18/12/2008
- Projeto Pesquisa Ambiental resultou na produção
de 389 trabalhos científicos superando a
meta proposta para 2008.
Em tempos de aquecimento global,
a pesquisa ambiental revela-se fundamental para
a compreensão de fenômenos como inundações,
deslizamentos de terra e erosões, como as
ocorridas em Santa Catarina recentemente, ou anos
atrás no município paulista de Jaboticabal,
em que pontes e carros foram arrastados pela força
das águas, provocando inúmeras mortes.
Com essa percepção, não só
acerca das questões climáticas, como
também da importância da biodiversidade,
entre outras, os pesquisadores dos institutos de
Botânica, Florestal e Geológico, órgãos
vinculados à Secretaria Estadual do Meio
Ambiente - SMA, produziram nos nove primeiros meses
de 2009 um total de 389 trabalhos científicos,
superando a meta de 120 publicações
proposta pelo Projeto Ambiental estratégicos
Pesquisa Ambiental.
Ao longo do ano, os pesquisadores
dos três institutos tiveram publicados ou
divulgados seus estudos em diversos meios de comunicação
científicas, como revistas, simpósios
e congressos, nacionais e internacionais, nas diversas
áreas do conhecimento ligadas ao meio ambiente,
como fitoquímica, fauna, anatomia e qualidade
da madeira, silvicultura, botânica e ecologia,
educação ambiental, hidrologia e melhoramento
genético, oferecendo a base técnica
para ações do governo estadual e prefeituras,
e a formulação de políticas
públicas.
A diretora do Instituto de Botânica,
Vera Bononi, que responde pela coordenação
do Projeto Pesquisa Ambiental, um dos 21 Projetos
Ambientais Estratégicos do Governo do Estado,
realça a grande produtividade dos pesquisadores,
mas lembra que “se trata do resultado de muito trabalho,
por parte de todos”. Segundo Bononi, uma parte significativa
das informações divulgadas é
fruto de trabalhos de longo prazo, desenvolvidos
ao longo dos últimos anos, envolvendo os
necessários cuidados e detalhamentos, além
de tempo para investigações e checagens
obrigatórias, que a pesquisa científica
exige.
Um exemplo é o trabalho
denominado “Estudos climáticos voltados à
compreensão das inundações
em Jaboticabal – SP”, apresentado, entre outros,
pelos geógrafos Gustavo Armani e Miriam Ramos,
do Instituto Geológico, durante o 8º
Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica,
em Alto Caparaó, Minas Gerais, em agosto
último. Segundo Armani, os estudos das “inundações
relâmpagos” ocorridas anos atrás naquele
município foram iniciados em 2006, por solicitação
da Defesa Civil do Estado.
Foram realizados mapeamentos de
riscos e histórico de ocorrências,
entre outros levantamentos, que até hoje
vêm subsidiando a prefeitura, permitindo o
redimensionamento de galerias de águas pluviais
e outras obras importantes para a adequada drenagem
da bacia. Além disso, as metodologias desenvolvidas
pelos pesquisadores são referência
para planejamento ambiental urbano, na gestão
de bacias, e formulação de planos
de manejo, em unidades de conservação.
Outro exemplo é o livro
“Diretrizes para Conservação e Restauração
da Biodiversidade no Estado de São Paulo”,
lançado no dia 24 de novembro passado, pelo
Instituto de Botânica e Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo – FAPESP. A publicação contém
dados biológicos consistentes sobre 92.183
fragmentos de vegetação natural remanescente,
enfocando as condições da fauna e
da flora, e aponta, por indicação
de vários pesquisadores, áreas em
todo o Estado consideradas prioritárias para
ações de criação ou
ampliação de unidades de conservação.
A publicação é um dos resultados
do Projeto Biota-FAPESP, iniciado em 1999, envolvendo
cerca de 160 pesquisadores de várias instituições.
Entre outros, os dados sobre os remanescentes vegetais
motivaram a elaboração de resoluções
da Secretaria do Meio Ambiente como a que estabelece
o zoneamento agroambiental, organizando a expansão
das atividades sucroalcooleiras.
Já a monografia “Comércio
Ilegal de Avifauna na Região Metropolitana
de São Paulo”, que teve a participação
da pesquisadora Elaine Aparecida Rodrigues, do Instituto
Florestal, como orientadora, recebeu “menção
honrosa” no 51º Concurso Cientistas de Amanhã
e 60a. Reunião Anual da SBPC, em julho, na
Universidade de Campinas.
Elaine orientou a estudante Ágata
Cobos Salgado, de 16 anos, que cursa o Ensino Médio
em São Paulo e participa do Programa de Jovens
da Reserva da Biosfera. A estudante fez um levantamento
do número de ocorrências e procedimentos
adotados pela Polícia Militar Ambiental,
com relação ao comércio ilegal
de avifauna na Grande São Paulo. Entre outras
conclusões, constatou que enquanto existir
consumidor, sempre haverá pessoas para retirar
esses animais da natureza e promover o comércio
ilegal. Assim, “a fiscalização e a
conscientização, por meio da educação
ambiental, são essenciais para desestimular
o consumo e quebrar esse círculo vicioso”.
Texto: Mário Senaga Fotografia: Instituto
Geológico