativos das mudanças
climáticas, avaliou Anderson, são
necessárias diversas ações
integradas dos governos federal, estadual e municipal
em conjunta com a sociedade civil. Ele reconheceu
a importância de programas nacionais para
a diminuição do desmatamento nos últimos
anos, mas destacou alternativas que ainda precisam
ser emplacadas, como o comércio de créditos
de carbono.
"Uma estratégia fundamental,
nesse sentido, é valorizar a floresta em
pé. Valorizar o carbono que a floresta contém,
é uma forma de valorizar essa própria
floresta. Países como a Noruega já
estão prontos para pagar pelo serviço
de armazenamento de carbono que a floresta faz",
assinalou Anderson.
Na avaliação do
analista ambiental da Secretaria de Mudanças
Climáticas do Ministério do Meio Ambiente,
Adriano Oliveira, o crédito de carbono pode
ser uma saída para a preservação
da Amazônia e também para auxiliar
a combater a mudança do clima no planeta.
Para ele, contudo, a sociedade ainda não
compreende o que podem representar as mudanças
climáticas decorrentes do desmatamento florestal.
"O mecanismo de desenvolvimento
limpo, que gera os créditos de carbono, é
um instrumento que os países em desenvolvimento
devem utilizar para ajudar os países desenvolvidos
a atingirem suas metas de redução
acordadas no protocolo de Kioto. Cada vez mais a
sociedade tem que se envolver nos debates e fazer
a coisa certa, tomando as medidas necessárias”,
acrescentou Oliveira.
A estudante universitária
do curso de Geografia da Unifersidade Federal do
Amazonas, Juliana Alves, concorda com a opinião
do representante do Ministério do Meio Ambiente.
Para ela, a sociedade ainda não entende o
que significam as mudanças climáticas.
"Falta melhor divulgação desses
assuntos e essa questão de mudanças
climáticas, por exemplo, ainda precisam ser
melhor compreendidas", avaliou a universitária.
A 1ª. Conferência Latino-Americana
de Mudanças Climáticas e Serviços
Ambientais será realizada até sexta-feira
(7) e é promovida pela Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do
estado. De acordo com a secretária Nádia
Ferreira, a conferência vai garantir a ampliação
das discussões relacionadas ao tema e também
viabilizar a criação do Fórum
Amazonense de Mudanças Climáticas.