Panorama
 
 
 

LIDERANÇAS DEBATEM O IMPACTO DA SOJA NAS TERRAS INDÍGENAS DO CERRADO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

08 de dezembro de 2008 - A Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado - MOPIC, realiza o encontro "O impacto da soja sobre as Terras Indígenas do Mato Grosso", entre os dias 08 e 12 de dezembro de 2008, na Terra Indígena Wawi - Kisêdjê, no Parque Indígena do Xingu (MT). Técnicos da Diretoria de Assuntos Fundiários da Funai participam de debates relacionados à regularização fundiária e à proteção de Terras Indígenas, para colaborar com o objetivo do evento, de discutir e elaborar propostas referente às terras indígenas do Cerrado, cujas áreas encontram-se cada vez mais encurraladas e pressionadas pelo avanço desordenado do agronegócio no entorno e, por vezes, interior dos territórios indígenas.

O evento conta com a participação de lideranças indígenas de diversos estados abrangidos pelo bioma Cerrado: MT, MS, TO, MA, MG e SP, representados pelos seguintes povos: Xavante, Bakairi, Bororo, Chiquitano, Nambiquara, Paresi, Umutina, Irantxe, Enawene Nawe, Kayapó, Panará, Guarani Kaiowa, Terena, Kadiweu Kinikinawa, Karajá , Tapirapé, Xerente, Javaé, Krahô, Canela, Krikati, Gavião, Xacriabá, Caxixo, além de lideranças xinguanas.

A degradação do Cerrado no entorno das terras indígenas e as conseqüências no modo de vida e cultura desses povos constitui-se como eixo norteador das discussões, cujos principais tópicos são: situação fundiária e ambiental das T.I. no estado do MT; legislação ambiental para o bioma Cerrado/recursos hídricos; zoneamento sócio econômico ecológico -MT; saúde indígena; Conselho Nacional de Política Indigenista; o impacto das hidrelétricas sob as Terras Indígenas do Cerrado e Estatuto do Índio.

Apesar de imensa diversidade cultural e de guardar 5% de toda biodiversidade do planeta, o Cerrado encontra-se em constante ameaça, pois a cada ano vastas áreas do bioma são derrubadas para dar lugar à pecuária, eucalipto, e principalmente às monoculturas de soja, além dos grandes projetos de infra-estrutura, como construções de barragens, estradas e hidrovias, empreendidas para viabilizar a exploração e o escoamento de produtos agroindustriais.

O Estado de Mato Grosso constitui-se como o maior produtor de soja do Brasil e esta atividade caracteriza-se como um dos principais vetores para a abertura de novas áreas de expansão de desmatamento, o que vem causando degradação ambiental principalmente nas cabeceiras dos rios.

As monoculturas de grãos e os inúmeros armazéns das empresas produtoras de soja estão localizados nas proximidades de diversos territórios indígenas do Cerrado, e por não cumprirem as legislações ambientais brasileiras, causam graves impactos sócio culturais, ambientais e à saúde dos povos indígenas. Problemas como, desnutrição, desidratação, anemia, diarréia ocasionados pela contaminação pelo excesso na utilização de agroquímicos, são comuns nas aldeias que têm nos seus limites monoculturas de grãos.

A realização do evento tem como responsáveis a Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado, Associação Xavante Warã, Iny Mahadu e Associação Indígena Kisêdjê, financiamento do PPP-ECOS e Rainforest Network e apoio da Fundação Nacional do Índio, Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Instituto Socioambiental (ISA) e Cultural Survival.

+ Mais

Governo aguarda decisão sobre Raposa Serra do Sol

09 de dezembro de 2008 - O governo permanece otimista sobre o julgamento no Supremo Tribunal federal (STF) do destino da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Nesta quarta-feira (10) os 11 ministros do tribunal vão decidir a forma de demarcação da terra - se contínua (como prevê a homologação do executivo), ou não.

Seja qual for a definição, no entender do Ministério da Justiça se tratará de um novo parâmetro para os modelos de demarcação de terras indígenas no Brasil, numa adequação em parceria com o parlamento, a sociedade, a matriz antropológica e a questão jurídica.

A área - localizada no extremo nordeste do estado – foi homologada em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecendo uma reivindicação histórica dos índios. Apesar de conter 194 aldeias (18.992 habitantes), a Raposa Serra do Sol não é formada por ilhas. Os índios falam línguas parecidas e há até casamentos entre eles - criando uma rede de relações sociais que necessita ser preservada.

A Raposa Serra do Sol tem 1.747.465 hectares, o que equivale a 7,79% do território de Roraima. A densidade demográfica (19 mil índios), ao contrário de informações equivocadas, é maior do que nas demais áreas do estado, com exceção da capital, Boa Vista, com cerca de 250 mil habitantes.

Os índios possuem apenas o usufruto da reserva. O fato de haver demarcação de terras em área de fronteira não impede a entrada das Forças Armadas para a proteção da soberania nacional. Na Raposa Serra do Sol, por exemplo, existem três pelotões especiais do Exército para isso.

