Panorama
 
 
 

ÍNDIOS DA AMAZÔNIA QUEREM SAÚDE FORA DA FUNASA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2008

21/11/2008 - Lideranças indígenas de vários estados da Amazônia brasileira estiveram com o ministro da Saúde na última quarta-feira, 19/11, para reivindicar a criação de uma secretaria específica ligada ao Ministério da Saúde em substituição à Funasa, garantias de não interrompimento do serviço e participação no processo de transição. Representavam os índios do Amazonas, Roraima, Tocantins, Acre, Maranhão, Rondônia e Mato Grosso.

O caos que se instalou no atendimento prestado ao índios do Vale do Javari, Yanomami, em Roraima e Mato Grosso do Sul, associado ao permanente problema de atraso no repasse de verbas e aos escândalos de corrupção tornou impossível a continuação da prestação do serviço pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Assim, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, propôs por meio de um projeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional a criação de uma Secretaria de Atenção Primária e Promoção de Saúde, onde ficaria um departamento responsável pela saúde indígena. Lideranças indígenas, no entanto, reivindicam a criação de uma secretaria específica e a autonomia administrativa e financeira dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas - Dseis - conforme previsto pela Lei Arouca (Lei nº 9836, de 23 de setembro de 1999), que apesar de vigente não é plenamente aplicada.

O coordenador da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Domingos Barreto, informou que o Conselho Distrital de Saúde Indígena do Alto Rio Negro (Condisi) elaborou uma carta aberta, em reunião realizada no início deste mês de novembro, na qual apóia a saída da saúde indígena da Funasa e solicita entre outros itens:

1- que a saúde indígena continue regida pelo conjunto de normas que conformam o subsistema de saúde indígena;

2- que seja criada a unidade gestora dos Dseis e fortalecidos os seus mecanismos de gestão;

3- que o Ministério de Saúde garanta a não redução do orçamento para a saúde indígena;

4- elaboração de um plano de trabalho próprio para a saúde indígena;

5- realização de concurso público e plano de carreira específicos para a saúde;

6- realização de cursos profissionalizantes para os agentes indígenas de saúde;

7- a participação de lideranças indígenas e presidentes dos conselhos distritais de saúde indígena e ampliação da participação de profissionais com vasta experiência na área de gestão em saúde indígena no GT de reestruturação do subsistema de saúde;

8- a garantia de continuidade dos serviços nas aldeias durante o processo de transição da Funasa para o outro órgão.

Barreto considerou a reunião com o ministro positiva, pois ele garantiu que não haverá problema de descontinuidade no atendimento e que na reunião do CISI que acontece na próxima semana, estará na pauta a ampliação da participação indígena no GT de operacionalização da mudança.

Em consonância com as reivindicações dos índios em relação à Funasa, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia - Coiab - colocou em seu site neste mês de novembro um manifesto sobre a questão da saúde e outras ameaças aos direitos indígenas. Leia aqui o texto na íntegra.

Os índios do Parque Indígena do Xingu, que estão na sede da Funasa em Canarana, MT, desde o dia 17 de novembro, também divulgaram carta na noite de quarta-feira, 19/11, e devem participar de audiência com o ministro Temporão na próxima segunda-feira, 24/11.

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Sociedade civil manda carta ao governo com prioridades sobre regularização fundiária na Amazônia

21/11/2008 - ONGs e movimentos sociais com atuação na região amazônica divulgam carta com princípios que devem guiar o processo administrativo de regularização fundiária em terras públicas. Documento enviado hoje (21/11) à Presidência da República e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), marca posição diante das recentes propostas do governo de acelerar o processo por meio da criação de um novo órgão e da flexibilização das regras atuais.

A carta enviada hoje, 21 de novembro de 2008, ao governo federal com princípios norteadores para o processo administrativo de regularização fundiária na Amazônia, foi assinada por nove organizações da sociedade civil. Leia abaixo.

