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GOVERNADOR DIZ QUE ÍNDIOS DA RAPOSA SÃO MANIPULADOS POR INTERESSES ESTRANGEIROS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

8 de Dezembro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, disse hoje (8), em Brasília, que os índios favoráveis à demarcação em faixa contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, uma área de 1,7 milhão de hectares, são manipulados por órgãos do governo em favor de interesses internacionais.

“O índio não é ator principal nem coadjuvante desse processo, mas um elemento usado para atender interesses internacionais escusos”, afirmou o governador, em entrevista coletiva, convocada por ele para reforçar argumentos em prol de uma demarcação da reserva em ilhas. “É fácil comandar índio”, acrescentou.

Quando provocado a nominar os grupos estrangeiros, que estariam manipulando os índios, o governador não respondeu de forma conclusiva. Inicialmente, citou apenas o caso de dois funcionários de mineradoras americanas, que teriam sido presos pela Polícia Federal na região.

“Não posso nominar, mas são interesses de países desenvolvidos na biodiversidade da Amazônia”, disse o governador.

Anchieta Júnior se valeu de números para justificar a posição estadual contra a demarcação contínua. Segundo ele, 47% de estado de Roraima já estão comprometidos com demarcações.

O governador lembrou a demarcação Yanomami, também em Roraima, feita durante o governo de Fernando Collor de Mello. Segundo Anchieta Filho, o isolamento imposto a esses índios foi um exemplo da ineficiência de demarcações contínuas, uma vez que a expectativa de vida de um índio nessa área seria hoje de 45 anos.

“Será que é isso que o governo federal quer para a população indígena brasileira?”, questionou o governador, após garantir que 100% da classe política, 90% da população do estado e 80% das comunidades indígenas seriam contra a extensão dada pelo governo federal à Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Anchieta Júnior recorreu também ao suposto risco para a soberania nacional acarretado pela eventual saída dos não-índios da região. Ele citou, inclusive, o apoio explícito do genral Augusto Heleno, do Comando Militar da Amazônia, a este argumento. A Terra Indígena Raposa Serra do Sol está localizada na faixa de fronteira do Brasil com a Guiana e com a Venezuela. “A presença de não-índios significa a vivificação da fronteira. Tirar os brasileiros de lá é um risco à soberania”, ressaltou o governador.

Por fim, o governador de Roraima defendeu que as futuras demarcações de terras indígenas no Brasil sejam decididas pelo Congresso Nacional, por “ parlamentares que representem os seus estados”, e não por meio de decreto presidencial.

O julgamento sobre a constitucionalidade da demarcação da reserva em faixa contínua, homologada pelo governo federal em abril de 2005, será retomado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (10). Em 27 de agosto último, o relator, ministro Carlos Ayres Britto, votou pela manutenção da demarcação contínua, com a saída de todos os não-índios da reserva. Na ocasião, o ministro Menezes Direito pediu vista do processo para melhor estudá-lo.

Na área em disputa vivem atualmente cerca de 18 mil índios de seis etnias, seis grandes produtores de arroz e 50 famílias de agricultores brancos, que se recusaram a deixar a área, apesar das indenizações oferecidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

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Quartiero recomenda "reação correspondente" contra índios em caso de invasão

9 de Dezembro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Enviado especial - Pacaraima (RR) - O prefeito de Pacaraima e produtor de arroz, Paulo Cesar Quartiero, que preconizou o movimento de resistência a saída dos não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, afirmou hoje (9) ter recomendado aos seus funcionários que reajam com a força necessária diante de qualquer tentativa de invasão de sua propriedade.

“Dei ordem que se [os índios] forem invadir, que haja reação correspondente”, afirmou à Agência Brasil. Ele já se encontra em Brasília, onde irá acompanhar amanhã a retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da demarcação contínua da reserva, com área de 1,7 milhão de hectare.

“O assunto não se encerra no Supremo. Temos a indenização das benfeitorias e a questão do reassentamento. Não vamos ter que sair correndo”, acrescentou Quartiero.

O arrozeiro disse não temer que uma possível derrota na Corte se some à perda que teve nas urnas, durante as eleições de outubro, quando não conseguiu se reeleger à prefeitura de Pacaraima.

“A vida tem altos e baixos. No momento estou tendo mais baixos, mas ser produtor hoje no Brasil é uma atividade de risco.”

O produtor de arroz não quis responder às críticas feitas ontem (8) a ele pelo governador de Roraima, José de Anchieta Júnior. O líder do executivo local responsabilizou Quartiero pelo clima de animosidade instalado na região.

“Não vou discutir questões internas da política de Roraima neste momento em que o futuro do estado está em jogo.”

A previsão de Quatiero é de que a próxima safra de arroz em Roraima seja recorde, superando os 3 milhões de sacas anuais.

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Governador de Roraima e presidente do STF divergem sobre risco de confronto na Raposa

8 de Dezembro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Ao defender hoje (8), em Brasília, que o Supremo Tribunal Federal (STF) anule a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em faixa contínua, conforme homologado pelo governo federal em abril de 2005, o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, revelou temer um confronto entre as partes que se dividem em relação à saída dos não-índios da área de 1,7 milhão de hectares.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomará o julgamento sobre a constitucionalidade da demarcação na próxima quarta-feira (10).

“Hoje, há um clima tenso. Seja qual for o resultado, deve ter conflito. O nível de acirramento está muito grande”, afirmou o governador. “Nos preocupa muito que interesses externos chamem a atenção da mídia internacional a Roraima pela possibilidade de um índio morrer lá”, acrescentou Anchieta Júnior, ao salientar que as próprias comunidades indígenas não têm consenso sobre o assunto.


O governador classificou como “imprevisível” o resultado do julgamento. Garantiu que o estado ajudará a cumprir qualquer determinação judicial, mas ressalvou que a responsabilidade por um eventual confronto será da Justiça Federal. “O governo estadual estará de prontidão para ajudar em qualquer das situações. A postura é de cumprir o que o STF determinar”, assinalou.

Em Teresina, o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, disse não acreditar na ocorrência de conflitos na terra indígena, que está sob patrulhamento de agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança. "Não haverá resistência. Podemos ter aqui ou acolá críticas à decisão, mas ela, certamente, será cumprida”, garantiu.

Em 27 de agosto, quando o julgamento foi iniciado, o relator, ministro Carlos Ayres Britto, votou pela manutenção da demarcação contínua, que implicaria na saída de todos os não-índios da reserva.

Britto rechaçou argumentos do governo estadual de que haveria risco à soberania nacional e prejuízos à economia de Roraima, ao ressaltar que haveria no estado terra em abundância para todos os cidadãos que lá residem.

Hoje, Anchieta Júnior relativizou a posição do relator. “Uns gostam do azul, outros gostam do amarelo. É assim que se julga um processo”, disse. Para ele, as grandes extensões de terra de Roraima não podem colocar o estado em condição de ser comparado com outros mais privilegiados economicamente.

“Nós temos terra em abundância, mas não temos a legitimidade da propriedade delas. Quando se somam áreas indígenas, de preservação ambiental, do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e militares, não sobram 10% para o estado. Não dá pra fazer comparação com o Rio de Janeiro. Lá [em Roraima], nós não temos Bacia de Campos, a maior reserva petrolífera do Brasil.”

 
 
 
 
 
 

 

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