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MUDANÇAS CLIMÁTICAS: PLANO NACIONAL É INSUFICIENTE PARA LIDAR COM DESAFIOS BRASILEIROS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

03 Dec 2008 - O WWF-Brasil reconhece a preocupação do governo brasileiro com a questão do clima, ao apresentar o Plano Nacional sobre Mudanças do Clima, porém não é o suficiente para lidar com os grandes desafios oferecidos pelo tema. A falta de uma meta geral de redução de emissões de gases de efeito estufa para o país, que seja mensurável, reportável e verificável, conforme os padrões da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, e a ausência de um período definido para que sejam atingidas são algumas das principais fragilidades do documento.

A falta de articulação entre diferentes setores de emissões como floresta, energia e adaptação e a ausência de relações adequadas entre as razões, os objetivos e as ações previstas no documento também são marcantes. Outro fator que preocupa o WWF-Brasil é que o Plano não aponta com clareza a totalidade das fontes dos recursos financeiros que serão utilizados para sua implementação. Deveria constar anualmente da Lei das Diretrizes Orçamentárias da União, por exemplo.

Desmatamento
É importante realçar que é a primeira vez que o governo brasileiro estabelece metas para o desmatamento, porém é preciso que o governo federal e os governos estaduais assumam a responsabilidade por combater o desmatamento em todo o país e não só Amazônia, como aponta o Plano.

Acabar com o desmatamento na Amazônia em sete anos foi a proposta do Pacto pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia, apresentado por nove organizações não-governamentais, inclusive o WWF-Brasil, no ano passado. O Pacto pressupõe o estabelecimento de um regime de metas anuais de redução progressiva da taxa de desmatamento da Amazônia, que seria zerada em 2015. Para isso, as ONGs estimam serem necessários investimentos da ordem de R$ 1 bilhão por ano, vindos de fontes nacionais e internacionais como incentivos para a Redução de Emissões oriundas do Desmatamento e Degradação florestal (REDD).

O Plano Nacional sobre Mudanças do Clima, por sua vez, propõe reduzir o desmatamento por etapas até 2017. Para alcançar a meta para o período atual, o desmatamento para 2009 terá que ser reduzido em 23%, objetivo ambicioso para um curto período de tempo.
Já a longo prazo, as metas se tornam pouco ousadas, pois segundo o Plano, em cada período de quatro anos após 2009 o desmatamento deve ser reduzido em 30% em relação ao período anterior. Isso significa que no período de 2014 a 2017 o país vai continuar desmatando uma área de 5,742 km2, o que equivale a todas as emissões do Canadá.

Energia elétrica
No setor de energia, as metas apresentadas pelo Plano Nacional de Mudanças do Clima são tímidas e não há uma visão da composição da matriz elétrica desejada pelo governo. O documento não considera o enorme potencial existente de energias renováveis não-convencionais, como solar, eólica e biomassa. A diversificação é chave para o Brasil por questões de segurança energética.

A Agenda Elétrica Sustentável 2020, estudo do WWF-Brasil, mostra que é possível gerar 20% de nossa energia elétrica por meio de fontes renováveis não-convencionais, além de 38% de aumento da eficiência energética. O governo prevê em seu plano 10% até 2030.

Adaptação
A questão de adaptação é um importante tema para países em desenvolvimento como o Brasil, segundo aponta do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas. O Plano faz importantes menções a análises e mapeamento das vulnerabilidades do país, porém é preciso ter metas e ações mais específicas.

Eventos climáticos extremos, como a inundação ocorrida recentemente em Santa Catarina, deverão ser cada vez mais recorrentes no país. Por isso, o Plano Nacional sobre Mudanças do Clima deveria se articular principalmente com o Plano Nacional de Recursos Hídricos e as instâncias que compõem os Sistemas Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos. No âmbito das bacias hidrográficas, o documento deveria trazer uma abordagem mais ecossistêmica cuja manutenção da integridade ecológica, também chamada de "infra-estrutura natural", ajudará no processo de resiliência (a capacidade dos ecossistemas de absorver impactos e se recuperarem).

