12 de
Dezembro de 2008 - Da Agência Brasil - Brasília
- Os governantes da União Européia
(UE) chegaram hoje (12) a um acordo sobre um pacote
de medidas contra as mudanças climáticas
que confirma os objetivos do bloco sobre a redução
das emissões de dióxido de carbono
(CO2), mas reduz a responsabilidade das indústrias
pesadas nesse processo, de acordo com a BBC Brasil.
Minimizar o impacto econômico
que o plano terá sobre esse setor, já
muito debilitado pela crise financeira, era a única
forma de conseguir a unanimidade entre os 27 países
europeus, já que Alemanha, Itália
e Polônia ameaçavam vetar o acordo.
O pacote elaborado pela Comissão
Européia (órgão executivo do
bloco) determina que, até 2020, a União
Européia deve reduzir em 20% as emissões
de gases poluentes e o consumo de energia, além
de aumentar também para 20% a participação
de energias renováveis no consumo total.
Uma das medidas centrais do pacote
é a inclusão de todos os setores industriais
no esquema europeu de comércio de emissões,
o que os obrigaria a comprar os direitos para emitir
gases que intensificam o efeito estufa em leilões
organizados pelo bloco. Atualmente, 90% desses direitos
são concedidos gratuitamente.
O texto aprovado determina que
a indústria européia, de forma geral,
terá que pagar pelos 20% dos direitos de
emissão a partir de 2013 e por 70% a partir
de 2020.
No setor energético, os
produtores só começarão a pagar
pela totalidade dos direitos em 2020, uma concessão
feita à Polônia, onde 95% da energia
produzida localmente tem como fonte o carvão.
"Cobrar por 100% dos direitos
já em 2013 causaria um aumento entre 2% e
3% no preço da eletricidade para os poloneses.
Isso não é possível. Não
é socialmente aceitável", disse
o presidente da União Européia, o
francês Nicolas Sarkozy, em entrevista coletiva
ao final da cúpula realizada em Bruxelas.
Mas o argumento não convence
as organizações ambientalistas, que
acusam a União Européia de "recompensar
os maiores poluidores, em vez de fazê-los
pagar pelo dano que estão causando".
"Subsidiar os maiores poluidores
é imoral e contra produtivo", disse
Sanjeev Kumar, coordenador da área na WWF
[ONG internacional de defesa do meio ambiente].
Apesar dessas mudanças,
os líderes europeus classificaram o pacote
de "histórico" e disseram que a
decisão confirma a liderança européia
no combate às mudanças climáticas.
"Nenhum outro país do mundo impôs
regras tão rígidas. A Europa pode
dizer: "Nós já fizemos. Agora
façam vocês'", afirmou Sarkozy.
O presidente da Comissão
Européia, José Manuel Durão
Barroso, pediu que os outros países sigam
o exemplo da União Européia, em especial
os Estados Unidos. "Nossa mensagem para nossos
parceiros é: "Sim, vocês podem'",
disse, em alusão ao lema de campanha do presidente
eleito norte-americano, Barack Obama.
+ Mais
Greenpeace pede ações
de ministérios contra contaminação
radioativa da água de Caetité (BA)
15 de Dezembro de 2008 - Da Agência
Brasil* - Valter Campanato/Abr - Brasília
- Protesto do Greenpeace no Ministério do
Meio Ambiente, que mostra garrafas com água
coletada por ativistas do movimento em poços
que apresentaram altos índices de urânio
no município de Caetité, na Bahia
Brasília - Um ativista do Greenpeace entregou,
hoje (15), garrafas contendo o que seria “água
radioativa” de Caetité (BA) nos ministérios
do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia.
Ele estava vestido de garçom e usava uma
máscara de caveira. A intenção
do manifestante era entregar as garrafas aos ministros
Carlos Minc e Sérgio Rezende.
Pesquisas do Greenpeace publicadas
no relatório Ciclo do Perigo: Impactos da
produção de combustível nuclear
no Brasil, em outubro, indicam que a água
consumida pelas famílias que vivem na área
de influência direta da mina de urânio
operada pela Indústrias Nucleares do Brasil
(INB), em Caetité (BA), apresenta radioativo
até sete vezes acima do nível tolerado
pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo Rebeca Lerer, coordenadora
da campanha de energia nuclear do Greenpeace, a
manifestação de hoje “foi um lembrete”
às autoridades sobre a situação
em Caetité.
De acordo com a coordenadora, o Greenpeace quer
que as medidas propostas pelo Ministério
Público Federal (MPF), em reunião
no dia sete de novembro, sejam cumpridas.
Rebeca Lerer revelou que a INB
quer duplicar sua produção em Caetité,
mas o MPF recomendou ao Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente (Ibama) que isso só ocorra
quando as condições para o licenciamento,
que estão em aberto, como a do controle da
saúde das famílias da região,
sejam resolvidas.
A expectativa, segundo Lerer,
é saber se o Ibama vai acatar a solicitação
do Ministério Público Federal. “Vamos
ver se o protesto de hoje ajuda o ministro a cumprir
sua responsabilidade”, afirmou.
No Ministério do Meio Ambiente
o ativista fantasiado de 'garçom-caveira'
e outros três manifestantes foram recebidos
pelo assessor de imprensa Ronie Lima. O assessor
disse desconhecer do que se tratava a manifestação,
mas que iria encaminhar a água recebida ao
ministro.
Mais tarde, em nota, o Ministério
do Meio Ambiente argumentou que o empreendimento
está localizado em uma área naturalmente
rica em urânio e que os níveis do elemento
na água potável na área de
influência da INB estão “em princípio,
dentro da normalidade”.
De acordo com o MMA, “a instalação
possui extenso programa de monitoramento ambiental
e nuclear que é auditado periodicamente pela
Agência Internacional de Energia Atômica.
Mesmo assim, o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]
exigirá contraprovas para apurar se a denúncia
do Greenpeace procede ou não”.
No Ministério da Ciência
e Tecnologia, após espera de mais de 30 minutos,
os manifestantes alegam que não foram recebidos
por nenhum funcionário e que apenas deixaram
apenas uma carta de compromisso protocolada na recepção.
A assessoria do órgão,
entretanto, afirma que os manifestantes foram recebidos
pela chefe de assessoria da comunicação,
Lúcia Muniz, a quem foi entregue a carta.
Em nota, a INB alega que o Instituto
de Gestão de Águas (Inga) do governo
da Bahia também analisou os níveis
de concentração de urânio nos
poços onde o Greepeace fez a coleta de água
e não encontrou anormalidades. A INB também
afirma que o Greenpeace colheu amostras para análise
científica no exterior, sem seguir os procedimentos
legais brasileiros, e não divulgou nem os
laudos nem o nome do laboratório inglês
onde foram feitas as análises.