Reflorestamento
- 14/11/2008 - Pesquisadores e representantes de
instituições públicas de pesquisa
do Pará entregaram ao secretário de
Meio Ambiente, Valmir Ortega, relatório com
recomendações técnicas-científicas
ao Programa Estadual de Restauração
Florestal "Um bilhão de árvores
para a Amazônia", que tem por objetivo
promover a restauração florestal e
ecológica em áreas degradadas e de
preservação permanente no estado,
tendo como aporte o conhecimento científico
e tecnológico produzido sobre a região.
O documento, entregue no início
desta semana, é resultado de uma parceria
interinstitucional entre o Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG/MCT), a Embrapa Amazônia Oriental,
o Instituto de Desenvolvimento Econômico,
Social e Ambiental do Estado do Pará (Idesp),
a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA),
o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará
(Ideflor) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente
(Sema), com a finalidade de elaborar as bases técnicas
referenciais para a estruturação do
Programa Estadual de Restauração Florestal.
De acordo com o documento, que
reúne ainda informações sobre
linhas de financiamento e a legislação
relacionada às ações de reflorestamento,
vários aspectos foram considerados para a
seleção e indicação
das espécies que serão priorizadas
pelo Programa, como espécies vegetais de
crescimento rápido e/ou que ofereçam
alimentação e proteção
à fauna local. No total, 33 espécies
arbóreas são indicadas no documento,
incluindo as espécies ameaçadas de
extinção no Pará, como o pau-amarelo
(Euxylophora paraensis Huber), a maçaranduba
(Manilkara huberi), a castanheira (Bertholletia
excelsa), o pau rosa (Aniba rosaeodora Ducke), entre
outras.
O Programa de Restauração
Florestal, que abrangerá todo o estado do
Pará, deverá priorizar os 12 municípios
paraenses com maiores taxas de desmatamento, além
de outros que já apresentam mais de 70% de
suas áreas desmatadas. De acordo com as recomendações,
o público alvo do Programa deverá
abranger proprietários rurais, como produtores
familiares e empresários rurais, que possuem
áreas alteradas de reserva legal e de preservação
permanente ou que possuem áreas improdutivas
ou em produção agropecuária
e que desejam mudar suas trajetórias para
uma produção agroflorestal. As entidades
públicas e organizações da
sociedade civil sem fins lucrativos, que se propõem
a realizar a recuperação ambiental
em áreas públicas ou comunitárias
alteradas, de interesse social e ecológico,
também podem participar.
Oportunidades de mercado
O relatório sugere várias
ações estruturantes para o Programa,
principalmente nas áreas de crédito
e recursos financeiros, informação
e tecnologia, infra-estrutura e insumos, fiscalização,
legislação, divulgação
e comunicação, assistência técnica
e capacitação, entre outras. "O
documento contém informações
importantes para que a Sema possa estruturar o planejamento
executivo do Programa", avalia a diretora do
Museu Goeldi, Ima Vieira.
Dentre as principais ações
sugeridas, destacam-se a re-adequação
da legislação ambiental estadual para
fins de promoção de atividades de
restauração florestal e o fortalecimento
da atividade florestal no âmbito da assistência
técnica e extensão rural. A criação
de uma rede de apoio às atividades de restauração
florestal e de um programa, de longo prazo, de Ciência
e Tecnologia, é outra dessas ações
que alem de visar a restauração, prevê
o apoio, com recursos humanos e financeiros, para
o desenvolvimento de pesquisa sobre a temática,
por meio de editais.
Para o secretário de Meio
Ambiente do Pará, Valmir Ortega, o trabalho
das instituições de pesquisa assegura
o caráter técnico-científico
necessário para dar continuidade às
ações do Programa, pois o documento
apresentado é uma peça científica,
voltada para orientar e dar suporte às políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento
sustentável da região.
"É um documento de
altíssimo valor, pois representa o que de
melhor as nossas instituições produziram
nos últimos anos com relação
à recuperação florestal na
Amazônia", afirmou Ortega que, durante
a reunião de apresentação do
relatório, destacou ainda a necessidade do
Programa contar com um Comitê Técnico-Científico
exclusivo, do qual devem participar o grupo que
elaborou o documento. Uma das prioridades do futuro
Comitê será a elaboração
de um programa de pesquisa em restauração
florestal para o estado do Pará.
Ainda segundo o secretário,
além de ampliar o reflorestamento com espécies
nativas e de induzir à recuperação
de reservas legais, o Programa deverá gerar
várias oportunidades de negócios e
de geração de emprego e renda, como
produção e comercialização
de mudas e sementes para os projetos de reflorestamento.
