01 de
Dezembro de 2008 A floresta amazônica arde
sob o fogo criminoso que já destruiu milhares
de quilômetros da região nos últimos
anos. É necessária urgência
no Plano de Mudanças Climáticas brasileiro
para conter o desmatamento - vilão do aquecimento
global.
São Paulo — A novidade do documento, lançado
segunda-feira (1/12), pelo presidente Lula, são
as metas de redução do desmatamento
ilegal.
Apesar de serem consideradas um
pequeno avanço, as metas de anunciadas pelo
governo são insatisfatórias. Desmatamento
Zero é o ideal. O Plano Nacional sobre Mudança
do Clima prevê redução de 40%
do desmatamento ilegal entre 2006 e 2010, em relação
à média do período 1996-2005,
com aumento de 30% a cada quatro anos. Além
de tímidas, as metas são condicionadas
à obtenção de recursos internacionais.
“Num momento de crise internacional
como o que vivemos, essa condicionante, deixa uma
justificativa pronta para o governo descumprir as
metas, além disso documento limita-se ao
combate do desmatamento ilegal - missão que,
com ou sem PNMC, é obrigação
do Governo”, diz o diretor de políticas públicas
do Greenpeace, Sérgio Leitão. “O Brasil
está na direção certa, mas
na velocidade errada”, avalia.
Zerar o desmatamento é
a forma mais rápida e barata de conseguir
a queda das emissões globais. Estudos do
IPCC (sigla para Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas) apontam que o
mundo pode atingir o pico de emissões até,
no máximo, em 2015, ano em que os índices
têm que começar a cair para que o processo
de aquecimento global não entre em um ciclo
irreversível.
O anúncio do plano coincide
com o primeiro dia da Conferência das Partes
(COP), que reúne, em Poznan, na Polônia,
governos de todo o mundo, até o dia 12 de
dezembro para negociar o acordo que entrará
em vigor quando o Protocolo de Kyoto expirar, em
2012. “A maior contribuição brasileira
para a luta contra as mudanças climáticas
é zerar o desmatamento até 2015”,
afirma Leitão.
Para atingir essa meta, o Greenpeace
defende que o governo brasileiro lidere a formação
de um fundo internacional de preservação
de florestas, que permita que os países ricos
alcancem parte de suas metas de redução
com financiamentos de mecanismos de proteção
de florestas em países em desenvolvimento.
“Mas as metas de redução de desmatamento
não podem ser condicionadas a neste mecanismo”,
completa Leitão.
Vulnerabilidade
O capítulo sobre vulnerabilidade
se resume a indicações de estudos
sobre o tema, não há medidas efetivas
que indiquem que o país está se estruturando
para proteger a população dos impactos
das mudanças climáticas.
As mortes causadas pelas chuvas
em Santa Catarina já podem ser consideradas
uma consequência do aquecimento global, resultado
do desmatamento da Mata Atlântica na região.
“Já alertávamos para o problema desde
o furacão Catarina, em 2004. E continuamos
a alertar: se medidas mais efetivas contra o aquecimento
global não forem tomadas urgentemente, outras
calamidades acontecerão”, afirma Leitão.
Enquanto Santa Catarina contabiliza suas perdas,
os deputados da bancada ruralista se articulam para
votar mudanças no Código Florestal
que incentivam o desmatamento.
Energia
Sobre o tema energia, o plano
continua sem metas de longo prazo para a produção
de energias renováveis. Já para a
eficiência energética, ganhou uma:
8%, bem abaixo dos 20% sugeridos pelo Greenpeace.
“O Brasil tem todas as condições geográficas
e climáticas para fazer uma verdadeira revolução
energética, mas está perdendo essa
oportunidade”, diz Leitão.
+ Mais
O mundo está de olho na
mais importante reunião sobre clima do ano
01 de Dezembro de 2008 Escultura
“Planeta Terra: Tipping Ponit” (expressão
em inglês para designar o ponto em que o ciclo
de alterações provocadas pelas mudanças
climáticas não terão mais retorno).
A escultura de três metros de altura permanecerá
em exibição até o final do
encontro, no dia 12 de dezembro.
