Panorama
 
 
 

COMBATE À SOJA TRANSGÊNICA E AO USO DE AGROTÓXICO PROVOCA EMBARGO DE 20 IMÓVEIS RURAIS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2009

Carla Lisboa - Brasília (17/12/2008) – Em uma fiscalização realizada em dezembro, dez agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) autuaram, multaram e embargaram 18 propriedades rurais por cultivarem soja transgênica no perímetro de 500 metros no entorno do Parque Nacional (Parna) das Emas, em Goiás, e outras duas por usarem agrotóxicos das classes 1, 2 e 3 nas lavouras situadas a menos de dois quilômetros da unidade de conservação. As multas aplicadas nos produtores de soja transgênica somam R$ 950 mil.

Do total de oito mil hectares que compõem a faixa de 500 metros no entorno do Parna, a qual é área de preservação permanente e não está apta para plantio, 1.590 hectares foram embargados por causa da soja transgênica. O uso de agrotóxico das classes 1, 2 e 3, proibidos na área de dois quilômetros no entorno das unidades de conservação, foram verificados numa faixa proibida redor do parque.

As duas propriedades embargadas pelo uso de agrotóxico foram flagradas com defensivos agrícolas proibidos pela Justiça, como o Zapp QI, Cetero, Lannate, Twister e Agral. Das propriedades vistoriadas para detecção de organismos geneticamente modificados (transgênicos), em apenas seis havia soja convencional, permitida pela legislação.

Além da soja, os agentes constataram ainda que 15.000 hectares do parque foram afetados pelo plantio de algodão transgênico. A legislação brasileira proíbe o plantio de algodão geneticamente modificado, evento 531, o qual confere resistência a insetos, a 800 metros das unidades de conservação. Segundo eles, quase todos os produtores agrícolas da região infringiram o Decreto nº 5.950/06, que proíbe o plantio de transgênico no entorno de unidades de conservação.

De acordo com o relatório da operação, outra fiscalização nas lavouras de soja está prevista para janeiro, mas, desta vez, com reforço policial, por causa da gravidade da situação e do crescente nível de tensão entre proprietários e poder público verificado na região. Entre eles há uma “clara disposição de enfrentamento da decisão judicial por parte dos agricultores”, informa o relatório da operação apresentado pelo chefe do Parna, Marcos da Silva Cunha.

Segundo Marcos Cunha, janeiro é o período crítico em que se inicia o combate à ferrugem asiática, uma doença que somente agrotóxicos incluídos na proibição judicial são capazes de combater. Por isso, segundo ele, no parecer apresentado no relatório sobre a operação, aconselha-se a erradicação de todo o plantio de transgênico da região, uma vez que, além do cultivo ser ilegal, exige o uso desse tipo de defensivo agrícola, o qual pode provocar problemas fitossanitários (contaminar outras plantações e a vegetação nativa) e resultar em problemas econômicos.

Realizada entre os dias 9 e 18 de dezembro, essa foi a terceira operação realizada na região do Parna das Emas, unidade de conservação situado na divisa dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em julho, durante a primeira operação, a equipe notificou praticamente todos os proprietários rurais com imóveis no entorno do parque e empresas de aviação agrícola a fim de alertá-los sobre a interdição do uso de agrotóxicos proibidos pela Justiça.

Na ocasião, os agentes apreenderam insumos e máquinas agrícolas e lavraram vários autos de infração, o que, no entendimento deles, resultou no clima de “animosidade entre produtores e funcionários do ICMBio e do Ibama que se vê atualmente na região. Diante da situação, foi proposto o Termo de Ajuste de Conduta (TAC). Durante a segunda operação, realizada em agosto, a equipe encontrou vasto plantio de soja.

Na terceira operação, realizada em dezembro, além das vistorias nas fazendas do entorno do Parna para verificar o cumprimento da decisão da Justiça Federal que proíbe a pulverização de agrotóxico proibido, os agentes foram incumbidos de verificar a existência de plantio de transgênicos e vistoriar imóveis rurais cujos proprietários não aderiram ao TAC proposto em meados de 2008.

No relatório sobre a operação, os analistas ambientais avaliam que, na época da primeira fiscalização, os produtores rurais subestimaram o trabalho dos fiscais por vários motivos, dentre eles porque não há tecnologia que substitua os produtos proibidos, por não acreditarem na fiscalização e por acharem que a decisão judicial cairia em prazo hábil à condução normal dos cultivos.

Várias propriedades não aderiram ao TAC e outras não regularizaram suas reservas legais, dentre elas seis imóveis ligados à empresa Perdigão, situados no município de Mineiros. Marcos Cunha informa que, “embora não seja diretamente responsável pelas ilegalidades constatadas nas fazendas, a Perdigão poderá ser responsabilizada em juízo por não cobrar o cumprimento das responsabilidades ambientais de seus parceiros”, afirma.

A maior parte das fazendas vistoriadas e que ainda serão fiscalizadas se localizam em Mineiros, mas a fiscalização verificou o descumprimento do TAC nos municípios de Serranópolis e Chapadão do Céu.
Ascom/ICMBio

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ICMBio regulamenta procedimentos para concessão de autorização relativa a atividades ou empreendimentos que tragam impacto às unidades de conservação federais

Sandra Tavares - Brasília (08/01/2009) – Com o objetivo de padronizar os procedimentos para a concessão de autorização relativa a atividades ou empreendimentos que tragam impacto às unidades de conservação federais, suas zonas de amortecimento ou áreas circundantes, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou nesta quinta (08), no Diário Oficial da União, Instrução Normativa de no 1, assinada no dia 2 de janeiro de 2009. A decisão quanto à autorização competirá ao Conselho Diretor do Instituto, que terá até 45 (quarenta e cinco) dias a contar da data de protocolo do requerimento para emiti-la.

