O governador
Roberto Requião disse neste domingo (23),
durante a abertura do Fórum de Água
das Américas, em Foz do Iguaçu que
2009 será o ano da água no Paraná.
“2009 será o Ano das Águas no Paraná.
Completaremos 100 milhões de mudas plantadas
pelo programa Mata Ciliar. Neste ano também
encaminhamos à Assembléia Legislativa
o anteprojeto de lei para criação
do Instituto Paranaense das Águas, que irá
se ocupar com a conservação dos mananciais
e do aqüífero Guarani e com a pureza
dos nossos rios“, afirmou o governador ao lado do
ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; da ex-ministra
do Meio Ambiente e senadora Marina Silva; do ministro
do Meio Ambiente da Turquia, venceu Eroglu; do governador
da Bahia, Jacques Wagner; do presidente da Itaipu
Binacional, Jorge Samek, entre outras personalidades
que participaram da solenidade de abertura do Fórum.
Segundo ele, no próximo
ano o Paraná também reforçará
o projeto de Gestão Ambiental Integrada por
microbacia, com prioridade para o abastecimento
público. “Para o ano que vem fecharemos 12
planos de bacia que serão elaborados em convênio
com a Itaipu e Petrobras, estabelecendo uma política
clara de proteção às nossas
águas. Iremos propor a criação
e ampliação das Áreas de Proteção
Ambiental (APA) em todas as áreas de afloramento
e pontos de recarga do aqüífero Guarani.
Esta será nossa proposta para o Paraná,
para o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai”, anunciou
Requião. Em seu discurso Requião disse
ainda que o Paraná representa hoje um dique
de contenção ao desejo desesperado
do lucro e fez um paralelo com a crise econômica
mundial.
“Até algum tempo atrás,
o que garantia o dólar era o lastro do ouro.
Só emitiam dólares se houvesse ouro
que os garantissem. Mas isso foi rompido por Ronald
Reagan e depois do liberalismo econômico,
que muitos acreditaram ser a solução
para o mundo, os Estados Unidos passaram a emitir
dólares sem lastro, sem apoio da economia
norte-americana. O papel pintado excedeu em muito
o produto interno do planeta. Mas era o papel pintado
do dólar que dava a garantia para o pretenso
processo de desenvolvimento. Nesse tempo, as advertências
não foram ouvidas. Hoje, na natureza, acontece
quase a mesma coisa. A predação em
nome do avanço da agricultura é uma
espécie de subprime, investimentos com alto
risco e lucros fantásticos que seriam calçados
por garantias de seguro de bancos importantes com
ações vendidas no mundo”, mencionou
o governador.
Para Requião, no entanto,
o equilíbrio ecológico deve estar
prioritariamente incluído na busca dos países
pelo desenvolvimento econômico. “O lastro
deve ser seguro e deve ter entre seus parâmetros
a garantia da biodiversidade, que é o lastro
da água limpa, a floresta intacta. Isso não
pode mais ser desprezado pelo poder econômico
e financeiro do planeta como foram desprezadas as
advertências sobre os riscos do subprime,
suportados exclusivamente num desesperado desejo
de ganância que joga o planeta Terra numa
crise sem precedentes. Portanto, o lastro do equilíbrio
ecológico é o lastro que garante,
durante o processo de desenvolvimento econômico,
a permanência da vida na Terra”, finalizou
Requião.
Fórum das Américas
- Mais de três mil pessoas e representantes
de 36 países compareceram à solenidade
de abertura do Fórum - que acontece até
o dia 25, em Foz do Iguaçu. Durante o evento
serão debatidas a proposta das Américas
para o 5o Fórum Mundial das Águas,
que será realizado em março de 2009,
na Turquia. A ANA será a representante oficial
do Brasil no evento promovido pelo governo federal,
Itaipu Binacional e governo do Paraná - por
meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
e suas vinculadas, Copel e Sanepar.
