03 de
Novembro de 2008 - Para combater o aquecimento global,
devem ser estabelecidas metas claras de corte de
emissões de CO2 - São Paulo (SP),
Brasil — Economista inglês participa de debate
na Fiesp para discutir os custos do aquecimento
global e as alternativas existentes.
O desenvolviento de uma economia
baseada em baixas emissões de carbono é
perfeitamente possível e até mais
econômico para o planeta do que o atual modelo
baseado em combustíveis fósseis. Para
defender esse ponto de vista, está no Brasil
o economista inglês Nicholas Stern, que discutirá
o assunto nesta terça-feira, em São
Paulo, com empresários e especialistas brasileiros.
Stern, ex-vice-presidente e economista-chefe
do Banco Mundial, ex-secretário executivo
do Tesouro Britânico e atual conselheiro do
governo britânico, é autor do relatório
que em 2006 calculou os impactos econômicos
do aquecimento global para a economia do mundo.
Segundo o Relatório Stern, os impactos devem
consumir 20% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial
até o ano de 2100.
Em abril de 2008, Stern publicou
um novo documento, denominado “Elementos-Chave para
um Acordo Global sobre Mudanças Climáticas”,
com propostas para um acordo sobre o tema que será
discutido durante a Conferência das Partes
da ONU, que será realizada em Copenhague,
em 2009.
“O fim do desmatamento é
a maneira mais barata e rápida de salvar
o clima”, afirma Paulo Adario, diretor da campanha
da Amazônia do Greenpeace que estará
presente ao debate.
"75% das emissões
brasileiras são provenientes do desmatamento
e uso da terra. A queima das florestas brasileiras
polui oito vezes mais que todos os meios de transporte
do país. No mundo, 20% do gás carbônico
liberado vêm da destruição das
florestas."
Participarão ainda do debate
que acontece das 9 às 12 horas desta terça-feira
no Auditório da Fiesp (avenida Paulista,
1313, São Paulo), Suzana Khan (secretária
de Mudanças Climáticas do Ministério
do Meio Ambiente), Sérgio Abranches (diretor
do site O Eco), José Augusto Fernandes (secretário
executivo da Confederação Nacional
da Indústria - CNI) e Paulo Skaf (presidente
da Fiesp).
+ Mais
Mais um evento nuclear para distrair
a atenção do que realmente interessa
03 de Novembro de 2008 - Bratislava/Bruxelas,
Bélgica — Terceiro fórum europeu da
indústria nuclear tenta empurrar usinas caras
e problemáticas como solução
climática - e não são!
A energia nuclear não pode
suprir as necessidades energéticas da Europa,
mas seus defensores têm feito tudo o que podem
para pressionar países a adotarem a tecnologia,
mesmo com altos custos e representando uma enorme
ameaça para o meio ambiente. A pressão
continua esta semana, durante o terceiro fórum
de energia nuclear patrocinado pela União
Européia que acontece em Bratislava nesta
segunda-feira.
Para o diretor do Greenpeace Europa,
Jorgo Riss, "é tempo para confrontar
a verdade sobre a energia nuclear. Sua contribuição
para o futuro das necessidades energéticas
da Europa e para combater as perigosas mudanças
climáticas é muito pequena, envolve
muitos custos - e perigos ainda maiores -, e viria
muito tarde. O debate nuclear é uma distração
do que deve ser feito hoje no interesse da proteção
climática e independência energética
européia."
A Agência Internacional
de Energia e a Agência de Energia Nuclear
estimam que mesmo uma quadruplicação
da energia nuclear na Europa até 2050 resultaria
em uma mera redução de 4% nas emissões
de gases do efeito estufa, do total de 50% a 80%
que é necessário globalmente para
se evitar os piores efeitos das mudanças
climáticas. Essa expansão exigiria
investimentos da ordem de 6 trilhões de euros,
para a construção de 32 novas usinas
nucleares por ano, de hoje até 2050.
A energia nuclear não é
só incapaz de contribuir para a solução
mas também introduz problemas insolúveis
como lixo radioativo e proliferação
nuclear.
