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CEPTA PROMOVE EXPEDIÇÃO AO RIO MUCURI PARA SALVAR PEIXE AMEAÇADO DE EXTINÇÃO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

Carla Lisboa - Brasília (08/12/2008) – Na próxima semana uma equipe de pesquisadores do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros Continentais (Cepta), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizará a primeira expedição à região do rio Mucuri, entre Bahia, Minas e Espírito Santo, para levantar informações sobre a situação do peixe vermelha. Os dados a serem coletados vão subsidiá-lo na elaboração de um plano nacional de ação para recuperação da espécie e posterior reintrodução do peixe na natureza.

A vermelha (Brycon vermelha) está entre os peixes de grande porte brasileiros ameaçados de extinção. De acordo com informações do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, as principais ameaças e situações que levaram a espécie a entrar em declínio foram a destruição e alteração de seus habitats.

Embora haja registros em pequena quantidade da espécie no rio São Mateus, no norte do Espírito Santo, é na bacia do rio Mucuri que vermelha é endêmica. A construção de reservatórios e de hidrelétricas, bem como a introdução de espécies exóticas, como o tucunaré, o tambaqui e o bagre-africano, o desmatamento e o lançamento de esgotos domésticos e industriais, sobretudo oriundos dos frigoríficos, são os principais responsáveis pela alteração ou pela eliminação dos ambientes de águas movimentadas (lóticos) em que a espécie ocorre no rio Mucuri.

Com 321 quilômetros de extensão, o Mucuri atravessa uma região de elevada declividade e, por isso, apresenta muitas corredeiras apropriadas para sobrevivência e perpetuação da vermelha. Contudo, apesar da identificação das ameaças, há um projeto de construção de uma nova hidrelétrica pela empresa Queiroz Galvão que, segundo informações dos analistas ambientais do Cepta, poderá levar a espécie à extinção.

Conhecida pela ciência recentemente e, por isso, com pouca literatura a respeito de sua biologia, acredita-se que a vermelha realiza migração reprodutiva, ou seja, ela faz a piracema. Num estudo realizado na hidrelétrica de Santa Clara que conta com um mecanismo de transposição de peixes, localizada a 80 quilômetros da foz do rio Mucuri, o pesquisador do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (DBI/UFLA), Paulo dos S. Pompeu, avaliou a quantidade de peixes e de espécies que passavam pelo mecanismo na piracema que ocorreu entre novembro de 2003 e março de 2004. Ele contabilizou 60 mil peixes e, desses, havia apenas dois exemplares da Brycon vermelha.

Apesar de a pesca estar proibida desde a divulgação da Instrução Normativa nº 5/2004 do Ministério do Meio Ambiente, em que a vermelha figurava na lista oficial de espécies ameaçadas, ela é alvo da pesca comercial e predatória com redes, tarrafas e outros petrechos proibidos. Diante desse quadro, o Cepta/ICMBio decidiu avaliar a situação e produzir pesquisa para recuperação da espécie.

Os pesquisadores do Cepta vão estudar a biologia da vermelha em seu habitat, bem como a fisiologia e a biologia da reprodução, conservação genética e as ações antrópicas ocorridas na bacia que levaram ao declínio populacional do peixe. Com essas informações, eles querem levantar dados preliminares a fim de elaborar o plano nacional de ação para recuperação e inserção da pesquisa no Orçamento do governo federal para 2009.

Na região de Mucuri, as pastagens ocupam o espaço da vegetação ciliar e as encostas desnudas estão ameaçadas pelas voçorocas, desmoronamentos causados pela erosão subterrânea. O rio nasce na Serra do Chifre (MG) e seu curso corta parte dos Estados do Espírito Santo e da Bahia, onde deságua no oceano Atlântico.

A cidade de Mucuri, no sul da Bahia, tem uma estreita ligação com a vermelha. Além de fazer parte da culinária da região, o peixe faz parte da história do local. De acordo com relatos da história do Brasil, há registros de que o peixe era comum, abundante e um dos principais alimentos das populações indígenas que viveram nas proximidades do rio. Na língua dos índios Botocudos, canibais que viviam na região do rio Mucuri na época do Descobrimento, o termo mucuri significava “o pai das vermelhas”.
Ascom/ICMBio

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ICMBio dará prioridade à criação de Unidades de Conservação na zona costeira marinha, diz Rômulo

Luciana Melo - Brasília (08/12/2008) – O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello, anunciou na última sexta-feira (5), no workshop promovido pelo Instituto em parceria com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), na sede do Cepene (Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste), em Tamandaré (PE), que a próxima unidade de conservação (UC) a ser criada no País, a de número 300, será associada ao ecossistema marinho costeiro.

