7 de Novembro
de 2008 - 20h10 - Da Agência Brasil - Brasília
- O Ministério Público Federal (MPF)
está realizando uma audiência pública
no município Caetité (BA) para discutir
a extração de urânio pelas Indústrias
Nucleares do Brasil (INB). O principal objetivo
é ouvir a comunidade local sobre a denúncia
de contaminação por urânio da
água de alguns poços artesianos da
cidade, localizada a cerca de 700 quilômetros
de Salvador.
A denúncia surgiu com o
relatório do Greenpeace divulgado no dia
16 de outubro. De acordo com a organização
não-governamental que atua na área
de meio ambiente. Das amostras coletadas, duas apresentaram
contaminação. “Encontramos uma contaminação
cinco vezes acima dos índices do Conama [Conselho
Nacional do Meio Ambiente]” afirmou Rebeca Lerer,
coordenadora da campanha de energia do Greenpeace,
em entrevista à Agência Brasil.
O Instituto de Gestão das
Águas e Clima (Ingá), coletou amostras
de água em sete pontos de Caetité,
no último dia 22 de outubro. De acordo com
Wanderley Matos, diretor de monitoramento do órgão,
dos poços analisados, um apresentou contaminação
por urânio acima dos limites mínimos
permitidos pela Resolução do Conama
357/05.
Embora a metodologia utilizada
pelo Ingá tenha sido a mesma do Greenpeace,
o Instituto encontrou contaminação
em um poço diferente do apontado pela organização
não-governamental que atua na área
de meio ambiente.
“O poço que o Ingá
lacrou está há cerca de 30 metros
de um poço que nós analisamos e encontramos
contaminação, isso indica que a região
apresenta um quadro de contaminação”
afirmou Lerer “A análise da presença
de urânio na água é uma análise
daquele momento, é normal apresentar resultados
diferentes” completou.
O poço que apresentou contaminação
por urânio era usado por cinco famílias
do distrito de Juazeiro, no município de
Caetité. Como precaução o Governo
do Estado suspendeu o consumo de água desse
poço e providenciou o fornecimento de água
para as famílias através de carros-pipa.
Segundo o Ingá, ainda não foi possível
avaliar o causador da contaminação
em Caetité.
As Indústrias Nucleares
do Brasil (INB) negam a contaminação
das águas da região. O gerente regional
da INB, Hilton Mantovani Lima, afirmou que a organização
faz análises desde 11000 e que o Ingá
usou normas de classificação de água
como se fossem normas de consumo, “Para consumo
humano se deve usar a norma 518 do Ministério
da Saúde, a norma citada pelo Ingá
é de classificação de águas”
argumentou.
Segundo a representante do Greenpeace,
o Conama foi usado por ser o órgão
nacional responsável pelas normas e critérios
relativos ao controle e à manutenção
da qualidade do meio ambiente e, além desse
código, foram usados parâmetros da
Organização Mundial de Saúde
(OMS).
O Ingá informou que está
fazendo novas análises e que um relatório
conclusivo e detalhado dos laboratórios do
Centro de Tecnologia Industrial Pedro Ribeiro Mariani
do Serviço Nacional da Indústria (Senai/Cetind)
sobre a análise da água de Caetité
será concluído ainda hoje. “Estamos
fazendo novas análises que serão comparadas,
mas isso não desclassifica nossa análise
anterior”, afirmou diretor de monitoramento do órgão.
+ Mais
MPF vai investigar excesso de
urânio em poços artesianos de município
baiano
11 de Novembro de 2008 - Da Agência
Brasil - Brasília - O Ministério Público
Federal vai investigar a denúncia de contaminação
dos poços artesianos que abastecem a população
de Caetité (BA) feita pela organização
não-governamental Greenpeace. A entidade
coletou algumas amostras de água que indicaram
nível de urânio acima do permitido
pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
O relatório com os dados foi divulgado pela
organização no dia 16 de outubro.
“O Ministério Público
vai investigar agora se esse nível de urânio
acima do permitido é em razão da atividade
das Indústrias Nucleares do Brasil (INB)
ou se é característico da própria
região, que é naturalmente radioativa”,
explicou a procuradora do Ministério Público
Federal na Bahia, Flávia Galvão Arruti,
em entrevista hoje (11) ao programa Revista Brasil,
da Rádio Nacional.
O Ministério Púbico
Federal realizou uma audiência pública
em Caetité, cidade a 700 quilômetros
de Salvador, na última sexta-feira (7) para
ouvir a comunidade local sobre a questão.
“O Ministério Público
anunciou diversas medidas que iria adotar, entre
elas a realização de uma auditoria
independente, com peritos que serão designados
pelo Ministério Público Federal, com
a participação da população,
da INB e da Comissão de Energia Nuclear”
afirmou Flávia. A finalidade é verificar
se a INB tem ou não responsabilidade na contaminação.
Para a procuradora, o Greenpeace
fez um excelente trabalho. “[O movimento] foi o
catalizador dessas informações. Apesar
de já existir um procedimento administrativo
no Ministério Público investigando
a INB, é a primeira vez que chega uma denúncia
sobre elevado índice de urânio em Caetité.”