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ENTIDADE QUILOMBOLA DENUNCIA DESCUMPRIMENTO DE CONVENÇÃO INTERNACIONAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2008

10 de Novembro de 2008 - Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Representantes de comunidades quilombolas denunciaram hoje (10), em Brasília, o descumprimento de artigos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O alerta ocorreu durante o seminário Oportunidades e Desafios para Implementação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes.

Aprovada em 1989, a convenção é o instrumento internacional que trata dos direitos dos povos indígenas e tribais no mundo em relação a diversas matérias, como o direito de autonomia e controle de suas próprias instituições, formas de vida e desenvolvimento econômico, propriedade da terra e de recursos naturais, tratamento penal e assédio sexual.

A representante da Federação Quilombola de Minas Gerais, Sandra Maria da Silva, apontou como uma das situações de descumprimento da legislação internacional a Instrução Normativa (IN) 49 do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que trata da regularização fundiária de terras quilombolas no país.

Segundo Sandra, o texto da IN foi redigido e aprovado apesar de alguns pontos não terem ficado acordados durante a consulta popular realizada em abril deste ano para ouvir às comunidades quilombolas sobre o assunto. A Convenção 169 prevê não apenas que elas sejam consultadas mas que essa oitiva seja levada em consideração. A representante quer que o Ministério Público Federal da 6ª Câmara entre com um pedido de inconstitucionalidade em relação à IN.

De acordo com ela, uma das questões controversas é a substituição do termo “território” por “terra”. “Para nós, terra compreende apenas o local onde a gente mora e não é só isso. Temos a nossa cultura, as nossas necessidades, a nossa plantação, os nossos cultos. Precisamos do território e não só da terra” argumentou.

Além disso, ela também apontou o maior grau de exigência para o reconhecimento das comunidades quilombolas que passou a existir com a nova instrução. Segundo Sandra, antes bastava que as lideranças redigissem um documento assinado por eles mesmos e pedissem o reconhecimento. Mas a atual IN 40 exige que todos os membros da comunidade assine e registre em cartório os documentos exigidos.

“Eu sou quilombola mas, agora, a minha palavra só não basta. Tem que ter mais estudos e isso, para nós, foi um retrocesso porque o que você é quem sabe é você. Não são os outros que têm que dizer. Só para registrar, a gente gasta mais de R$ 100 ou R$ 150. Dificultou muito”, reclamou.

Ao comentar a situação específica dos povos indígenas no Brasil, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, afirmou que as comunidades possuem um conhecimento “razoável” do que a Convenção 169 prevê. “Eles sabem que existe, que é um instrumento jurídico importante porque é lei no Brasil”, disse Meira durante o encontro.

Na opinião dele, o país conta com uma Constituição “generosa e avançada” em relação à proteção dos direitos dos povos indígenas e a Convenção da OIT apenas complementa alguns princípios. “Quando trabalhamos a informação com os povos indígenas, do que são direitos e garantias constitucionais, nós levamos também a Convenção 169”, afirmou.

Mas para Kanawayuri Marcello, representante da comunidade Kamaiurá, localizada no Parque Nacional do Xingu, a avaliação é outra. Ele afirma que poucos têm conhecimento do texto elaborado pela OIT e que a maioria dos direitos indígenas não estão sendo aplicados ou respeitados.

“Eu, particularmente, comecei a buscar as informações sobre os nossos direitos a partir do momento em que enfrentamos problemas com as construções da barragem em torno da nossa terra. Em nenhum momento a gente passou por consulta popular. Não participamos, não fomos informados de que as estrada e a barragem estavam sendo construídas e nem nos foram apresentados os projetos básicos antes das instalações” disse o representante indígena.

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Conferência nacional vai discutir modelo da educação indígena

8 de Novembro de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O Brasil tem quase 200 mil estudantes indígenas na educação básica, que freqüentam 2,5 mil escolas em todo o país, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). No entanto, o modelo de ensino aplicado nas aldeias não atende às especificidades dos conhecimentos tradicionais e esbarra na falta de estrutura das escolas e na divisão de competência entre as três esferas de governo.

Para tratar essas questões, o MEC organiza para setembro de 2009 uma conferência nacional. Além de integrantes dos 225 povos do país, que têm vagas garantidas, o ministério quer reunir representantes de governos e de organizações da sociedade, cerca de 600 pessoas. Os encontros preparatórios começam em dezembro deste ano, com pais, alunos, professores e liderança indígenas, nas próprias escolas.

De acordo com o coordenador de Educação Indígena da Secretaria de Educação e Diversidade (Secad) do MEC, Gersem Baniwa, a conferência abordará principalmente a construção de um modelo educacional que contemple as tradições e o calendário indígena. “Não se trata de criar leis ou modelos administrativos, mas atender aos princípios de interculturalidadde que já estão previstos em lei.”

