O ministro
do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou que o trabalho
de recuperação das matas ciliares
feito no Paraná será referência
para o país e que vai propor ao presidente
Lula para que seja a iniciativa seja disseminada
em todas as usinas hidrelétricas brasileiras.
O anúncio ocorreu durante a abertura do Fórum
de Águas das Américas, na noite de
domingo (22), em Foz do Iguaçu,
“O Paraná e a Itaipu são
uma demonstração de que se pode aliar
a conservação ambiental e a produção.
Mostram também que, com a recuperação
das matas ciliares, educação ambiental,
investimentos e biodigestores, isso é possível”,
disse. “Vou levar ao presidente Lula essa experiência
e defender a importância de repetir em todas
as hidrelétricas o que é feito no
Paraná”, afirmou.
Antes do evento, o ministro sobrevoou
parte do corredor de biodiversidade Iguaçu-Paraná
e áreas de reflorestamento de matas ciliares.
O trabalho é feito na região pelo
programa Mata Ciliar, da Secretaria do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos, e Cultivando Água
Boa, da Itaipu Binacional.
Em seu discurso, Minc ainda ressaltou
outra conquista nacional para o meio ambiente e
a proteção dos recursos hídricos:
o decreto da Mata Atlântica, recentemente
assinado pelo presidente Lula.
“É um decreto que aumenta
a proteção de todos os remanescentes
da mata atlântica, dos mananciais e das florestas
que protegem os mananciais”, afirmou. De acordo
com o ministro, na próxima semana será
divulgado pelo IBGE o novo mapa do bioma no país.
“Vamos solicitar ainda, que os
prefeitos incorporem em seus planos diretores a
reconstituição destas florestas que
defendem a vida e as águas”, enfatizou.
Para Minc, o Fórum de Águas
das Américas é uma oportunidade de
afirmar a política de recuperação
dos recursos hídricos.
“É chance que temos de
tratar, em conjunto do nosso aqüífero
Guarani, com toda sua potencialidade, de reforçar
a idéia dos comitês e do uso múltiplo
das águas; e de fazer esses rios, que são
fronteiras desses países, um compromisso
conjunto de cuidá-los para as futuras gerações”,
reforçou o ministro.
MARINA SILVA – A senadora Marina
Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, esteve como
convidada de honra à abertura do Fórum
de Águas das Américas e destacou a
responsabilidade brasileira no 5o Fórum Mundial
da Água, que será realizado na Turquia
no próximo ano.
Segundo ela, o esforço
feito no Brasil para proteção da Amazônia
é fundamental para a discussão que
acontecerá em Istambul, pois cerca 26% da
água doce lançada nos oceanos é
produzida na Amazônia.
Marina Silva ainda apresentou
outros números que demonstram a responsabilidade
brasileira com o planeta. “O Brasil é responsável
por 11% da água doce disponível do
mundo, tem a maior floresta tropical do planeta
e ainda tem cerca de 60% do seu território
com cobertura florestal. Isso nos dá uma
responsabilidade muito grande”, afirmou.
A saída para garantir a
proteção dessa imensa riqueza natural
é a transversalidade, defendeu a ex-ministra.
Para ela, não há como discutir uma
saída para os problemas ambientais sem o
compromisso transversal que coloca todos setores
de governo e diferentes setores da sociedade na
mesma perspectiva: a de incorporar critérios
de sustentabilidade no planejamento de suas ações.
A transversalidade entre a diversidade
cultural brasileira também seria fundamental
para proteção do patrimônio
natural. “Uma saída para o desenvolvimento,
para a crise econômica e ambiental que estamos
atravessando, é sermos capazes de juntar
o melhor do conhecimento da ciência ocidental
branca com os saberes narrativos dos nossos povos
originários que têm grandes conhecimentos
associados aos recursos naturais”, concluiu.
+ Mais
Confauna promove reunião
para discutir erradicação de espécies
exóticas invasoras
A pedido do secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, o Conselho Estadual de Proteção
à Fauna (Confauna) realizou na terça-feira
(25), em Curitiba, uma reunião extraordinária
para discutir a erradicação de espécies
exóticas invasoras.
No encontro – que contou com a
presença de 15 dos 22 membros do conselho,
além de biólogos da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), engenheiros agrônomos
e veterinários do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) – foi debatida a portaria do Instituto Ambiental
do Paraná (IAP) 095/07 que relaciona as 57
espécies de plantas e 26 de animais que são
exóticos aos ecossistemas paranaenses.
Um dos pontos abordados na reunião
foi a situação dos javalis no Parque
Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, região
dos Campos Gerais. Todos os conselheiros presentes
foram a favor da criação de um Programa
de Controle e Erradicação da espécie
no local.
Mauro Britto, biólogo do
Instituto Ambiental do Paraná (IAP), explicou
que a medida foi tomada tendo em razão a
modificação genética sofrida
pelos javalis na região. “O conselho deliberou
a favor da erradicação dos javalis,
pois estes animais já não podem mais
ser considerados javalis. Na região o que
se tem é um cruzamento do javali com porco
doméstico, que resultou em um animal extremamente
agressivo e que traz sérios danos ao meio
ambiente”, argumentou.
Para Tereza Cristina Margarido,
bióloga e presidente da câmara técnica
de mamíferos do Confauna, o debate promovido
pelo conselho é pioneiro no país e
defende a possibilidade de controle da espécie.
“Nosso objetivo é, num primeiro momento,
estudarmos formas de controle destes animais. Isto
é pioneiro no Brasil, visto que os javalis
são um problema antigo da fauna brasileira.
Se não houver outra medida, certamente, optaremos
pelo melhor da biodiversidade no estado”, comentou.
Os javalis que vivem no Parque
estão entre as espécies invasoras
mais problemáticas para a fauna paranaense,
ressaltou João Batista Campos, diretor do
Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP.
“Eles não possuem inimigos próprios;
ou seja, não têm predadores naturais,
além de se proliferarem muito rapidamente”,
explicou. Outro prejuízo que estes javalis
causam ao Parque Estadual de Vila Velha, apontado
por João Batista, foi a depredação
do solo.
De acordo com a gerente do Parque
Estadual de Vila Velha, Ângela Dacomuni, já
foram realizados estudos técnicos sobre a
questão no local. “Já fizemos vários
estudos técnicos com biólogos e não
existe outra alternativa a não ser a captura
destes animais. Os javalis não fazem parte
da nossa fauna e por isso devem ser removidos do
parque”, assegurou.
CONSELHO - Além da Secretaria
do Meio Ambiente e do Instituto Ambiental do Paraná
(IAP), participam do Confauna, as secretarias da
Saúde e da Agricultura e Abastecimento, o
Batalhão da Polícia Ambiental Força
Verde, Ibama, UFPR e diversas entidades privadas
e organizações não-governamentais.
O Paraná foi o primeiro estado brasileiro
a formar um conselho que integra poder público
e sociedade civil para discutir questões
relacionadas à fauna, em 2004.