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Metas do Brasil para reduzir o desmatamento são insuficientes

03 Dec 2008 - As metas propostas no Plano Nacional sobre Mudanças do Clima para reduzir o desmatamento não são suficientes. Esta é a principal observação do WWF-Brasil sobre o documento no que diz respeito ao tema florestas. O plano foi divulgado no dia 1 de dezembro, a tempo para a 14ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), que se realiza em Poznan, na Polônia.

"Essa versão contém mais informações sobre metas de alguns setores, tais como o florestal”, diz Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação de Programas Temáticos do WWF-Brasil. “No entanto, não apresenta metas transversais que envolvam todos os setores nem mostra como eles poderiam contribuir para a redução total das emissões dos gases de efeito estufa”, acrescenta.

No Brasil, o uso da terra e as mudanças no uso da terra representam 75% das emissões de gases de efeito estufa, sendo que a grande maioria é proveniente do desmatamento da Amazônia. Portanto, a redução do desmatamento na Amazônia é um componente essencial de qualquer estratégia que vise à redução das emissões dos gases de efeito estufa no país.

No Plano, o governo brasileiro definiu uma meta de 40% de redução do índice anual de desmatamento no período 2006-09, com relação ao índice anual médio no período 1996-2005.

"Tal meta é razoavelmente ambiciosa. Para alcançá-la, no próximo ano o desmatamento terá que cair 23% em relação a este ano, diz Scaramuzza. Em cada um dos quadriênios subseqüentes, o governo pretende reduzir o desmatamento em 30% e alcançar uma diminuição total de mais de 70% até 2014-2017.

O alcance dessas metas poderia impedir 4,8 bilhões de toneladas de emissões de CO2 no período 2006-2017. Esse número é superior ao das emissões anuais da União Européia.

No cenário definido no Plano, a área média desmatada na Amazônia a cada ano seria de 5.742 km2 até 2014-17. "Isso é maior do que a área do estado de Rhode Island, nos Estados Unidos. O CO2 liberado devido ao desmatamento de uma área tamanha de floresta Amazônia seria, aproximadamente, equivalente às emissões anuais do Canadá, hoje”, compara Scaramuzza.

Juntamente com outras oito ONGs ambientalistas, o WWF-Brasil propõe desmatamento-zero para a Amazônia brasileira até 2015. Segundo Scaramuzza, "essa meta tem condições de ser alcançada se os atores chaves – desde os povos indígenas até os fazendeiros – receberem uma compensação pela conservação da floresta, evitando, assim, o desmatamento.”

Em agosto deste ano, o governo da Noruega prometeu US$1 bilhão para o recém criado Fundo Amazônia. Essa contribuição voluntária complementa as negociações climáticas em andamento, que contemplam a questão dos pagamentos pela Redução das Emissões oriundas do Desmatamento e da Degradação florestal (REDD). No entanto, as ONGs ambientais, como o WWF-Brasil, manifestaram sua preocupação com relação à efetividade do Fundo Amazônia.

"Esse fundo parece estar orientado basicamente para apoiar programas sob o comando ou controle governamental”, diz a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú. "Para se obter uma redução mais elevada do desmatamento, será preciso contar com mecanismos eficazes de compensação para os atores chaves que se encontram em campo, que são aqueles que determinam o destino da floresta."

Como parte de sua estratégia de longo prazo para a conservação da Amazônia, o WWF-Brasil apóia uma ampla variedade de iniciativas cujo objetivo é proteger os ecossistemas naturais e fazer o manejo dos recursos naturais.

O WWF-Brasil dá assistência ao ousado Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que tem por objetivo consolidar, até 2012, um total de 600.000 km2 em áreas protegidas, novas e já existentes nessa região.

Um estudo recente demonstra que as áreas protegidas já estabelecidas ou planejadas para criação em 2008, no âmbito do Arpa, significariam uma redução de 5,1 gigatoneladas de emissões de CO2 até 2050. Isso equivale, aproximadamente, a 14% das emissões globais anuais de CO2, ou 70% das emissões que se pretende reduzir durante o primeiro período do compromisso do Protocolo de Quioto.

 
 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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