Panorama
 
 
 

RETIRADA DE NÃO-ÍNDIOS DA RAPOSA DEPENDE DA DECISÃO DO SUPREMO, DIZ DIRETOR DA PF

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

11 de Dezembro de 2008 - Thais Leitão - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, disse hoje (11), no Rio de Janeiro, que será preciso aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal para dar início a qualquer operação na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ontem (10), o julgamento da constitucionalidade da demarcação em faixa contínua foi mais uma vez suspenso, depois que o ministro Marco Aurélio pediu vista do processo, requerendo mais tempo para analisar o caso antes de declarar seu voto. Com isso, a decisão foi adiada para 2009.

“Vamos continuar lá presentes como estamos, mantendo a ordem, mas temos que aguardar a decisão final. Tudo indica que haverá demarcação contínua, isso significa que deve haver uma remoção [de produtores de arroz e outros agricultores não-índios], mas não é só uma tendência que vai desencadear uma operação. Precisamos do ato judicial dizendo os limites, o que pode ou não fazer, se vai ter prazo ou não. Sem isso, não podemos agir”, afirmou Corrêa, que participou da solenidade de posse do novo superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado Ângelo Fernandes Gioia.

Para garantir a segurança da área de 1,7 milhão de hectares, a Polícia Federal é responsável, desde abril deste ano, por um esquema especial de patrulhamento na Raposa Serra do Sol, que conta ainda com agentes da Força Nacional de Segurança Pública.

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Governador de Roraima promete retomar diálogo com Conselho Indígena

11 de Dezembro de 2008 - Marco Antonio Soalheiro - Enviado especial - Boa Vista - O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, admitiu hoje (11) que buscará uma reabertura de diálogo com o Conselho Indígena de Roraima (CIR) após o Supremo Tribunal Federal ter sinalizado ontem (10) que deverá manter a demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

“Não podemos radicalizar. Temos sempre, como gestores, que buscar alternativas que tragam consenso e bem-estar. Devemos buscar uma solução que atenda a índios e não-índios, quem sai e quem fica na região”, afirmou após a cerimônia de lançamento de um memorial em homenagem ao ex-governador Ottomar Pinto.

Anchieta Júnior saiu do evento às pressas para embarcar rumo a Brasília, onde deverá se reunir durante a tarde com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o governador, os assuntos da reunião serão questões fundiárias e ambientais, porém não conversará sobre a situação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, “porque a questão está judicializada”.

Apesar do discurso conciliador de agora, na última segunda-feira (8), Anchieta Júnior fez duras críticas ao CIR e ao governo federal. O governador afirmou que os índios seriam manipulados por organizações não-governamentais para favorecer interesses estrangeiros, em um processo que contaria com a conivência de órgãos federias.

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Índia casada com branco lamenta possível saída da Raposa Serra do Sol

11 de Dezembro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Enviado Especial - Vila Surumu (RR) - "O Lula [presidente da República] quer nos separar”. A frase é dita em tom de desabafo pela macuxi Maria Cecília, 47 anos, moradora da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, casada com o mestiço Clóvis Pereira da Costa, 50 anos, com quem tem três filhos, dois jovens e um adolescente. A índia se refere ao fato de o decreto presidencial que homologou a reserva condicionar a permanência do marido na área à abertura da pequena propriedade da família para uso comum.

Se o Supremo Tribunal Federal (STF) vier a confirmar a decisão de manter a demarcação em faixa contínua, que é questionada em ação na Corte, Maria Cecília diz que prefere deixar a área junto com o marido a conviver com os seus “parentes”, que defendem a terra como de uso exclusivo indígena.

“Vamos ter que sair porque temos outra ideologia. Tudo que você planta tem que dividir com eles [índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima, que defendem a demarcação contínua]. Se eles estiverem numa luta, você tem que estar lá, mesmo sem concordar com aquilo. Quem pensa diferente é discriminado, mesmo sendo da própria família”, reclamou Cecília, que é professora em uma escola da reserva. “Temos um pensamento amadurecido e, com certeza, iríamos para outro lugar. Eles querem o retrocesso”, acrescentou.
O marido da índia alega que se abrisse sua área para uso comum, “perderia a liberdade” de definir suas criações, já que teria que se submeter ao Conselho Indígena de Roraima. Ele espera que, caso tenha que sair, receba um indenização justa da Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo Clóvis, a Funai já ofereceu ao casal R$ 25 mil e reassentamento em área ao sul do estado, mas ele considera terem direito a, no mínimo, R$ 60 mil.