Regularização fundiária na Amazônia: princípios para evitar a repetição do caos

A Amazônia é uma terra de paradoxos. Ao mesmo tempo em que é a região com a menor densidade demográfica do país é onde há os mais graves e intensos conflitos pela posse da terra. As disputas decorrem da falta de definição dos direitos de propriedade em áreas ocupadas e da corrida para ocupar áreas públicas ricas em recursos naturais. Esses conflitos e incertezas geram insegurança, afrontam os direitos humanos, incentivam desmatamento desnecessário para demonstração do controle de terras e desincentivam investimentos em uma economia rural sustentável. A causa desses conflitos todos conhecem também: o caos fundiário que subsiste há séculos. A receita para superar essa situação, que consta inclusive de programas governamentais, como o Plano Amazônia Sustentável e o Programa Territórios da Cidadania, é regularizar a situação fundiária, regularizando as terras públicas devolutas, anulando títulos de propriedade falsos, legitimando posses legítimas sobre terras públicas, cadastrando os imóveis existentes, criando infra-estrutura para viabilizar as cadeias produtivas, dentre outros.

Recentemente o Governo Federal tem prometido “acelerar” a regularização fundiária na Amazônia. Em 2008, editou e transformou em lei a Medida Provisória 422, que permite a regularização, sem necessidade de concorrência pública, de posses de até 15 módulos fiscais, que em algumas regiões significa até 1.500 hectares. O ministro Mangabeira Unger anunciou a intenção de criar uma nova instituição especialmente para tratar da regularização fundiária na Amazônia, a qual, com a simplificação das leis hoje existentes, poderia em muito menos tempo fazer o trabalho hoje realizado pelo INCRA. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, por sua vez, também apresentou uma proposta de como acelerar a regularização de terras públicas na Amazônia, simplificando procedimentos e diminuindo o tempo e os custos do processo administrativo. A doação de terras para pequenos posseiros tem sido discutida pelo governo federal.

A regularização fundiária é de fato essencial para um desenvolvimento pacífico e sustentável da Amazônia. Entretanto, dado o histórico de caos e ilegalidade das ocupações até o momento, a aceleração, sem maiores critérios, da regularização das áreas já ocupadas poderá estimular novas ocupações de terras públicas, na medida em que cria nos particulares a esperança de que novas exceções poderão ser criadas no futuro (por exemplo, dispensa de licitação para regularização).

Entendemos que, embora a regularização fundiária seja importante, ela não é um objetivo em si. Ela deve ser uma ferramenta a serviço de uma estratégia de ordenamento fundiário para a região, a qual deve levar em consideração sua história, suas vocações, necessidades e limitações. Não conseguimos, no entanto, enxergar qual a estratégia que vem norteando as propostas apresentadas pelo Governo Federal. Todas falam em simplificar leis para diminuir prazos e aumentar o número de hectares “regularizados” a cada ano, mas nenhuma fala sobre o que fazer com as terras assim “regularizadas”. Para evitar a repetição do caos em novas fronteiras, a regularização deverá seguir os princípios abaixo elencados:

Incorporar ao patrimônio da União e dar destinação às terras públicas devolutas, com um prazo definido;
Reconhecer e assegurar prioritariamente os direitos territoriais coletivos de populações indígenas, quilombolas e extrativistas em geral, evitando outorgar títulos individuais em áreas onde vivam essas populações e exista demanda pelo reconhecimento do uso coletivo;
Ser executada em total consonância com a Política Nacional de Áreas Protegidas e em articulação com os órgãos federais e estaduais responsáveis pela identificação e criação de unidades de conservação, dando prioridade a essa destinação;
Ser orientada por planos de ordenamento territorial, como o são os Zoneamentos Ecológicos Econômicos (ZEEs) estaduais. Assim, seria evitada a ocupação privada de áreas de interesse para conservação ou outras finalidades públicas;
Eliminar subsídios, cobrando de todos a aquisição de terras públicas. O pagamento pela terra incentivaria o investimento para aumentar a produtividade do uso do solo nas áreas já desmatadas. A doação de terras, ao contrário, continuaria estimulando o desmatamento para expandir a produção em terras baratas;
Respeitar os princípios e objetivos da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei Federal 11.284/06), evitando a destinação de terras para uso agropecuário onde seja identificada a vocação para atividades florestais;
Contribuir para diminuir o desmatamento e aumentar a capacidade de controle e monitoramento das florestas situadas em imóveis particulares, facilitando a sua regularização ambiental;
Evitar a concentração de terras e o estímulo para novas ocupações de terras públicas, punindo os grileiros e as ocupações de má-fé;
Assinam:

Amigos da Terra Amazônia
Conservação Internacional
Conselho Nacional de Seringueiros – CNS
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE
Grupo de Trabalho Amazônico - GTA
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON
Instituto Socioambiental – ISA
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
WWF Brasil