Para Baniwa, as escolas indígenas devem seguir um projeto pedagógico próprio, que integre a vida das comunidades, valores e conhecimentos tradicionais aos conhecimentos científicos. “A educação indígena não pode ser organizada por séries, disciplinas, carga horária e ano letivo. Esse modelo não diz respeito à realidade indígena”, afirmou ao lembrar os feriados nacionais em contraposição ao calendários de festas, rituais e pescarias.

O projeto pedagógico de uma escola indígena, destacou o coordenador, também deve privilegiar professores com conhecimentos específicos das etnias, como a língua, e que estejam preparados para lidar com toda a diversidade das comunidades, especificamente na educação. “Isso é uma coisa, séria e urgente. Os concursos públicos não atendem essa demanda”, acrescentou.

Os encontros preparatórios para a 1º Conferência Nacional de Educação Indígena começam em dezembro, com a mobilização das escolas. Depois haverá 18 encontros regionais, com representantes de governos e da sociedade, em geral. O primeiro reunirá cerca de 25 povos da região do Rio Negro, na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM).

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Índios do Ceará têm acesso à tecnologia digital com o Projeto Teclando na Aldeia

7 de Novembro de 2008 - Sabrina Craide - Enviada Especial - Belém - Levar a inclusão digital para a aldeia indígena Mundo Novo, do município de Monsenhor Tabosa, no Ceará, é o objetivo do projeto Teclando na Aldeia, apresentado hoje (7) durante a 7ª Oficina para Inclusão Digital, em Belém.

Segundo a representante do projeto, Isabel Leite, a idéia é familiarizar os indígenas com o uso das tecnologias existentes na escola local, como vídeo, televisão, computadores, câmera digital e DVD. O projeto também busca resgatar um pouco da história do povo Potyguara, utilizando a tecnologia para elaborar livros e vídeos com histórias da comunidade.

O projeto Teclando na Aldeia concorre para representar o Brasil no intercâmbio de experiências de Inclusão Digital entre a África do Sul e a Índia (Ibas), que será realizado ano que vem.

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Falta de infra-estrutura é problema em mais da metade das escolas indígenas

8 de Novembro de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - Menos da metade das 2,5 mil escolas indígenas do país tem infra-estrutura adequada, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Além de prédios próprios – muitas funcionam na casa de professores e galpões – faltam banheiros, bibliotecas e, principalmente, luz elétrica. O problema é mais comum na Região Norte, especialmente na Amazônia.

Há tempos, a melhoria nas escolas é uma das principais reivindicações do movimento indígena e, por isso, deve ser um dos temas da 1º Conferência Nacional de Educação Indígena, a ser realizada em setembro de 2009. Os encontros preparatórios começam em dezembro deste ano, nas escolas indígenas e em reuniões regionais em todo país.

A falta de infra-estrutura nas escolas indígenas tem refletexo na qualidade de ensino. Salas abafadas e improvisadas atrapalham o aprendizado e a ausência de saneamento básico facilita a propagação de doenças como diarréia. A falta de luz elétrica também prejudica o aprendizado e deixa mais isoladas muitas aldeias.

“O sonho de todos povos é ter energia elétrica. Muitas escolas ganham kits de computador, às vezes, querem acessar a tecnologia como TV, DVD, para buscar mais conhecimento, mas acabam limitadas por conta da energia”, disse o coordenador de Educação Indígena da Secretaria de Educação e Diversidade (Secad) do MEC, Gersem Baniwa.

Nas escolas, há ainda problemas com a merenda que, em muitos casos, é a base da alimentação em povos com casos de subnutrição. Embora o governo federal pague o dobro do valor normal pelas refeições indígenas, os governos municipais e estaduais não têm considerado os hábitos alimentares de cada aldeia. Além disso, devido às distâncias, há casos em que os produtos chegam aos alunos fora do prazo de validade.

“Em localidades como a Amazônia, as distâncias são enormes e a merenda não chega. Muitas vezes, não é por má vontade do gestor, é porque o transporte é muito difícil e caro”, informou o coordenador do MEC. “Em alguns lugares, a distribuição custa três vezes o valor da comida e a distribuição, que deveria ser feita de dois em dois meses, é anual”, acrescentou.

Durante a Conferência Nacional de Educação Indígena, os índios também devem tratar da educação fora das aldeias. Eles devem discutir a implementação da Lei 11.645, publicada neste ano, que obriga o ensino da história e cultura indígena em todas as escolas públicas e privadas do país.

“Os participantes devem falar sobre como querem ser retratados no material didático dos não-índios, principalmente do ponto de vista histórico”, disse Baniwa.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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