O ICMBio administra atualmente 299 unidades de conservação federais nos diversos biomas brasileiros. Segundo o presidente Rômulo Mello, há uma determinação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para se dar prioridade à criação de novas áreas protegidas no litoral. A meta é atingir 10% de toda costa brasileira.

Mello acredita que, pelo fato de o País ter apenas 0,4% do território protegido em áreas marinhas, o Brasil deve se posicionar em todas as reuniões que tratam dos sistemas marinhos, na perspectiva de resgatar essa dívida.

“As sociedades mundiais de forma geral tem uma divida significativa em relação aos Biomas Marinhos Costeiros. A maior parte dos países ainda trata dos sistemas costeiros como produtos de turismo e depósitos de lixo”, afirmou.

O workshop, que segue até segunda-feira (8), discute a conservação das espécies de peixes recifais ameaçados no Brasil e no mundo. Participam do evento 17 pesquisadores, sendo 11 estrangeiros e seis brasileiros. Dentre os especialistas brasileiros, dois são do Instituto Chico Mendes.

Após essa primeira fase de discussão, será realizada, de 9 a 12, a oficina da etapa nacional de avaliação do estado de conservação de algumas espécies de peixes, como os chernes, garoupas, meros, badejos, pargos e vermelhos (da família Lutjanidae e sub-família Epinephelinae), seguindo a metodologia e os critérios da IUCN.

A oficina será uma etapa importante para subsidiar a estruturação de um processo contínuo de revisão da lista nacional de espécies ameaçadas, que ficará a cargo da Coordenação de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade, ligada à Diretoria de Conservação da Biodiversidade do ICMBio.
Ascom/ICMBio
Com informações de José Roberto Lima

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Em operação de emergência, CMA salva filhote de peixe encalhado em praia da Paraíba

Márcia Néri - Brasília (08/12/2008) – Técnicos e analistas ambientais do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), passam por momentos de extrema expectativa. Na manhã de sexta-feira (5), ao encontrar um filhote recém-nascido de peixe-boi encalhado nas areias da Barra de Mamanguape, na Paraíba, uma equipe que se dedica ao socorro, pesquisa e cuidados do mamífero fez a reintrodução imediata do animal na área de reprodução.

A ação é uma tentativa dos pesquisadores do Projeto Peixe-boi de devolver os animais ao habitat natural e reaproximá-los o quanto antes dos prováveis membros de suas famílias. Para salvar o filhote, avistado de uma das torres de observação do CMA, a equipe precisou de rapidez e agilidade. O pequeno mamífero estava bem fisicamente, ainda carregava o cordão umbilical e apresentava condições de ser reintroduzido.

O analista ambiental e coordenador do Projeto, Magnus Severo, explica o trabalho da equipe. “Enquanto uma parte do nosso grupo examinava o filhote encalhado, a outra fazia buscas e monitorava a baía na tentativa de encontrar adultos da espécie, o que acabou acontecendo. Localizamos uma fêmea acompanhada de outros dois recém-nascidos. A suposta mãe estava agitada, como se estivesse realmente a procura de um filhote”, conta.

Segundo o coordenador, a chance do peixe-boi resgatado ser membro da família encontrada pelos pesquisadores é grande. Mesmo assim, o trabalho dos analistas e técnicos do ICMBio apenas começou. “O momento da reintrodução é crítico, pois a equipe perde o domínio do animal. Mas a expectativa deu lugar a emoção, pois o grupo acolheu o filhote e retornou ao berçário, área usada pelas fêmeas para darem à luz e alimentarem os filhos”, relata Magnus.

A família será monitorada 24 horas por dia durante pelo menos uma semana. “Não podemos correr o risco desse filhote encalhar novamente, pois ele passaria por momentos de estresse e correria o risco de não resistir”, pondera. “Nesse momento, além da mobilização das equipes do CMA, contamos com a ajuda da comunidade de Barra do Mamanguape, que vem fazendo um ótimo trabalho de auxílio em relação aos primeiros socorros e a observação constante da área”, acrescenta.

A reintrodução imediata de filhotes é uma ação experimental do Projeto Peixe-boi, que atua há uma década no resgate de animais das areias das praias de regiões escolhidas pela espécie para a reprodução. Até então, o trabalho consistia em salvar os mamíferos do encalhe e encaminhá-los ao CMA, onde ficam por pelo menos três anos recebendo cuidados até adquirirem condições de serem reintroduzidos na natureza.

Se o experimento for bem sucedido, somente os animais que necessitarem de atenção especial, ou aqueles cujas famílias não forem encontradas, serão encaminhados ao Centro. Em 2008 já foram resgatados seis filhotes. O período de reprodução está apenas começando e segue até meados do mês de março de 2009.
Ascom/ICMBio

 
 

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