"Não se pode simplesmente
jogar o lixo nuclear para debaixo do tapete por
décadas e então ser surpreendido caso
países instáveis queiram enriquecer
urânio em seu quintal. A opção
mais eficiente e realista para enfrentar a questão
de segurança energética e as mudanças
climáticas é um sistema baseado em
energias renováveis e eficiência energética",
afirma Jan Haverkamp, da campanha de energia suja
do Greenpeace Europa.
O cenário [R]evolução
Energética divulgado semana passada pelo
Greenpeace, em conjunto com o Conselho Europeu de
Energia Renovável mostra que as emissões
de carbono podem ser cotadas em até 50% até
2050, com as usinas nucleares existentes hoje sendo
desligadas até lá. O fim da geração
de energia por usinas nucleares e o desenvolvimento
de tecnologias de energias renováveis e programas
de eficiência energética daria uma
economia de mais de 590 bilhões de euros
por ano em custos de combustível para a economia
global.
+ Mais
Denúncia do Greenpeace
atrasa transporte de concentrado de urânio
na Bahia
03 de Novembro de 2008 - Armazenada
em precários contêineres, carga de
175 toneladas de concentrado de urânio tem
como destino o Canadá, onde será enriquecido.
Salvador (BA), Brasil — Carga radioativa só
sairá de Caetité após realização
de audiência pública convocada pelo
Ministério Público Federal para discutir
evidência de contaminação da
água da cidade.
Um carregamento de cerca de 200
toneladas de concentrado de urânio, ou yellow
cake, está retido em Caetité (BA)
por motivos de segurança, segundo a Polícia
Rodoviária Federal. A carga pertence à
estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB),
que opera a mina e a usina de beneficiamento de
urânio no município baiano. Fontes
locais ouvidas disseram ao Greenpeace que a carga
devia ter saído na semana passada, mas foi
retida na área do empreendimento na última
sexta-feira (31/10).
As informações disponíveis
indicam que o transporte do material radioativo
deverá ser realizado somente após
a audiência pública convocada pelo
Ministério Público Federal para o
dia 7 de novembro, em Caetité (BA). A audiência
deverá tratar da denúncia de contaminação
da água da cidade feita pelo Greenpeace,
e também da falta de segurança dos
trabalhadores, segundo informações
reveladas por reportagens da TV Record.
No dia 16 de outubro, o Greenpeace
lançou o relatório Ciclo do Perigo:
Impactos da Fabricação de Combustível
Nuclear no Brasil, denunciando a contaminação
da água por urânio em um raio de 20
quilômetros no entorno da operação
da INB. A água utilizada pelas comunidades
locais para beber e cozinhar apresentou índices
de urânio até sete vezes acima dos
tolerados pela Organização Mundial
de Saúde (OMS). Após a denúncia,
o MPF agendou a audiência pública e
o Instituto de Gestão das Águas (INGA)
fez a coleta de amostras para análises complementares
em laboratório. Os resultados das análises
serão divulgados na primeira quinzena de
novembro.
Todos os anos, cerca de 300 toneladas
de yellow cake produzidas em Caetité percorrem
mais de 700 km de estradas federais e estaduais,
atravessando cerca de 40 municípios e povoados
até chegar a Salvador. Para expor os riscos
dessa etapa do ciclo do combustível nuclear,
o Greenpeace demarcou no dia 23 de outubro o trajeto
percorrido pelo comboio de caminhões até
o portão principal do porto de Salvador.
Uma linha contínua e cerca de 30 símbolos
radioativos continuam pintados em amarelo no asfalto
por cinco quilômetros da avenida Bonocô
da capital baiana.
"O adiamento do transporte
de yellow cake mostra que o governo e a própria
empresa estão mobilizados em torno das denúncias
de contaminação radioativa e dos riscos
do ciclo nuclear brasileiro", disse Rebeca
Lerer, coordenadora da campanha de energia do Greenpeace.
"O Greenpeace está
acompanhando a situação de perto e
colaborando com os processos do INGA e do MPF com
dados e suporte técnico sempre que solicitado.
Vamos participar da audiência pública
em Caetité com o objetivo de esclarecer os
verdadeiros impactos ambientais da produção
de material nuclear na região."