22/12/2008
- Em 22 de dezembro de 1988, o líder seringueiro
acreano, Chico Mendes, foi assassinado na porta
de sua casa em Xapuri (AC). Tinha 44 anos e uma
história de lutas dedicadas à defesa
da floresta e de seus povos. Uma de suas bandeiras
era a criação de Reservas Extrativistas
(Resex) na Amazônia. Vinte anos depois, as
Resex que ele defendeu já são mais
de 40. Porém, muitas ainda aguardam pela
criação e outras, a implementação
efetiva para que, de fato, se transformem em alternativa
sustentável para os povos da floresta.
Vinte anos se passaram desde que
o líder seringueiro e militante sindical
Chico Mendes, símbolo da luta em defesa da
floresta amazônica, foi assassinado. Exatamente
num 22 de dezembro, em Xapuri (AC). Também
20 anos se passaram até que, finalmente,
Chico Mendes, fosse anistiado pelo governo brasileiro,
que reconheceu as perseguições sofridas
por ele durante o regime militar.
No último dia 10 de dezembro,
data em que a Declaração Universal
dos Direitos Humanos completava 60 anos, a Comissão
de Anistia do Ministério da Justiça
aprovou, por unanimidade, o pedido de anistia política
solicitado pela viúva Ilzamar Mendes. "Mendes
era um homem à frente do seu tempo. Sua anistia
é a afirmação do processo democrático
no Brasil", afirmou o ministro da Justiça,
Tarso Genro, que acompanhou o ato realizado em Rio
Branco, capital do Acre. A viúva receberá
indenização retroativa de R$ 337 mil,
e R$ 3 mil mensais.
Com a chegada do PT ao governo
em 2003, a luta de Chico Mendes foi homenageada
pelo Ministério do Meio Ambiente, à
época conduzido pela senadora Marina Silva,
com a criação do Prêmio Chico
Mendes de Meio Ambiente , conferido anualmente.
A cerimônia da edição 2008,
acontece hoje (22/12) no Rio de Janeiro. No Acre,
o governador Jorge Vianna também reverenciou
o líder seringueiro criando em 2004 o Prêmio
Chico Mendes de Florestania. O objetivo é
reconhecer e estimular anualmente programas, projetos,
atividades e ações que colaboram para
consolidar o conceito de florestania. No último
sábado, 20 de dezembro, por sinal, o prêmio,
em Edição Especial 20 anos, encerrou
a semana Chico Mendes no Acre e teve 20 premiados.
Confira aqui.
A luta de Chico Mendes frutifica
Assassinado por mobilizar os trabalhadores
rurais do Acre em defesa da floresta amazônica,
Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, foi
seringueiro, sindicalista, parlamentar e ecologista
reconhecido mundialmente. A partir de sua luta,
foram criadas as primeiras Reservas Extrativistas
(Resex) do Brasil, que, mais tarde, transformaram-se
num modelo internacional da preservação
do meio ambiente como forma de inclusão social.
Chico nasceu em 15 de dezembro
de 1944, no seringal Porto Rico, em Xapuri (AC),
e, ainda criança, começou a acompanhar
seu pai no trabalho de extração da
borracha. Aprendeu a ler e escrever somente aos
24 anos de idade. Iniciou sua vida política
nos anos 1970, quando liderou os famosos “empates”,
mobilizações pacíficas em que
um grande número de seringueiros, trabalhadores,
índios e pescadores desarmados, com suas
mulheres e filhos, davam-se às mãos
no meio da selva ou na beira dos rios para impedir
a derrubada das árvores.
Também nos anos 1970, período
mais negro do regime militar, participou da fundação
de alguns sindicatos de trabalhadores rurais do
Acre. Em 1977, foi eleito vereador para a Câmara
Municipal de Xapuri pelo Movimento Democrático
Brasileiro (MDB). Pouco depois, foi acusado de subversão
e torturado por realizar vários debates entre
seringueiros, índios, sindicalistas, religiosos
e ativistas.
Enquadrado várias vezes
na Lei de Segurança Nacional da ditadura
militar, a pedido de grandes fazendeiros e empresários,
também foi um dos fundadores do Partido dos
Trabalhadores (PT). A partir daí, passou
a sofrer constantes ameaças de morte. Em
1985, participou da fundação do Conselho
Nacional de Seringueiros e depois de sua proposta
pela “União dos Povos da Floresta”, seu trabalho
passou a ser internacionalmente conhecido.
Em 1987, depois de receber a visita
de representantes da ONU, Chico Mendes foi ao Senado
dos EUA para denunciar o financiamento internacional
de projetos de devastação das florestas
brasileiras. As denúncias fizeram com que
os projetos fossem suspensos e Chico foi acusado
por fazendeiros e políticos de prejudicar
o "progresso" do Estado do Acre. Meses
depois, o seringueiro começou a receber várias
homenagens nacionais e internacionais, como, por
exemplo, o Prêmio Global 500, oferecido pela
ONU.
No dia 22 de dezembro de 1988,
Chico Mendes foi assassinado por Darci Alves Pereira
a mando do fazendeiro Darly Alves da Silva. Dois
anos depois, ambos foram condenados a pena de 19
anos de reclusão. O criminalista Márcio
Thomaz Bastos (ex-ministro da Justiça no
primeiro governo Lula) atuou como assistente de
acusação no julgamento. Ambos estão,
hoje, em liberdade.
A partir do caminho aberto pelo
líder seringueiro, outras organizações
de pequenos produtores extrativistas surgiram, assim
como mudanças consideráveis no tratamento
oficial das questões ambientais no Brasil
e em outros países. A visão inédita
e transformadora de Chico aglutinou – dentro e fora
do Brasil – movimentos e tendências ambientalistas
e impulsionou a luta dos povos da floresta.