+ Mais
Água como bem público
é proposta no documento final do Fórum
de Águas
A água como bem público
– já definida constitucionalmente pelo governador
Roberto Requião e a necessidade do seu uso
múltiplo - são algumas das propostas
que os países do continente americano levarão
ao Fórum Mundial das Águas, no ano
que vem, na Turquia. A chamada “Mensagem de Foz
do Iguaçu” foi definida pelos cerca de 250
participantes dos 37 países americanos, no
último dia do Fórum de Águas
das Américas, nesta terça-feira (25),
em Foz do Iguaçu.
Para o secretário do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues,
o Fórum foi uma oportunidade para a troca
de experiências na área de gestão
de recursos hídricos de vários países
americanos, sobretudo aqueles com quem o Paraná
tem ligação nas chamadas bacias fronteiriças.
“É um tema que está
ganhando cada vez mais relevância e que vai
assumir um significado maior ao longo deste século.
O Paraná sinalizou o que está fazendo
e o que devemos fazer para proteger esse recurso
natural fundamental para a vida na Terra”, destacou
Rasca. Para o secretário, a escolha do Paraná
para sediar o Fórum pelo Conselho Mundial
da Água o Fórum de todas as Américas
se deve - entre outros fatores - às ações
desenvolvidas pela Itaipu e pelo Governo Estadual.
SANEAMENTO – O diretor da Agência
Nacional de Águas (ANA) e vice-presidente
do Conselho Mundial de Água, Benedito Braga,
ressaltou outro importante item que integra o documento
é garantir o fornecimento de água
potável e saneamento básico. “Um dos
desafios do Brasil é conseguir limpar os
rios e investir maciçamente em saneamento
básico, para que tenhamos rios limpos, crianças
saudáveis e hospitais vazios”, afirmou.
Também aparece, com relevante
importância para a política brasileira
de recursos hídricos, o fortalecimento dos
órgãos de gestão de água
estaduais, integrando-os com a política nacional
de recursos hídricos, o que já é
feito pelo Governo do Paraná.
As autoridades dos países
americanos passaram dois dias conversando, para
chegar ao documento de consenso, formado por 11
itens, com as principais questões do continente
relativas à gestão dos recursos hídricos.
Nos próximos meses, representantes desses
países continuarão em contato até
o encontro mundial, previsto para março do
ano que vem, em Istambul, na Turquia.
DETALHAMENTO - O documento criado
em Foz do Iguaçu levará a Istambul
questões como transversalidade nas políticas
públicas das águas; uso múltiplo
(geração de energia, transporte, agricultura,
entre outros); regulamentação e incentivos
econômicos; e gestão compartilhada
de aqüíferos e bacias transfronteiriças.
As pequenas ilhas do Caribe conseguiram
aprovar o item que fala sobre uma especial atenção
aos seus recursos aqüíferos, principalmente
em um cenário de mudanças climáticas.
Para o diretor-geral do Conselho Mundial de Água,
o holandês Ger Bergkamp, o fórum conseguiu
unir as Américas em torno do tema água.
“No Fórum, consolidamos uma agenda comum
e, no fórum mundial, vamos conectar essas
questões à agenda mundial”, afirmou.
O coordenador de Recursos Hídricos
da Secretaria do Meio Ambiente, Mauri Pereira, avaliou
como uma das principais discussões do Fórum
para o Paraná os instrumentos de gestão
que estão sendo desenvolvidos e aplicados
para a proteção das águas.
“O Paraná está caminhando
para fechar seus 12 planos de bacia que serão
elaborados em convênio com a Itaipu e Petrobrás,
estabelecendo uma política clara de proteção
às nossas águas. Além disso,
sediaremos no próximo ano o Encontro de Organismos
de Bacias de Bacias da América Latina e Caribe
para continuar integrando propostas e discussões”,
exemplificou Mauri.
+ Mais
Gestão ambiental por bacia
hidrográfica é destaque no V Encontro
Cultivando Água Boa
Os avanços da política
ambiental praticada no Paraná foram os destaques
da apresentação feita pelo secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, durante o V Encontro Cultivando Água
Boa. O evento foi promovido pela Itaipu Binacional
em paralelo ao Fórum de Águas das
Américas, encerrado nesta terça-feira
(25) em Foz do Iguaçu.