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Quilombo de Pedro Cubas faz mutirão comunitário para plantio de mata ciliar

19/11/2008 - A atividade aconteceu na comunidade de Pedro Cubas, no Vale do Ribeira (SP), e é parte do Projeto Rio Pedro Cubas. Representantes da Iniciativa Verde, do Itesp, do Instituto Vidágua, da Unesp, do ISA, e comunidade quilombola de Nhunguara, parceiros no projeto, participaram do plantio, que vem reforçar a Campanha Cílios do Ribeira, pela recuperação das matas ciliares do Vale do Ribeira.

Em forma de mutirão, cerca de 80 crianças e adultos do quilombo de Pedro Cubas, no município de Eldorado, no Vale do Ribeira (SP), plantaram, no último dia 8 de novembro, aproximadamente 200 mudas de espécies nativas para recuperar áreas degradadas por terceiros no Rio Pedro Cubas, doadas pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp).

Representantes da comunidade prepararam as covas para o plantio com composto orgânico, que está seguindo as determinações de escolha de espécies feita pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e conta com a assessoria da Unesp para a seleção das mais adequadas ao local.

O engenheiro florestal Marcos Diniz, do Instituto Vidágua, também técnico da Campanha Cílios do Ribeira, abriu a atividade com uma palestra voltada para a educação ambiental das crianças enfatizando a importância de recuperar a mata ciliar e os cuidados que se deve ter com a muda no processo de plantio.

O coordenador da Associação de Pedro Cubas, Sr. Antonio Jorge, deu as boas vindas a todos e contou às crianças que no passado ele havia contribuído para destruir a natureza local além de coletar palmito, mas hoje, ele se orgulha de pensar de outra forma o desenvolvimento da comunidade e estava muito feliz por ver a participação dos jovens, que representam o futuro do quilombo.

A coordenadora de projetos do Programa Vale do Ribeira, do ISA, Raquel Pasinato, também ressaltou o passo importante que o projeto está dando, envolvendo as crianças quilombolas por meio da recuperação da mata ciliar e preparando-as para que cuidem de seus territórios, promovendo condições de vida com qualidade e água boa para beber e terra para plantar.

Alternativas diferenciadas para reverter a degradação

Lançado em abril deste ano no quilombo de Pedro Cubas o projeto é parte do Programa de Revitalização Ambiental – Todos Juntos pelo Vale do Ribeira. O objetivo é o plantio de árvores para restauro de floresta nativa com função ecológica local e global; a conservação das florestas existentes e a implementação de sistemas agroflorestais com palmito juçara e outras espécies.

Além dos benefícios que trará à região, o programa tem como objetivo conscientizar clientes e lojas de automóveis parceiras da empresa Aymoré Financiamentos sobre a importância de investir em alternativas diferenciadas para reverter a degradação ambiental.

Toda vez que um cliente de São Paulo, Paraná, Bahia ou Pernambuco faz um financiamento de automóvel com a Aymoré, ele é convidado a fazer uma contribuição de R$ 5,00 para o Programa de Revitalização Ambiental. O lojista, também pode fazer a doação. Se uma das partes contribuír, a Aymoré Financiamentos contribui com mais R$ 5,00, totalizando R$15,00. Todas as doações são direcionadas para o programa.

Capacitação para produzir mudas

Enquanto se realizam plantios em alguma comunidades do Vale do Ribeira, os viveiros de Nhunguara, Cangume e André Lopes já estão recebendo as capacitações para produção de mudas. Em Nhunguara os quilombolas já começaram a produzir cerca de 30 espécies de mudas de nativas. As mudas servirão também para a recuperação do Rio Pedro Cubas e outras áreas ligadas à Campanha Cílios do Ribeira. Além de se tornarem um potencial de geração de renda para as comunidades com a venda para projetos de recuperação de áreas e reflorestamentos com nativas.

O programa que está em andamento fortalece ainda a Campanha Cílios do Ribeira, iniciativa coordenada pelo ISA e pelo Instituto Ambiental Vidágua para a recuperação das matas ciliares do Vale do Ribeira.

O mutirão de plantio encerrou-se com almoço preparado pelas mulheres da comunidade Pedro Cubas, cujo cardápio se compôs de uma deliciosa feijoada.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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