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DEMARCAÇÃO EM ILHAS AFETARIA CULTURA DE ÍNDIOS DA RAPOSA, ALERTA MARINA SILVA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

10 de Dezembro de 2008 - Amanda Cieglinski - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PT-AC) afirmou hoje (10) que a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em ilhas seria “anormal”. Ela acompanha, no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento de ação que contesta a demarcação da reserva em área contínua.

“Espero que prevaleça o Artigo 231 da Constituição Federal e que não se tenha uma quebra na normalidade no que concerne à demarcação de terras indígenas, que ela seja de forma contínua”, disse Marina. “A demarcação em forma de ilhas desconstrói não só a terra, mas a própria cultura, a identidade e a possibilidade de que essas comunidades [indígenas] possam seguir seu destino de acordo com a sua tradição”, completou a senadora.

Sobre a possibilidade de conflito entre índios e produtores de arroz que vivem na Raposa após o término do julgamento no Supremo, independentemente da decisão, Marina Silva ressaltou que é papel do Estado mediar essas questões.

“Se alguém está querendo passar por cima da Constituição Federal, há que se colocar todos os meios possíveis para evitar qualquer forma de conflito.”

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também acompanha o julgamento e disse esperar que a decisão do STF respeite o direitos dos povos indígenas.

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Para Marina Silva, proibição de revisão de demarcações indígenas é preocupante

10 de Dezembro de 2008 - Ana Luiza Zenker - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, afirmou hoje (10) que vê com preocupação algumas questões apontadas pelos ministros em seus votos para futuras demarcações. “A idéia de que não se pode fazer revisão de terras que já foram demarcadas, no meu entendimento, prejudica as demandas de revisão que hoje estão postas pelos índios“, disse Marina Silva. Ela fez essa afirmação durante o intervalo da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), que julga a inconstitucionalidade da demarcação em terra contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

De acordo com a senadora, isso [a impossibilidade de revisão de demarcações] se dá sobretudo com os índios guaranis, em Mato Grosso, e alguns grupos indígenas de Santa Catarina. “Sorte que, dos dezoito pontos apontados pelo juiz Direito [o ministro Menezes Direito, primeiro a votar hoje], alguns já fazem parte da legislação e da própria Constituição, mas outros, no meu entendimento, são preocupantes, porque eles criam muitos obstáculos para as futuras demarcações e evitam processos reparatórios em relação a injustiças que foram praticadas no passado em demarcações que não contemplam os territórios originalmente ocupados pelos índios”.

A senadora disse esperar que a decisão do STF seja acatada, ainda que se inclua o uso da força como a Polícia Federal e o Exército, que estão na Raposa Serra do Sol.

O cacique Ednaldo Pereira Macuxi, da Raposa Serra do Sol, disse que os índios não vão agir com violência, mas também não vão sair da terra, que ocupam hoje, e disse que, se a decisão do STF for contrária à demarcação em faixa contínua, eles vão buscar outros meios de reparação, como as cortes internacionais.

“Nós precisamos conhecer os nossos direitos e isso está garantido na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa hoje 60 anos. Então, nós confiamos nisso [na possibilidade de recorrer a tribunais internacionais] para garantir o direito à terra indígena”.

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Indiferente a julgamento no Supremo, comunidade mantém rotina em Roraima

10 de Dezembro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Enviado Especial - Vila Surumu (Terra Indígena Raposa Serra do Sol) - A comunidade do Contão, a 30 quilômetros da Vila Surumu na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, não mudou sua rotina por causa do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que irá decidir sobre a constitucionalidade da demarcação da reserva em faixa contínua. A reportagem da Agência Brasil procurou pelo tuxaua (cacique) local e foi informada de que ele tinha ido pescar e não tinha hora para voltar.

Alguns indígenas demonstraram não saber que o julgamento estava acontecendo em Brasília. Em uma casa onde a televisão estava ligada, jovens assistiam um filme em DVD alheios à disputa fundiária.

A esposa do tuxaua, Rosa Macuxi, demonstrou indiferença em relação à futura decisão do Supremo. “Para nós não faz diferença esses arrozeiros ficarem ou saírem. Nunca ajudaram a gente mesmo.”

Apesar da queixa da indígena, a comunidade do Contão é ligada à Sociedade dos Índios Unidos em Defesa de Roraima (Sodiu-RR), entidade cujas lideranças apóiam a permanência dos produtores de arroz em parte da reserva.

No percurso entre a Vila Surumu e a comunidade Contão está o local onde, em maio, índios foram baleados por funcionários do produtor Paulo César Quartiero quando tentavam construir malocas nos limites da propriedade do arrozeiro. Ainda há no local alguns barracões, mas não há nenhuma concentração de indígenas. Em uma das entradas da fazenda, há apenas um trator do produtor.

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Decisão final sobre Raposa Serra do Sol deve sair no início de 2009, diz Gilmar Mendes

10 de Dezembro de 2008 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Apesar da decisão favorável da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) à manutenção da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, o julgamento do assunto só será concluído em 2009, por causa do pedido de vista do ministro Marco Aurelio Mello.

De acordo com o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, a votação deve ser retomada nos primeiros meses do ano que vem. “Vamos aguardar. O ministro Marco Aurélio como todos sabem é bastante célere, e certamente vai trazer logo [o voto vista]. Espero que ainda no início do semestre nós possamos julgar isso definitivamente”, calculou. O ano judiciário começa no primeiro dia útil de fevereiro.

Mendes afirmou que o Tribunal está trabalhando “com paradigmas sociais e políticos bastante sólidos” para balizar a decisão final sobre o tema, que deve influenciar outros processos de demarcações de terras indígenas,

“O Tribunal se pronunciou sobre como deve ser a demarcação, o procedimento demarcatório nos novos casos e nos casos em curso: com a participação do estado ou do município, a necessidade de que não haja um único antropólogo, por exemplo”, citou.

O presidente da Corte ponderou que o pedido de vista de Mello vai ampliar a “reflexão” sobre o tema. “Inclusive o governo, porque vai ter que reconstituir todo o procedimento demarcatório”, disse.

O relator do processo, ministro Carlos Ayres Britto, comemorou os oito votos favoráveis à manutenção da demarcação contínua e afirmou que a decisão já deixa clara a posição do Tribunal contra demarcações em ilhas, entendimento que deve ser estendido a outros processos.

No entanto, Britto lamentou que a retirada dos não-índios da área não tenha sido autorizada hoje (10) pelo STF.

“O que ficou em aberto foi a cassação da liminar para que o governo possa prosseguir no processo de desintrusão, que significa desocupação da área pelos não-índios que litigam com os índios quanto à ocupação e posse das terras”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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