Rasca explicou que no Paraná,
hoje, a bacia hidrográfica é a unidade
de planejamento da gestão ambiental. “Mas
até 2006 não era assim”, ponderou.
Os escritórios regionais do sistema responsável
pela gestão ambiental no Estado – composto
pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
e suas vinculadas - eram divididos de acordo com
limites geopolíticos. Com a mudança,
eles passaram a ser distribuídos conforme
a bacia hidrográfica em que estão
localizados.
“Modificamos totalmente o desenho
da gestão ambiental”, comentou o secretário.
“Isso foi feito para valorizar ainda mais o elemento
água nas políticas públicas
de proteção ao patrimônio natural”,
completou.
Uma das primeiras grandes ações
da Secretaria já orientada por bacia hidrográfica
foi a realização das Conferências
Regionais do Meio Ambiente, eventos que percorreram
o Paraná reunindo sugestões da sociedade
para a formulação de políticas
públicas encaminhadas à Conferência
Nacional do Meio Ambiente.
Outra mudança na política
ambiental ainda está por acontecer, segundo
o secretário: será a criação
do Instituto Paranaense das Águas, que irá
substituir a Superintendência de Desenvolvimento
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
(Suderhsa) na gestão das águas.
“Será um instituto completamente
modelo; a Suderhsa deixará de executar e
passará a fiscalizar. Ela deixará
de executar a política de saneamento para
planejar a política de saneamento e assim
estará colocada de maneira mais estratégica”,
detalhou.
OUTRAS INICIATIVAS - O secretário
ainda abordou outras iniciativas realizadas no Paraná
que reforçaram a política estadual
de recursos hídricos – como a realização
do 9o Encontro de Comitês de Bacias Hidrográficas,
que reuniu mais de 130 comitês brasileiros
e do 1o Encontro Trinacional para gestão
das Águas Transfronteiriças.
A construção dos
Indicadores de Sustentabilidade Ambiental, publicação
da materiais técnicos e informativos como
a Série Histórica de Bacias Hidrográficas
(que pode ser consultada no Portal do Meio Ambiente
– www.meioambiente.pr.gov.br) foram outras ações
promovidas para fortalecimento da gestão
das águas no Estado.
COBRANÇA – O secretário
falou aos participantes sobre os desafios, no Paraná,
para implementação da cobrança
pelo uso da água - assunto amplamente discutido
no Fórum de Águas das Américas.
Segundo ele, nos comitês
brasileiros que já fazem a cobrança,
o maior investimento é em saneamento. “O
primeiro problema, portanto, é do próprio
setor público, pois estamos distantes de
ter coleta de esgoto forma universalizada”, observou.
A cobrança é um
instrumento da Lei das Águas (lei federal
9.344, de 1997). De acordo com a legislação,
92,5% do recurso arrecadado deve ser aplicado na
própria bacia em iniciativas que melhorem
ou mantenham a qualidade de suas águas. Os
outros 7,5% devem investidos nos comitês,
para gestão dos recursos arrecadados.
Atualmente apenas dois comitês
de bacias hidrográficas promovem a cobrança
pelo uso da água no Brasil – a do Rio Paraíba
do Sul e a conhecida como PCJ, que inclui as bacias
dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí;
ambas formadas por rios federais. O governo do Paraná,
de acordo com Rasca, irá implementar a cobrança.
“Estamos trabalhando em relação a
isso, lógico que há complexidade técnica,
política e ambiental para se estabelecer
a cobrança, mas estamos firmes no propósito”,
garantiu.
+ Mais
Governo encerra sua participação
no 5.o Encontro Cultivando Água Boa
Cerca de 5,6 mil visitantes, por
dia, passaram pelo estande do Governo do Estado
no 5.º Encontro Cultivando Água Boa,
que encerrou na noite de terça-feira (25),
em Foz do Iguaçu. O evento aconteceu paralelamente
ao Fórum de Águas das Américas
com a participação de 37 países.
