Museu
Goeldi, com apoio da Conservação Internacional,
promove uma feira divertida para apresentar aos
visitantes do Parque Zoobotânico suas coleções
científicas e explicar suas estratégias
para estudar as plantas e animais
Belém, PA, 17 de novembro
de 2008 — No domingo, 16 de novembro, o Parque Zoobotânico
do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém,
foi palco de uma feira especial sobre um dos assuntos
mais importantes da Amazônia – sua biodiversidade.
Os visitantes do Parque conheceram exemplos do fantástico
catálogo amazônico, espalhados em quase
30 estandes. Mais de 140 pesquisadores, técnicos
e bolsistas do Museu Paraense Emílio Goeldi
demonstraram como e por quê estudam a natureza
com o objetivo de permitir conhecer e conservar
uma das maiores riquezas do planeta Terra. A realização
é da 4a edição do Prêmio
Márcio Ayres para Jovens Naturalistas, concurso
que convida alunos do ensino fundamental e médio
a pesquisar os ecossistemas, a fauna e flora amazônicas.
A promoção é do Museu Goeldi
e da Conservação Internacional (CI-Brasil).
Com o sugestivo nome de “Pororoca
da Biodiversidade”, o evento é uma das estratégias
de mobilização do Prêmio Márcio
Ayres e promove a participação intensa
de taxonomistas do Museu Goeldi e seus auxiliares
– os responsáveis pela constituição
das coleções científicas botânicas
e zoológicas. As coleções preservam
informações fundamentais sobre as
espécies da fauna e flora, sua diversidade
e distribuição geográfica,
por exemplo. Dados que permitem a produção
de estudos diversos, que podem auxiliar a formulação
de políticas públicas de conservação
ambiental, como a Lista de Espécies Ameaçadas
de Extinção do Estado do Pará,
um exemplo recente resultado de parceria entre MPEG,
CI-Brasil e Secretaria de Estado de Meio Ambiente
(Sema/PA). Ou apoiar documentos que ajudam a resolver
conflitos territoriais, como a disputa pelo atual
estado do Amapá que envolveu Brasil e França
e que contou com a participação decisiva
de Emílio Goeldi, um exemplo histórico.
Coleções são
resultado direto do esforço de conhecer e
inventariar a natureza. Com os exemplares coletados
de plantas e animais, e utilizando informações
de diferentes disciplinas biológicas, os
taxonomistas se dedicam a classificá-los
em grupos. Ao evidenciar as diferenças e
as relações de parentesco das espécies
atuais, estes especialistas nos ajudam a conhecer
como os seres vivos evoluem e também a estabelecer
hipóteses sobre como estes organismos poderão
responder a possíveis mudanças ambientais.
Atrações
Nos estandes da Pororoca, os visitantes puderam
conhecer a diversidade do maior grupo do reino animal,
a classe dos insetos, com mais riqueza de detalhes
sobre gafanhotos - animais consumidores vorazes
de folhas e que podem ser pragas para plantações
ou fontes de proteínas para muitos povos
- e vespas ou “cabas”, como são popularmente
conhecidos estes insetos, importantes para o controle
biológico de pragas.
Nas barracas seguintes, os destaques
foram os representantes dos grupos mais carismáticos
da natureza, as aves e os mamíferos. O Brasil
é o segundo país mais rico em aves
do mundo e a Amazônia brasileira concentra
um grande número dessa diversidade.
Já os mamíferos
são considerados os mais evoluídos
do reino animal e apresentam uma diversidade de
espécies relativamente pequena (mais de 5
mil espécies), se comparada a grupos como
peixes (35 mil), moluscos (100 mil) e insetos (10
milhões). O Brasil possui a maior riqueza
de mamíferos da região neotropical
(650 espécies distribuídas em 12 ordens)
e a Amazônia registra mais de 300 destas espécies.
A diversidade de peixes foi o
tema de outro estande. Especialistas estimam que
existam mais de 1.300 espécies povoando a
bacia amazônica, número que cresce
à medida em que as pesquisas avançam.
Para se ter uma idéia da disparidade dos
números no tópico diversidade de peixes,
já foram registradas 450 espécies
que ocorrem no Rio Negro, mas para toda a Europa
as espécies de água doce não
passam de 200. Alguns dos estandes mais curiosos
foram os de répteis e anfíbios, animais
de vida dupla – no seu desenvolvimento inicial vivem
em ambientes aquáticos, mas na fase adulta
são terrestres -extremamente sensíveis
às mudanças ambientais, funcionando
como excelentes bioindicadores. O Brasil apresenta
a maior riqueza de espécies de anfíbios
do mundo.
Quanto ao Reino Vegetal, os pesquisadores
e técnicos da Coordenação de
Botânica do Museu Goeldi apresentaram sete
tópicos para os visitantes da Pororoca: a
coleção de madeiras da Amazônia
(xiloteca), responsável por informações
importantes para a região cuja economia tem
como um dos produtos fortes a extração
de madeira; a coleção de frutos (carpoteca);
a coleção de sementes e as estratégias
que as plantas empregam para dispersa-las; a anatomia
foliar de plantas amazônicas; as plantas aromáticas
(base da perfumaria regional, nacional e internacional)
e a diversidade de folhas na Amazônia Brasileira.
Os visitantes também tiveram
a oportunidade de ver e ouvir explicações
sobre a diversidade da flora do Parque Zoobotânico;
a coleção Didática Emília
Snethlage, os projetos e publicações
da Conservação Internacional; participar
do Carro da Leitura da Biblioteca Clara Galvão
e conhecer os produtos desenvolvidos com amostras
de biodiversidade pelo projeto “Potencialização
e Valorização do saber idoso”.
Prêmio
Lançado em 2003 pelo Museu Goeldi e a Conservação
Internacional, o Prêmio Márcio Ayres
para Jovens Naturalistas estimula o universo escolar
para pesquisar a biodiversidade amazônica.
Com duas categorias de premiação –
fundamental e médio – o concurso premia os
seis melhores trabalhos sobre plantas e animais
da Amazônia desenvolvidos por alunos vinculados
ao ensino formal e sob orientação
de seus professores. Os vencedores recebem valores
entre R$ 2.000 e R$ 1.000. Também são
premiados professores orientadores e as escolas
que obtiverem melhor pontuação. Todos
os participantes recebem certificados e as menções
honrosas, livros.
O prazo para inscrições
de trabalhos na 4a edição do Prêmio
Márcio Ayres se encerra no dia 3 de abril
de 2009. Os trabalhos de ensino fundamental podem
ser individuais ou em grupo. Já os do ensino
médio são individuais. Durante a Pororoca
da Biodiversidade, os participantes poderão
conversar e tirar dúvidas com pesquisadores
e técnicos do Museu Goeldi, e ainda com os
vencedores de edições anteriores.
Para saber mais sobre o Prêmio Márcio
Ayres visite http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/