08 de
Dezembro de 2008 - O Greenpeace instalou uma Estação
de Resgate Climático do lado de uma mina
de carvão na Polônia. O país
que recebe a reunião da ONU sobre mudanças
climáticas que definirá o acordo para
a segunda etapa do Protocolo de Kyoto é um
dos 20 maiores poluidores do mundo, graças
à sua dependência energética
no carvão.
Poznan, Polônia — Brasil
é o país mais qualificado para assumir
a liderança do encontro, mas está
perdendo esta oportunidade.
Depois de uma semana sem nenhum
avanço, a 14ª Conferência das
Partes (COP) da Convenção da ONU sobre
Mudanças Climáticas, que está
sendo realizada em Poznan, na Polônia, entra
nesta segunda-feira (8/12), numa fase mais decisiva.
Na quarta-feira (10/12) chegam ao encontro os ministros
do meio ambiente dos países participantes,
inclusive Carlos Minc. A ausência do primeiro
escalão de negociações tem
sido, até agora, a grande desculpa para os
acordos não avançarem. Isso sem contar
o jogo de empurra na discussão sobre as responsabilidades
com a redução das emissões
dos gases de efeito estufa.
“Todo mundo está esperando
por alguém. Os delegados dos governos esperam
pela chegada dos ministros, que, por usa vez, esperam
um posicionamento americano, mas a crise climática
é urgente e não espera por ninguém”,
disse Paulo Adário, coordenador da campanha
da Amazônia do Greenpeace, que acompanha o
encontro em Poznan.
O Brasil poderia liderar essa
discussão. “O Brasil é o país
melhor qualificado em termos de redução
de emissão de carbono. Nossa matriz é
limpa, temos a maior floresta tropical do mundo,
portanto um grande estoque de carbono, e dominamos
a tecnologia do biocombustível. No entanto,
o governo brasileiro teima em não assumir
a responsabilidade de liderar as negociações
internacionais”, avalia Adário.
As menores nações,
aquelas que serão mais atingidas pelos efeitos
das mudanças climáticas, são
as mais empenhadas nas negociações.
"A única liderança visionária
a estas conversações vem de Tuvalu,
um pequeno país que já convive com
os problemas causados pela elevação
de 1,5º C na temperatura média”, afirmou
Stephanie Tunmore do Greenpeace Internacional. A
elevação do nível do mar já
coloca o arquipélago de 11 ilhas, localizado
ao Sul do Oceano Pacífico, em risco. A grande
incidência de inundações causadas
por tempestades e ciclones é tão alta
que o governo já tem um plano para retirar
seus 11 mil habitantes de lá e já
fez um acordo com a Nova Zelândia que os receberá.
Muitos governos vão enrolar
as negociações até o novo presidente
dos Estados Unidos assumir o cargo e expor sua posição
em relação às mudanças
climáticas. “Mais uma vez os países
industrializados usam o refrão temos que
esperar pelos Estados Unidos, como uma desculpa
para não assumir suas responsabilidades.
Barack Obama será empossado em poucas semanas.
É hora da comunidade internacional dar um
voto de confiança, parar de enrolar e prosseguir
com o trabalho”, diz Stephanie.
Ativismo - Enquanto em Poznan
as negociações estavam paradas, ativistas
do mundo inteiro se movimentavam para lembrar que
as medidas de combate às mudanças
climáticas são urgentes e que o tema
tem que ser tratado com seriedade. No Brasil, foram
realizados protestos nas sete cidades onde o Greenpeace
conta com grupos de voluntários: Rio de Janeiro,
Brasília, Salvador, São Paulo, Belo
Horizonte, Porto Alegre e Manaus.
+ Mais
Ativistas se algemam na Paulista
em protesto do Greenpeace
08 de Dezembro de 2008 - Ativistas
e simpatizantes da causa se prenderam uns aos outros
com algemas para dar apoio aos dois ambientalistas
japoneses que podem ser condenados a até
30 anos de prisão.
Manifestação no Brasil faz parte de
uma série que acontece em todo o mundo nesta
semana
Na semana do aniversário
de 60 anos da declaração dos Direitos
Humanos, ativistas do Greenpeace de todo o mundo
organizarão manifestações de
apoio a dois ambientalistas japoneses que podem
ser condenados a até 30 anos de prisão.
No Brasil, o protesto aconteceu nesta segunda-feira
(8/12), na avenida Paulista, em frente ao vão
livre do MASP, onde ativistas e simpatizantes da
causa se prenderam uns aos outros com algemas.
Além disso, diretores executivos
dos escritórios do Greenpeace de vários
diferentes países, incluindo o brasileiro
Marcelo Furtado, estão no Japão para
convencer os embaixadores de seus países
a pressionar as autoridades japonesas a serem justas
no julgamento. “Houve uma inversão de papéis,
os responsáveis pelo programa de caça
científica, que na verdade é um disfarce
para a caça comercial de baleias, é
que deveriam estar respondendo a um processo”, diz
Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace.
Os dois ativistas japoneses, Junichi
Sato e Toru Suzuki foram presos no dia 20 de junho,
depois de denunciarem um grande esquema de venda
de carne de baleia, proibida por uma moratória
por mais de 20 anos, envolvendo o governo japonês.
Depois de quatro meses de investigação,
o Greenpeace chegou a indícios de um esquema
de tráfico de carne de baleia envolvendo
a tripulação do navio-fábrica
Nisshin Maru, que oficialmente caça baleias
para pesquisas científicas.
Uma das caixas retiradas do barco
foi interceptada pelos ativistas para comprovar
o esquema de fraude. A identificação
dizia que a caixa continha papelão, mas na
realidade trazia 23,5 quilos de carne de baleia,
com valor estimado de US$ 3 mil. “Está claro
que a prisão dos ativistas é um ato
político para silenciar um protesto pacífico
e proteger o chamado programa científico
de caças a baleias, financiado pelo governo
japonês com os impostos da população
oriental”, diz a coordenadora da campanha de baleias,
Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha
de oceanos do Greenpeace.
A carne de baleia não faz
mais parte da cultura japonesa. De acordo com pesquisa
encomendada pelo Greenpeace, 71% da população
é contra a caça. Em outra pesquisa,
realizada pelo jornal japonês Asahi, 96% dos
entrevistados disseram que poucas vezes ou nunca
comem a carne.