Panorama
 
 
 

NEGOCIAÇÕES NA POLÔNIA DERRAPAM, AGORA É SE PREPARAR PARA COPENHAGEN

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Dezembro de 2008

12 de Dezembro de 2008 Urso polar sem-teto pede carona em Poznan, na Polônia, no final da COP14.
Poznan, Polônia — Na estrada rumo a Dinamarca, o fusquinha do Brasil finge que é Cadillac e impressiona.

As negociações da 14ª Conferência do Clima, em Poznan, na Polônia, desde o dia 1º de dezembro, chegaram ao fim, na sexta-feira (12/12), sem muitos avanços. Agora, é recuperar o tempo perdido se preparando para a próxima Conferência, que será realizada em Copenhagen (Dinamarca), em 2009, para fechar o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto, a partir de 2012.

"Os cientistas dizem que temos dez anos para evitar os desastres provocados pelas mudanças climáticas e já desperdiçamos um, com essas negociações emperradas. Dizer a mesma coisa que já se disse há um ano, em Bali, não é progresso”, disse Stephanie Tunmore, coordenadora da campanha de clima e energia do Greenpeace Internacional. Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia, que acompanhou as reuniões na Polônia, completa: "Poznan deveria pavimentar a estrada para Copenhagen, mas ela ainda continua cheia de buracos. O único avanço é que agora a gente vê melhor os buracos”.

Na queda de braço com os países desenvolvidos, as nações em desenvolvimento fizeram bonito e mostraram disposição para assumir suas responsabilidades no combate ao aquecimento global. Nesse capítulo, uma das estrelas foi o Brasil. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, impressionou com as metas de redução assumidas no recém-lançado Plano de Mudanças Climáticas. “Na estrada rumo a Copenhagen, o fusquinha do Brasil finge que é um Cadillac e segue em frente”, disse Adário.

Um dos temas que travou as negociações e colocou desenvolvidos e em desenvolvimento em campos opostos foi o foi o Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). No último dia do encontro, já passava da meia-noite em Poznan e os negociadores continuavam trancados discutindo o assunto. O grande nó da questão é a inclusão da Captura e o Armazenamento de Carbono (CCS), mecanismo que permite às indústrias emissoras estocarem os gases de efeito estufa, no MDL. A proposta é desfavorável ao Brasil e a outras nações em desenvolvimento, porque possibilita que o dinheiro do MDL, que seria aplicado em tecnologia limpa nesses países, seja empregado nos sistemas de estoque de carvão.

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[R]evolução Energética estimula criação de relatórios de cenários regionais

12 de Dezembro de 2008 Relatório [R]evolução Energética - 2º edição - São Paulo - Brasil, Internacional — Após Relatório [R]evolução Energética, diversos outros lançamentos em cenários nacionais e regionais aconteceram - entre eles, o [R]evolução Energética Europeu e o Japonês.

O cenário europeu projeta o crescimento da capacidade instalada de energias renováveis em seis vezes até 2050. A energia eólica e os painéis fotovoltaicos responderão a mais de dois terços deste total, complementado pela geração hidrelétrica, co-geração a biomassa, geotérmica e solar concentrada. Em comparação ao cenário de referência, a redução da demanda por eletricidade por meio de medidas de eficiência energética será superior a 30% em 2050.

O lançamento do [R]evolução Energética Europeu, na semana passada, aconteceu em um momento extremamente favorável para a energia eólica. O governo da Bélgica propôs aos governos da França, Alemanha, Holanda e Luxemburgo a construção de uma rede elétrica interligada entre os países a fim de atender a futura geração eólica no Mar do Norte. A idéia foi fortemente embasada pelo relatório Revolução Elétrica do Mar do Norte, lançado em setembro pelo Greenpeace Internacional. A cooperação deve ser estendida ao Reino Unido, Irlanda, Dinamarca e Noruega.

Enquanto isto, na Espanha, foi registrado um novo recorde para a geração eólica: a cobertura instantânea de 43% da demanda elétrica nacional, com 9253 MW funcionando simultaneamente. Para efeito de comparação, a média anual da energia eólica é de 11% de atendimento da demanda elétrica. Segundo estudo econômico recente, a capacidade instalada de 15.145 MW já rende uma contribuição de 2 bilhões de euros ao PIB do país, gera 37 mil empregos e evita a emissão de 18 milhões de toneladas equivalentes de carbono por ano.