O Governo Federal, através de seus órgãos, desenvolveu vários projetos importantes em colaboração com Roraima, para permitir seu desenvolvimento econômico. A parceria prevê a realização de cursos de capacitação em ecoturismo, a criação de pólos de atividades produtivas; além da implantação de sistemas de saneamento ambiental para os municípios.

Já em recente laudo técnico do IBAMA constatou-se, por parte dos fazendeiros, o aterramento de lagoas naturais e de nascentes, além da ocupação irregular de faixas marginais de rios e da plantação de arroz em pelo menos 841 hectares inseridos em Áreas de Preservação Permanente (APPs).

A retirada dos arrozeiros da área indígena não implica prejuízos econômicos para o estado. O Governo Federal desenvolveu vários projetos importantes, em colaboração com Roraima, para permitir o desenvolvimento econômico do estado. A parceria prevê cursos de capacitação em ecoturismo, a criação de pólos de atividades produtivas; e até a implantação de sistemas de saneamento ambiental para os municípios. São soluções que evitam, ainda, impactos ambientais negativos.

“O Estado Democrático de Direito está se consolidando na região. Não é uma vitória de índio contra branco, nem contra arrozeiro, até por que o processo ainda não terminou”, declarou o ministro Tarso Genro. “Trata-se de uma concepção de território, de resguardo da pluraridade ética e social do país, que é declarada pela Constituição”.

Tarso reafirmou que o Ministério da Justiça vai cumprir a decisão do Supremo, seja ela qual for. Segundo ele, é tranqüila a situação em Roraima, que conta com a presença da Força Nacional e da polícia Federal. “Não há violência e, se necessário, mandaremos reforço à tropa”.

Sobre a presença de ONGs e missionários na região, o Ministério da Justiça enviou à Casa Civil a minuta de decreto que visa o controle de atividades que possam colocar em risco o patrimônio material e imaterial - determinante para a preservação da soberania e defesa nacionais.

Trechos da minuta - “Estudo recente, realizados pelo Governo Federal, no âmbito do Ministério da Justiça, diagnosticaram vulnerabilidades em algumas regiões, principalmente na Amazônia Legal. Neste sentido, a atuação de estrangeiro ou pessoa jurídica nas terras indígenas dependerá de autorização dos órgãos competentes”.

“O controle estatal e social da atuação em terras indígenas tem fundamento no texto constitucional, que à União competência para proteger e fazer respeitar todos os bens pertencentes aos índios, como os costumes, línguas, crenças e terras”.

“Quando as terras indígenas ou a unidade de proteção integral estiverem em áreas estratégicas, definidas como as localizadas na faixa de fronteira ou na Amazônia legal, a autorização deverá ser precedida de oitiva do Ministério da Defesa e do Conselho de Defesa Nacional”.

+ Mais

STF mantém demarcação contínua de Raposa Serra do Sol

11 de dezembro de 2008 - Mário Vilela - Oito dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal sentenciaram a retirada de produtores rurais que, ilegalmente, ocupam a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Apesar do pedido de vista do ministro Marco Aurélio de Mello adiar a conclusão do julgamento para o ano que vem, as comunidades indígenas de Raposa Serra do Sol já comemoram a vitória e a manutenção da homologação da terra indígena, em área contínua, com 1,7 milhão de hectares. “Não resta qualquer dúvida sobre os requisitos legais para caracterização da ocupação imemorial e tradicional indígena”, alegou, em seu voto, o ministro Joaquim Barbosa.

Seguindo o voto do relator Ayres Britto, os ministros avaliaram que não houve irregularidades no processo de demarcação realizado pela Funai. A decisão histórica põe fim à disputa de terra que o ministro Eros Grau, em seu voto, classificou como insensatez e tolice. Para o presidente da Funai, Márcio Meira, o posicionamento do STF ratifica a constitucionalidade na demarcação de terras indígenas. “As terras indígenas em faixa de fronteira não representam ameaça à soberania, assim como qualquer demarcação não fere o pacto federativo ou afeta a economia dos Estados”, afirmou Meira.

A continuidade do julgamento ainda não tem data prevista, mas a posição dos ministros é praticamente irreversível. Assim que for proferida a sentença final, que inclui a cassação da liminar que permitiu a permanência dos arrozeiros na região, os não-índios deverão deixar a TI Raposa Serra do Sol imediatamente. Além de Marco Aurélio, outros dois integrantes da Corte, Celso de Mello e o presidente do tribunal Gilmar Mendes, ainda vão se manifestar.

Embora oito ministros já tenham votado contra a ação movida por senadores de Roraima, sete magistrados concordaram em determinar 18 propostas apresentadas no voto do ministro Carlos Alberto Menezes Direito. Márcio Meira diz que as sugestões do STF dependem da aprovação de leis complementares pelo Congresso Nacional, e que as orientações remetem ao aprimoramento da gestão do órgão indigenista. “Queremos que essas regulamentações aconteçam para que nossos procedimentos administrativos se qualifiquem ainda mais”, disse Meira. Para o presidente da Funai as observações de Menezes Direito demonstram a necessidade de fortalecimento do poder público nas terras indígenas, e defende que a Funai já vem trabalhando nesse sentido, com o incremento do orçamento e realização de concurso em 2009.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.