No espaço de 180 metros
quadrados foram mostradas as principais ações
do Governo, desenvolvidas em prol da melhoria da
qualidade dos recursos hídricos e da sua
preservação. O estande foi criado
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e suas
autarquias, Superintendência de Recursos Hídricos
e Saneamento Ambiental (Suderhsa) e Instituto Ambiental
do Paraná (IAP), em parceria com a Copel
e a Sanepar.
Entre os projetos mostrados ao
público estão o programa Mata Ciliar
- que já plantou 92 milhões de mudas
de espécies nativas às margens dos
rios-; a gestão por bacias hidrográficas,
a criação do Instituto Paranaense
das Águas; a Gestão Ambiental Integrada
por Microbacia da Sanepar, com prioridade no abastecimento
público; a proteção das áreas
de recargas dos aquíferos; construção
de corredores de biodiversidade; e programas ambientais
desenvolvidos em usinas hidrelétricas.
“O evento possibilitou uma avaliação
positiva da política de recursos hídricos
que vem sendo adotada no Paraná, além
de estabelecer novas metas e compromissos a serem
cumpridos no próximo ano”, declarou o secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues.
O presidente da Sanepar, Stênio
Jacob, acredita que o modelo participativo e compartilhado
de gestão das bacias hidrográficas
está sendo fundamental para melhorar a qualidade
da água disponível a população.
“O envolvimento da sociedade é sempre o melhor
caminho. A Sanepar está descentralizando
as ações de proteção
dos seus mananciais, investindo em educação
ambiental e apostando nestas parcerias”, comentou
Stênio.
Já a diretora de Meio Ambiente
da Copel, Marlene Zanim, lembra que a transverssalidade
na implementação de programas ambientais
é um dos fatores essenciais para o sucesso
das ações e aumento da conscientização
das pessoas. “A variável ambiental foi incorporada
em todas as ações do Governo do Paraná
visando, especialmente, a melhoria e a manutenção
da qualidade das nossas águas. Com certeza
são resultados a serem comemorados”, destacou.
ÁGUA BOA - As boas práticas
ambientais do Paraná foram apresentadas durante
a 5.a edição do Encontro Cultivando
Água Boa, do qual o Governo é parceiro
da Itaipu e que teve recorde de participação
este ano. Durante o encontro foram mostradas experiências
aplicadas na área de energias renováveis,
plantas medicinais, aqüicultura e pesca, coleta
solidária, desenvolvimento rural sustentável,
entre outras.
O diretor de Coordenação
e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, conta
que o envolvimento das comunidades da Bacia do Paraná
3 no programa vem transformando a iniciativa em
um verdadeiro movimento. “Conseguimos algo muito
importante, que é reunir quantidade e qualidade.
Além dos resultados qualitativos, o Cultivando
Água Boa apresentou muitos resultados mensuráveis,
como 507 quilômetros de cercas de proteção
da mata ciliar implantadas, 350 quilômetros
de estradas readequadas, 187 famílias praticando
agricultura orgânica, mais de 10 mil pessoas
envolvidas em ações de educação
ambiental. Tudo isso nos dá a certeza de
quanto nós estamos no caminho certo”, disse.
Outro ponto destacado pelo diretor
é que, pela primeira vez, o Cultivando Água
Boa aconteceu simultaneamente a um evento internacional,
do qual participaram representantes dos 37 países
das Américas. Do Fórum de Água
das Américas saíram as propostas para
o Fórum Mundial da Água, que será
realizado em Istambul, na Turquia, em março
de 2009.
Para o diretor-geral brasileiro,
Jorge Samek, os resultados mostram que é
possível compatibilizar a geração
de renda com a preservação do meio
ambiente. “Hoje nós não somos mais
modelo apenas aqui para a região do Oeste
do Paraná ou para o país. São
37 países vindo aqui trabalhar e compartilhar
da nossa experiência, o que nos deixa muito
satisfeitos e muito felizes”, concluiu.