O Japão também lançou, no final de novembro, sua versão do [R]evolução Energética. Nele, é proposta a substituição da notável geração nuclear em sua matriz elétrica por uma combinação entre a utilização de medidas de eficiência energética e o emprego de energias renováveis.

O estudo projeta uma matriz elétrica composta por 60% de energias renováveis em 2050. De um total de 205 GW, a energia solar de painéis fotovoltaicos responderia por 95 GW, seguida pelas gerações eólica (31 GW) e hidrelétrica (25 GW). A eficiência energética tem um papel chave no cenário: medidas de eficiência como o uso de coletores solares, substituição de equipamentos elétricos e co-geração cortarão pela metade tanto a demanda por eletricidade quanto o crescimento anual da demanda primária de energia até 2050. Como resultado, a emissão de gases de efeito estufa devem cair 26% até 2020 e 77% até 2050.

“Os fatos recentes na Europa comprovam que os números da revolução energética podem ser concretizados na prática. A geração eólica é extremamente confiável e traz benefícios ambientais, sociais e econômicos inegáveis. Mesmo países como o Japão, dependentes da geração fóssil e nuclear, mostram que há alternativas mais limpas, seguras e econômicas, como comprova o cenário”, analisa Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil.

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Greenpeace entrega água radioativa para ministros em Brasília

15 de Dezembro de 2008 Água entregue foi coletada em Caetité, na Bahia, onde a INB opera uma mina de urânio.
Brasília (DF) - Brasil — Material foi coletado em poços com altos índices de urânio no entorno de área de mineração na Bahia

Os ministros Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e Carlos Minc (Meio Ambiente) receberam hoje garrafas contendo ‘água radioativa’ que era consumida por parte da população de Caetité, no sudoeste da Bahia. A água, coletada em poços que apresentaram altos índices de urânio, foi entregue por um ativista vestido de “garçom-caveira” para cobrar medidas do governo federal em relação à denúncia feita pelo Greenpeace em outubro.

A investigação da organização ambientalista mostrou que a água consumida por famílias que vivem na área de influência direta da mina de urânio operada pela estatal Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) apresentava concentrações do mineral radioativo até sete vezes acima dos limites da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na ocasião, foi divulgado o relatório “Ciclo do Perigo: Impactos da produção de combustível nuclear no Brasil”, que detalhou as análises da qualidade da água bem como os acidentes, infrações e problemas de licenciamento que marcam a operação da INB em Caetité.

Após a denúncia, o Instituto de Gestão das Águas (Inga) da Bahia fez novas coletas de água e confirmou a contaminação ambiental por urânio em um poço na mesma região das análises do Greenpeace, localizado dentro do raio de 20 quilômetros no entorno da mina, definido pela licença ambiental do Ibama como área de influência direta do empreendimento da INB. Em novembro, após audiência pública para tratar do caso, o Ministério Público Federal determinou que uma auditoria independente fosse realizada para esclarecer a origem e a extensão da contaminação e os outros problemas relacionados à INB.

“Viemos cobrar medidas do governo federal, que ainda não se pronunciou a respeito da contaminação da água por urânio em Caetité”, afirmou Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia nuclear do Greenpeace. “Até agora, a INB, que é uma empresa estatal controlada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear e vinculada ao MCT, limitou-se a negar qualquer responsabilidade sobre o caso e não está colaborando com a investigação independente decidida pelos procuradores federais”.

Um estudo preliminar do MPF, porém, está em curso graças a convênio com o Inga. O órgão estadual está custeando o trabalho de uma equipe de especialistas independentes que está analisando os problemas da mineração de urânio na Bahia. Segundo o MPF, serão adotadas medidas judiciais para garantir a realização de uma ampla auditoria ao longo de 2009 sobre a atuação da INB. Após mais de 40 dias de problemas no abastecimento da água, as comunidades de Caetité se mobilizaram e já contrataram um escritório de advocacia de Salvador para defender seus direitos à informação e à água de qualidade.

“Antes de investir bilhões de reais de recursos públicos na retomada de um perigoso Programa Nuclear Brasileiro, o governo federal tem que considerar a saúde e o direito à informação das pessoas que vivem à sombra das operações da INB e que já sofrem na pele as conseqüências do uso da energia nuclear. É obrigação moral do governo tomar todas as providências para que a situação seja esclarecida de vez e o mais rápido possível”, conclui Rebeca.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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