O maranhense Nilo Carlos, de 37 anos, é funcionário há 12 anos do produtor de arroz Paulo César Quartiero e, assim como Clóvis, casou-se com uma índia macuxi, Aldenora dos Santos, de 25 anos. O casal tem dois filhos pequenos e espera o terceiro. O operador de máquinas agrícolas diz ser vítima de preconceito: “Eu sou branco e vim escolher uma esposa indígena, mas eles [índios do CIR) não querem que fique no meio deles”.

Se vier a perder o emprego pela saída dos arrozeiros da reserva, Nilo já sabe em quem irá colocar a culpa. “O culpado é o presidente da República, que está desapropriando as fazendas e as famílias”, criticou.

Apesar das reclamações dos vizinhos, Martinho Macuxi, um dos coordenadores do CIR, lembrou que a entidade não se oporá à permanência na reserva dos brancos casados com índias que se dispuserem a viver conforme os costumes tradicionais, a vida em coletividade. “Aquelas pessoas que são de acordo com a comunidade vão permanecer. Aquele que não é será retirado daqui”.

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Julgamento da Raposa Serra do Sol é suspenso e decisão fica para 2009

10 de Dezembro de 2008 - Amanda Cieglinski* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Após o voto da ministra Ellen Gracie pela constitucionalidade da demarcação em faixa contínua das terras da Raposa Serra do Sol, em Roraima, o ministro Marco Aurélio manteve o pedido de vista do processo, ou seja, requereu mais tempo para analisar o caso antes de declarar seu voto.

Com isso, o julgamento fica suspenso e a decisão adiada para 2009. Com oito votos a favor da demarcação contínua, ainda não está eliminada, tecnicamente, a possibilidade de uma decisão pela permanência dos não-índios dentro da reserva, pois os votos dados até agora ainda podem ser mudados em função dos votos dos ministros que ainda não se manifestaram.

Apesar de oito votos a favor da cassação da liminar que, em abril, suspendeu a Operação Upatakon 3, da Polícia Federal, o ministro Marco Aurélio pediu vista também do processo que resultou na concessão da liminar. Sem decisão pela cassação da liminar, a Polícia Federal não pode retirar os arrozeiros da área da reserva.

Ellen Gracie afirmou em seu voto que acompanha “as preocupações externadas pelo ministro Menezes Direito”, que decidiu pela demarcação contínua, mas com 18 restrições. A ministra acredita que o julgamento de hoje (10) servirá como modelo para as próximas decisões sobre as terras indígenas.

“Essa decisão será um norte sobre como encarar as questões de marcação indígena daqui para adiante. É preciso que o Estado brasileiro se movimente no resgate dessa dívida ancestral que temos com a população indígena”, disse.
A sessão foi encerrada às 18h20.

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Índios da Raposa já comemoram decisão da maioria do STF favorável à demarcação contínua

10 de Dezembro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Enviado Especial - Vila Surumu (Terra Indígena Raposa Serra do Sol), RR - Índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) já comemoram na Vila Surumu uma possível decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela manutenção da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol em faixa contínua, mesmo com a perspectiva de um pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello.

Com as boas notícias vindas de Brasília, os índios cantam e dançam sem parar, animados pelo tuxaua (cacique) da comunidade São Bento, Dionísio Tobias. Ao microfone, ele brada: “Estamos vencendo, nossa luta continua até o último índio, até a última vaca”, em uma alusão aos animais que são mortos para alimentar os indígenas em seus festejos.

Quem roubou a cena na Vila foi a pequena índia Kelly Kawono'ba, de 6 anos, por uma frase pintada em suas costas: “obrigado, meu Deus, pelo voto do ministro”. Segundo a mãe da pequena índia, o nome dela significa estrela.

O sexto voto favorável à manutenção da demarcação em faixa contínua foi anunciado, com entusiasmo, ao microfone e seguido por muitos aplausos pelos índios, que cantam e dançam na quadra da comunidade do Barro.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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