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QUESTÕES FUNDIÁRIAS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PREOCUPAM AMBIENTALISTAS NO AMAZONAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2008

25 de Novembro de 2008 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Apesar de ser proibida por lei estadual e federal, a presença humana em áreas de proteção ambiental integral continua sendo um problema no Amazonas e uma das principais limitações para a gestão das unidades de conservação (UCs) no país. De acordo com o coordenador executivo da Fundação Vitória Amazônia (FVA), Carlos Durigan, as UCs localizadas na região do Baixo Rio Negro, no norte do Amazonas, exemplificam a situação.

Segundo Durigan, conflitos envolvendo a posse de terra e o uso dos recursos naturais entre moradores, ex-moradores e órgãos gestores dessas áreas - como o Instituto Chico Mendes e o Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc) - não são uma novidade no Parque Nacional do Jaú e no Parque Estadual Rio Negro e ainda assim merecem mais atenção da sociedade e do Poder Público.

"Muitas comunidades ribeirinhas têm suas vidas reprimidas por legislações que não contemplam o modo de vida ou as possibilidades de continuidade dentro dessas áreas [de proteção ambiental]. Temos observado que, na impossibilidade de permanência nessas áreas, não são discutidas alternativas que sejam adequadas a elas e adequadas para as políticas públicas da região", declarou.

O presidente da Associação de Moradores do Rio Unini – situado no Parque Nacional do Jaú - Cezário Alves, destacou, em entrevista à Agência Brasil, que as famílias ribeirinhas estão dispostas ao diálogo e às orientações necessárias. Ele ressaltou que a preocupação dos ribeirinhos é com os casos de reassentamento.

"A gente quer um reassentamento de forma correta e participativa. Não temos intenção de prejudicar o parque, mas queremos que o caboclo da região também seja ouvido na hora em que precisar sair daquela área", disse o ribeirinho.

O assunto está sendo debatido nesta semana em Manaus por ambientalistas, pesquisadores, estudantes, representantes de instituições públicas e ainda por moradores de UCs do Amazonas, reunidos no seminário Questões Fundiárias relativas à Presença Humana em Unidades de Conservação: Aspectos Jurídicos, Conceituais e Metodológicos, promovido pela Fundação Vitória Amazônia.

Em todo o país, a regulamentação das normas relativas à existência das áreas de proteção ambiental é estabelecida pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (UCs). No caso do Amazonas, existe ainda o Sistema Estadual de Unidades de Conservação, que apresenta inovações, considerando as particularidades do estado. Segundo Durigan, espera-se a sugestão de medidas que auxiliem na construção de instrumentos legais, como termos de compromisso entre os moradores e gestores das UCs, para reduzir os conflitos.

"Queremos construir uma metodologia e uma agenda de ações para avançarmos nessas questões problemáticas. A idéia é criar alternativas e auxiliar não só os moradores do Jaú, mas também de outras unidades que vivem o problema, para que possam se instrumentalizar para resolver a questão fundiária. O seminário propõe um caminho para que o problema seja discutida de forma participativa e que todos os segmentos possam encontrar solução", acrescentou Durigan.

De acordo com o responsável pelo Parque Nacional do Jaú, o analista ambiental do Instituto Chico Mendes Alessandro Marcuzzi, aproximadamente 1.000 pessoas vivem na área do parque atualmente. Criado em 1980, o Parque Nacional do Jaú está localizado entre os municípios de Novo Airão e Barcelos, a cerca de 220 quilômetros de Manaus.

"Faltam mais debates sobre essa questão. O problema fundiário nas unidades de conservação precisa de uma gestão integrada para ser resolvido. Esperamos uma troca de experiências nesse seminário entre as instituições e moradores para que possamos contribuir para a solução da questão", disse Marcuzzi.

Na opinião da professora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Lúcia Ferreira, a permanência de ribeirinhos nas UCs não deve ser considerado um problema pelo Poder Público e sim um sinal de que é preciso articular sua permanência e forma de vida nas áreas onde tradicionalmente vivem.

"As pessoas já estavam lá quando o parque foi criado. Desde que essas pessoas topem um acordo para conservar a biodiversidade da região, não há nenhum problema em sua permanência no local", avaliou.

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Plano de defesa alia desenvolvimento econômico e sustentável da Amazônia, diz deputado

25 de Novembro de 2008 - Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Plano Estratégico de Defesa Nacional, em elaboração pelo governo, trata a defesa da Amazônia como uma ação combinada entre desenvolvimento econômico e sustentável, com a presença militar na região. A informação é do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), integrante da diretoria da Frente Parlamentar da Defesa Nacional, que teve acesso hoje (25) a uma prévia do documento, durante reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Em entrevista ao deixar o ministério, Aldo classificou o plano de “ousado” e disse que os trabalhos estão adiantados. O parlamentar acredita que o documento deve ser apresentado no prazo previsto, até dezembro. De acordo com o deputado, divergências com o Paraguai e com o Equador não tiveram influência na elaboração do plano.

O governo paraguaio defende a revisão do preço pago pelo Brasil pela energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Na semana passada, autoridades do Paraguai acusaram militares brasileiros de terem “violado” o território daquele país, o que, segundo a assessoria do Itamaraty, não passou de um mal-entendido já esclarecido.

