07/11/2008
- Os moradores do Projeto de Assentamento (PA) Ilha
Grande do Paulino, localizado no município
de Tutóia, participaram de uma experiência
pioneira no estado do Maranhão: a construção
de uma casa utilizando as técnicas de Bioconstrução.
No período de 8 a 21 de
agosto deste ano, estes assentados participaram
de um curso de capacitação em Bioconstrução
para aprender técnicas de baixo impacto ambiental:
adequadas ao clima e valorizando soluções
encontradas pelas próprias comunidades, com
materiais originários da própria região,
eficiência energética e tratamento
adequado dos resíduos.
Durante o curso, os alunos puderam
colocar em prática as técnicas apresentadas
por meio da construção de uma casa
modelo em regime de mutirão. A obra foi concluída
no final do mês de outubro.
A construção modelo
pertence à família de Fernando e Rozilene
Machado, que morava numa área de 28 metros
quadrados. A nova casa tem 106,53 metros quadrados
de área construída (interna e externa)
e é dividida em uma sala, dois quartos, uma
cozinha, uma despensa, um banheiro interno apenas
para banho e duas varandas. Na área externa
será construído um banheiro seco.
“Hoje, estou bastante contente.
Ver que nossa casa foi erguida com a ajuda dos outros
moradores me deixa muito feliz. A nova casa será
mais segura, maior e mais arejada que a antiga”,
comentou Rozilene.
Para a construção
desta casa modelo, o superintendente regional do
Incra, Benedito Terceiro, solicitou a liberação
excepcional do recurso para apenas uma família.
“A decisão sobre a utilização
da técnica de bioconstrução
nas demais casas será feita após a
avaliação dos resultados obtidos juntamente
com a comunidade”, garantiu.
De acordo com o superintendente,
a experiência de construção
em regime de mutirão é muito importante
para a comunidade. “Quando as famílias receberem
o recurso do Incra/MA, que é de R$ 7 mil
para cada uma, elas terão mais essa opção
para a construção de suas casas”,
esclareceu.
A iniciativa do projeto resultou
da discussão e parceria entre o Ministério
do Meio Ambiente (MMA) sob coordenação
do Programa Nacional de Ecoturismo (Proecotur),
o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICM-Bio) por meio da Unidade
de Conservação APA do Delta do Parnaíba,
e o Incra.
De acordo com a técnica
do Proecotur, Liliana Salvo, a Ilha Grande do Paulino
faz parte de uma região de importante potencial
ecoturístico. “Como o Incra/MA regularizou
a situação dos pescadores e agricultores
que vivem no local por meio da criação
do assentamento, pensamos em estabelecer a parceria
para que os moradores utilizassem uma técnica
de construção das casas que agredisse
o mínimo possível o meio ambiente”,
explicou Liliana.
Técnicas utilizadas na
bioconstrução
Superadobe - Utiliza sacos de
ráfia com terra comprimida para fazer paredes
e coberturas. A técnica foi criada pelo arquiteto
iraniano Nader Khalilli. Os materiais necessários
para esta técnicas são: sacos de ráfia,
arame farpado e terra local. (Esta técnica
foi utilizada para construção das
paredes externas da casa)
Adobe - O tijolo de adobe é
uma material de construção muito antigo.
Consiste em um tijolo de barro e palha mesclados
que é moldado e secado naturalmente. É
uma técnica muito amiga do meio ambiente,
pois não utiliza nada de cimento e não
gasta combustível na secagem, por não
ser queimado.(Esta técnica foi utilizada
para construção das paredes internas
da casa)
Ferrocimento - Argamassa de cimento
e areia armadas em uma trama de vergalhões
finos cobertos por tela de galinheiro de fios galvanizados.
Os materiais necessários são malha
de vergalhões, malha de tela de galinheiro
hexagonal, fio de arame recozido, cimento, areia
e água. (Utilizada pra construção
da cisterna da casa).
Também foi utilizada
madeira certificada para armação do
telhado e troncos de carnaúba para a sustentação
dos telhados das varandas.