Poznan, Polônia — Governos discutem em Poznan,
na Polônia, acordo para a segunda etapa do
Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
A mais importante reunião
mundial sobre mudanças climáticas
de 2008 começa nesta segunda-feira (1/12)
em Poznan, na Polônia, e o mundo está
de olho. Todos querem saber o que os governos representados
na Conferência das Partes (COP) da Convenção
da ONU sobre Mudanças Climáticas vão
apresentar de concreto para evitar os impactos do
aquecimento global sobre o clima do planeta. É
hora de enfrentar a situação com seriedade.
Temos os meios para tanto - haverá determinação
e coragem?
Para marcar o primeiro dia de
negociações o Greenpeace colocou,
perto do local onde está sendo realizado
o encontro, uma escultura gigante, batizada de “Planeta
Terra: Tipping Ponit” (expressão em inglês
para designar o ponto em que o ciclo de alterações
provocadas pelas mudanças climáticas
não teram mais retorno). A escultura de três
metros de altura permanecerá em exibição
até o final do encontro, no dia 12 de dezembro.
As negociações em
Poznan giram em torno do acordo para a segunda fase
do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Para
que o documento passe a vigorar no prazo estipulado,
ele precisa ser finalizado na próxima reunião
da ONU sobre Mudanças Climáticas,
marcada para dezembro em 2009, em Copenhagen, na
Dinamarca. Depois disso, o texto ainda precisa ser
ratificado por todas as nações que
participaram das negociações.
"Os impactos das mudanças
climáticas estão correndo a frente
das projeções científicas",
afirmou Stephanie Tunmore, da campanha de Clima
do Greenpeace Internacional. "No entanto, estamos
vendo uma falta de liderança nas negociações.
Há governos que ainda não entenderam
a urgência da crise climática."
Segundo o Painel Intergovernamental
da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC,
na sigla em inglês), caso a temperatura média
da Terra exceda os 2ºC, poderemos ter:
- escassez de água para
até 3,2 bilhões de pessoas;
- risco de inundação costeira a cada
ano, afetando 15 milhões de pessoas;
- subida do nível do mar devido ao derretimento
de placas de gelo, no longo prazo;
- perda de até 80% das florestas tropicais
e de sua biodiversidade;
- aumento da mortalidade por ondas de calor, inundações
e secas;
- aumento da desnutrição, diarréia,
doenças infecciosas e cardiorrespiratórias;
- perda da imensa biodiversidade dos recifes de
corais.
Na reunião da ONU de 2007,
em Bali, quando o 4o. relatório do IPCC foi
divulgado, foi acertada uma linha de negociação
para a segunda fase do Protocolo de Kyoto, com a
previsão de processos para financiar e fornecer
tecnologias limpas aos países em desenvolvimento
e um fundo para ajudar as vítimas do aquecimento
global. Mas pouco avançamos desde então.
Precisamos cobrar progressos, exigindo dos os governos
mais seriedade nas discussões sobre as mudanças
climáticas. O Greenpeace exige um acordo
mais amplo, profundo e forte do que o Protocolo
de Kyoto.
Para isso, é preciso que:
• O Brasil assuma o compromisso
de zerar o desmatamento até 2015;
• Os países desenvolvidos
assumam metas de reduções obrigatórias
das emissões de CO2 entre 25% e 40%, em relação
aos níveis de 11000, até o final de
2020, conforme indicações do IPCC;
• Os países desenvolvidos adotem uma meta
global de redução das emissões
para o período de 2013 a 2017, que seja coerente
com o cumprimento das reduções até
2020;
• Os governos elaborem um plano
de negociações para servir de base
para o acordo de 2009;
• Os governos elaborem um plano
de trabalho para 2009, com modelos de negociações
eficazes;
• Os governos assumam o compromisso
de criar fundos para a Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação
Florestal (REDD), com mecanismos que permitam que
mercados e financiamento públicos invistam
no combate do desmatamento,como o fundo da proposta
"Floreras para o Clima", apresentada pelo
Greenpeace;
• Os países desenvolvidos
estipulem o valor para os fundos de redução
do desmatamento e definam como o dinheiro será
levantado;
• Os governos criem financiamento
para mecanismos tecnológicos que visem a
redução de emissão dos gases
de efeito estufa, a partir de 2013.