Em relação ao Equador, o embaixador do Brasil em Quito, capital do país vizinho, Antonino Marques Porto, foi chamado ao Brasil depois da decisão do presidente Rafael Correa de suspender as obras da Usina Hidrelétrica San Francisco, feita pela Odebrecht, e não pagar o empréstimo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de US$ 243 milhões para a construção da usina.

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Lei mais simples sobre a propriedade é uma das opções para a Amazônia, diz Mangabeira

25 de Novembro de 2008 - Lourenço Canuto - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A simplificação das leis sobre a propriedade e a adoção de um novo modelo de desenvolvimento será a solução para os problemas da Amazônia. Essa é a opinião do ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Hunger.

Ao participar hoje (25) do seminário Desafio da Regularização Fundiária na Amazônia, organizado pela secretaria e pelo Banco Mundial (Bird), ele disse que "todos que tinham problemas semelhantes fizeram assim e nós não vamos ser a excessão".

Uma das medidas apontadas pelo ministro é a regularizarização acelerada da posse para os agricultores que ocupam áreas de até 400 hectares. As terras que têm 2.500 hectares ficariam passíveis de retomada ante o não cumprimento de modelos de projetos assumidos.

Para Unger, o desenvolvimento da Amazônia "será o desenvolvimento do Brasil" e isso pressupõe, segundo ele, uma colaboração federativa com estados e municípios.

O ministro lembrou que excluiu do Plano da Amazônia Sustentável a participação do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) no processo de regularização fundiária da Amazônia. Este, segundo ele, é o único ponto que tem em desacordo com outros entes do governo sobre a região.

Unger acentuou que, além da tradição histórica do país de reconhecer os territórios indígenas, será necessário promover oportunidades econômicas e educativas a essas populações, "sem corroer seus traços culturais, o que é um grande desafio".

Também presente no evento, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, disse que "a pedra de toque para a regularização fundiária é a simplificação dos procedimentos no arcabouço legal".

Ainda pela manhã, Mangabeira Unger se reuniu com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, para discutir inovações jurídicas que ajudem na regularização das terras da Amazônia. Outros temas abordados foram a organização de gestão comunitária, um novo regime para a propriedade intelectual e regras para o acesso à biodiversidade.

Brito afirmou que quando se fala na Amazônia, o foco sempre é a questão da soberania. Mas falar com ufanismo, segundo ele, não tem resolvido o problema. Segundo o presidente da OAB, a região tem apenas 4% de suas terras regularizadas, o que dá margem à exploração predatória. A conceituação da Amazônia como "terra de ninguém", conforme destacou Britto, é responsável pelos problemas sérios que lá acontecem, o que seria diferente com a conceituação de que as terras são da União.

O representante do Banco Mundial, Jorge Munhoz, afirmou que a regularização das terras da Amazônia é complexa tanto no sentido político quanto econômico. Para que o país obtenha resultados concretos, Munhoz defende que as experiências econômicas sejam bem sucedidas em cada localidade da região.

Hoje pela manhã, diversas entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo fizeram ato público em frente ao prédio do BNDES, em Brasília, onde ocorre o seminário. O lema do movimento era "Reforma agrária sim, regularização da grilagem de terras não".

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Falta de legislação fundiária é maior agravante do desmatamento na Amazônia, aponta Dilma

25 de Novembro de 2008 - Lourenço Canuto - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A ausência de marcos legais para a regularização fundiária das terras da Amazônia vem sendo a maior agravante para o desmatamento da região, na avaliação da ministra-chefe da Casa Civil , Dilma Rousseff. Ela diz que, sem isso, o governo encontra dificuldades até mesmo para responsabilizar os desmatadores e promover o desenvolvimento sustentável da região.

A ministra falou na abertura do seminário Desafio da Regularização Fundiária na Amazônia, organizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e pelo Banco Mundial (Bird), aberto hoje (25) pela manhã em Brasília.

Segundo Dilma, os planos do governo para a região, dentro da formulação apresentada pelo ministro-chefe da SAE, Mangabeira Unger, procuram proteger o meio ambiente, a biodiversidade e respeitar as populações tradicionais e indígenas estabelecidas na Amazônia.

De acordo com a ministra, durante o processo de regularização fundiária, será preciso atentar para o perigo de uma corrida de ocupação desordenada e oportunista da região, motivada pelos planos de desenvolvimento que forem apresentados.

A ministra acredita que os planos de desenvolvimento poderão tirar o atual interesse pela venda da madeira, ao criar atividades mais rentáveis.

Para Dilma, as obras de hidrelétricas "não podem ser tidas como as grandes responsáveis pelo desmatamento pois o governo vê como ideal utilizar a geração elétrica com o menor uso de água possível, sem reservatório.

O revesamento de equipes, como é feito nas plataformas para exploração de petróleo é um cuidado que pode ajudar na preservação da região ", afirmou a ministra. "Nós estamos provando que é possível fazer exploração das hidrelétricas respeitando o meio ambiente, como estamos tentando fazer em Santo Antônio e Jirau, em Rondônia", completou.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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