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VALE DO ITAJAÍ: CRÔNICA DA OMISSÃO CONTINUADA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

Blumenau, Gaspar, Ilhota, Itajaí são cidades transtornadas. O movimento do vai-e-vem de helicópteros, comboios militares, ambulâncias e caminhões, a luta frenética de famílias inteiras contra a lama e entulhos que invadiram suas casas, os intermináveis congestionamentos, tudo contrasta com a paisagem bela e bucólica que acolheu os colonizadores alemães a partir de 1828 – seguidos pelos italianos.

Enchentes em Itajaí e os mesmos eventos registrados em diversas outras cidades da região, só que agravados por um extraordinário número de deslizamentos de terra – mais de uma centena de mortos – deixaram à mostra a vulnerabilidade do ambiente a eventos extremos como os registrados agora.

E isto não é novidade: a primeira grande inundação na região foi relatada em 1880. A última, em 1983.A unanimidade encontrada hoje, em 2008, nos depoimentos de atuais políticos, gestores públicos e militantes ambientais é perturbadora: anos e anos de omissão dos poderes públicos na gestão ambiental.

Todos apontam a ocupação urbana irregular das encostas dos morros e das margens dos rios, a destruição das matas ciliares como as causas principais do agravamento de um evento climático que, por si só, carregaria um poder de destruição arrasador.

Mais desconcertante ainda é saber que, conforme publicou hoje o jornalista escritor e historiador Ricardo Moreira de Mesquita, desde o século 19, sugestões já eram registradas por administradores para “combater” as enchentes.Igualmente desanimador é ouvir, pelas ruas, que 2008 será esquecido, como o foi 1983.

A pergunta incômoda é: diante da possibilidade de que as mudanças climáticas provoquem eventos extremos como o este com mais e mais freqüência, o que faremos agora para, pelo menos, reduzir o número de mortes, danos e perdas no futuro? Afinal, foram necessários 25 anos para que 1983 fosse esquecido.

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A lição de Santa Catarina

01 Dec 2008 - A segunda palavra mais ouvida e lida na mídia catarinense – depois de solidariedade –, em referência à catástrofe que já ceifou mais de uma centena de vidas, é o verbo reconstruir. Ambas são utilizadas com propriedade, evidentemente.

Entretanto, antes de usar como palavra de ordem a reconstrução, seria muito sábio o emprego do verbo repensar.É senso comum entre os estudiosos e gestores do estado e dos municípios que a ocupação de áreas sensíveis contribuiu de forma tragicamente decisiva para o sombrio saldo de vidas perdidas neste evento extremo, já potencialmente letal por sua magnitude.

E, depois das perdas de vidas, é preciso pensar nos danos econômicos causados pela tragédia, que destruíram estradas, equipamentos urbanos, infra-estruturas de fornecimento de água, gás, energia elétrica, comunicação.No primeiro (e principal) caso, vidas humanas foram expostas pela ocupação de encostas – e topos – de morros e orlas de rios, riachos, ribeirões.

Ora, em uma região que assiste a inundações desde sua colonização, e cujo solo tem estrutura extremamente frágil – segundo os estudiosos –, é impensável a reconstrução destas mesmas habitações e pequenos negócios à beira de corpos d’água ou nas montanhas e seus arredores. Primeiramente, porque é claríssimo o risco de novas tragédias humanas.

Em segundo lugar, porque é simplesmente ilegal.A legislação ambiental brasileira – uma das mais avançadas do mundo – já prevê e se antecipa a estes acontecimentos. Bastaria o respeito à lei ambiental para que várias mortes fossem evitadas.

E as leis da natureza, se observadas, contribuiriam com a sua parcela de benefícios.Vai daí que é necessário – antes de reconstruir – repensar a forma como vimos tratando destas questões.

Os planos de ordenamento territorial tanto nas áreas urbanas como rurais devem, acima de tudo (da especulação imobiliária, dos interesses pessoais), pautar-se pela visão holística, abrangente, em busca da harmonia necessária entre o desenvolvimento, o crescimento e a conservação dos recursos naturais, sob pena de que venhamos a sofrer mais e mais com os prejuízos humanos e econômicos aos quais assistimos neste episódio.

Não se trata, aqui, somente de Santa Catarina e seus 14 municípios atingidos, seus mais de cem mortos, seus mais de 1.500 desabrigados e seu ainda incalculável prejuízo econômico.

Trata-se de repensar o modelo de urbanização e desenvolvimento econômico de todo o País. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e tantas outras cidades brasileiras vivenciam, todos os anos, tragédias mais ou menos parecidas, e tudo se repete, se “reconstrói”. Repensar é a palavra de ordem.

 
 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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