O mercado de carbono é outro segmento da
economia que também deverá ser alavancado
pelo Programa, que estenderá suas ações
até 2013.
Agência Museu Goeldi
+ Mais
Feira mostra as riquezas da natureza
amazônica
Feira de Ciência - 14/11/2008
- Museu Goeldi promove feira para apresentar suas
coleções científicas e explicar
suas
O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT)
promove neste domingo (16) no Parque Zoobotânico
uma feira sobre a biodiversidade da região
Amazônica. Em cerca de 30 stands, os visitantes
conhecerão exemplos do fantástico
catálogo amazônico. Mais de 140 pesquisadores,
técnicos e bolsistas do Museu Goeldi demonstram
como e porque estudam a natureza com o objetivo
de conhecer e conservar uma das maiores riquezas
do planeta Terra.
A realização é
da 4ª edição do Prêmio
Márcio Ayres para Jovens Naturalistas, concurso
que provoca alunos do ensino fundamental e médio
a pesquisar os ecossistemas, a fauna e flora amazônicas.
A promoção é do Museu Goeldi
e da Ong Conservação Internacional.
Com o nome de Pororoca da Biodiversidade,
o evento é uma das estratégias de
mobilização do Prêmio Márcio
Ayres e promove a participação intensa
de taxonomistas do Museu Goeldi e seus auxiliares
– os responsáveis pela constituição
das coleções científicas botânicas
e zoológicas. As coleções preservam
informações fundamentais sobre as
espécies da fauna e flora, sua diversidade
e distribuição geográfica,
por exemplo.
Dados que permitem a produção
de estudos diversos, que podem auxiliar a formulação
de políticas públicas de conservação
ambiental, como a Lista de Espécies Ameaçadas
de Extinção do Pará, um exemplo
recente. Ou apoiar documentos que ajudam a resolver
conflitos territoriais, como a disputa pelo atual
estado do Amapá que envolveu Brasil e França
e que teve a participação decisiva
de Emílio Goeldi, um exemplo histórico.
Coleções são
resultado direto do esforço de conhecer e
inventariar a natureza. Com os exemplares coletados
de plantas e animais, e utilizando informações
de diferentes disciplinas biológicas, os
taxonomistas se dedicam a classificá-los
em grupos, que são estruturados segundo afinidades
evidentes, procurando organizar esquemas que permitam
conhecer a origem e a formação de
espécies, gêneros, famílias,
ordens, classes, filo e reinos (as categorias taxonômicas).
Ao evidenciar as diferenças e as relações
de parentesco das espécies atuais, estes
especialistas nos ajudam a conhecer como os seres
vivos evoluem e também a estabelecer hipóteses
sobre como estes organismos poderão responder
a possíveis mudanças ambientais.
Atrações
Quem percorrer os stands da Pororoca
conhecerá a diversidade do maior grupo do
reino animal – a classe dos insetos; com mais riqueza
de detalhes sobre gafanhotos (animais consumidores
vorazes de folhas e que podem ser pragas para plantações
ou fontes de proteínas para muitos povos)
e vespas (ou cabas, como são popularmente
conhecidos estes insetos, importantes para o controle
biológico de pragas).
Em outras barracas, os destaques
são representantes dos grupos mais carismáticos
da natureza, as aves e os mamíferos. O Brasil
é o segundo País mais rico em aves
do mundo e a Amazônia brasileira concentra
um grande número dessa diversidade. Os mamíferos,
classe ao qual nos seres humanos também pertencemos,
são considerados os mais evoluídos
do reino animal e apresentam uma diversidade de
espécies relativamente pequena (mais de 5
mil espécies), se comparada a grupos como
peixes (35 mil), moluscos (100 mil) e insetos (10
milhões). Todavia, quando analisamos aspectos
como variação do tamanho corporal,
locomoção, habitats e estratégias
alimentar, não existe outro grupo igual.
O Brasil tem a maior riqueza de mamíferos
da região neotropical (650 espécies
distribuídas em 12 ordens) e a Amazônia
registra mais de 300 destas espécies.
Eles povoam nossos lagos, rios
e mares e enriquecem a dieta das populações
amazônicas, a diversidade de peixes é
um dos tópicos dos stands. Os especialistas
estimam que existam mais de 1300 espécies
povoando a bacia amazônica, número
que cresce na medida em que as pesquisas avançam.
Para se ter uma idéia da disparidade dos
números no tópico diversidade de peixes
cita-se que já foram registradas 450 espécies
que ocorrem no Rio Negro, mas para toda a Europa
as espécies de água doce não
passam de 200.
Joice Santos - Agência Museu Goeldi