Segundo a presidente substituta do ICMBio, Silvana Canuto, a instrução é um avanço. “É importante frisar que não somos órgão licenciador. Somos uma autarquia responsável por gerir 300 unidades de conservação. E nos casos de empreendimentos ou atividades que venham a impactá-las, por lei temos que ser consultados. Com essa regulamentação, ficam mais claros os procedimentos do órgão licenciador junto ao ICMBio”, destaca Canuto.

A resolução do Conama 13/90 prevê que a autorização tem que ser dada pelo órgão competente pela gestão da unidade de conservação, no caso o ICMBio. A partir dessa Instrução, o órgão licenciador deverá encaminhar requerimento ao ICMBio, instaurando o processo administrativo no Instituto. Este fará a análise técnica; a decisão; e emissão da respectiva autorização.

O requerimento deverá ser protocolado na sede da unidade de conservação afetada, na coordenação regional à qual a unidade esteja vinculada ou na sede do ICMBio; ser instruído com cópia integral de todos os estudos ambientais já realizados e apresentados ao órgão licenciador e indicar com clareza a localização, concepção e especificidades da atividade ou empreendimento.

Antes da decisão final do Conselho Diretor, análise técnica será feita por equipe técnica multidisciplinar, designada pelo chefe da Coordenação Regional do ICMBio à qual a unidade de conservação afetada está vinculada. O parecer técnico conclusivo deverá ser apresentado para conhecimento do conselho da unidade, caso exista, devendo constar no processo administrativo cópia da ata de reunião.

Na análise técnica serão considerados os impactos ambientais na unidade de conservação, sua zona de amortecimento ou área circundante, assim como os programas ambientais propostos e afetos à unidade; as restrições para implantação e operação do empreendimento, de acordo com o decreto de criação, características ambientais, zona de amortecimento ou área circundante da unidade; e a compatibilidade entre a atividade e as disposições contidas no plano de manejo, quando houver.

Caso a unidade de conservação não conte ainda com plano de manejo, a análise técnica deverá observar a manutenção do equilíbrio ecológico; a saúde, a segurança e o bem-estar das populações residentes, se houver, bem como as atividades sociais e econômicas por elas desenvolvidas; e as condições cênicas e sanitárias do meio natural.

Em empreendimentos que não implique significativo impacto autorização competirá ao gestor da unidade de conservação

Nos casos em que o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos não implique significativo impacto ambiental, a decisão quanto à autorização competirá ao gestor da unidade de conservação afetada, dentro do prazo de até 30 (trinta) dias, a contar da data de protocolo do requerimento. A análise será realizada por analista ambiental habilitado, designado pelo chefe da unidade. Concluído o parecer técnico, opinando pelo deferimento ou indeferimento do pedido de autorização, o analista ambiental encaminhará os autos administrativos ao gestor da unidade.

A regularização do licenciamento ambiental de empreendimentos implantados anteriormente à legislação ambiental e que afetem unidades de conservação federal, suas zonas de amortecimento ou áreas circundantes, também deverá contar com autorização do ICMBio.
Contexto legal

É competência do ICMBio emitir a autorização prevista no art. 36, §3º, da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação-SNUC (Lei nº 9.985/00), e no art. 2º, parágrafo único, da Resolução Conama nº 13/90. O documento é obrigatório e deve constar no processo de licenciamento de empreendimentos que afetem direta ou indiretamente unidades de conservação federais.

A Resolução Conama nº 13/90 estabelece que nas áreas circundantes das unidades de conservação, num raio de 10 quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota deve ser condicionada ao devido licenciamento ambiental, sendo este somente concedido mediante autorização do responsável pela administração da unidade, no caso o Instituto Chico Mendes.
Ascom/ICMBio

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Recurso de compensação ambiental contribuirá para identificação de espécies ameaçadas em SC

Márcia Néri - Brasília (08/01/2009) – Ambientalistas da região Sul e Sudeste do Brasil estão empenhados na elaboração da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Santa Catarina. O projeto começou há dois anos de forma tímida e voluntária com pesquisadores do Centro de Pesquisas e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (Cepsul) em parceria com integrantes ONG IGNIS Planejamento e In-Formação Ambiental, passou a ter apoio financeiro do ICMBio no primeiro semestre de 2008, e conta agora com aportes do governo do estado.

O reforço é proveniente de recursos da compensação ambiental cobrados pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA) ao Sistema de Transmissão Catarinense S/A (STC). O dinheiro permitirá o levantamento de dados e instituições de pesquisas que desenvolvam estudos com diferentes grupos de espécies no estado, assim como a aplicação da metodologia e critérios adotados pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) para a definição dos animais que irão compor a lista.

Para a analista ambiental do Cepsul, Ana Maria Torres Rodrigues, o apoio veio em um momento importante. “Santa Catarina nunca conseguiu elaborar essa lista. Estamos atrasados em relação aos outros estados do Sul e Sudeste e sem esses recursos não teríamos como avançar nessa tarefa”, adverte ela, que é coordenadora técnica do projeto. “A verba também será aplicada na divulgação dos benefícios da conservação das espécies e ecossistemas locais, na realização de oficinas e na estruturação do banco de dados e de imagens do trabalho”, enfatiza.

Em dezembro de 2008, motivados com as novas perspectivas e dando continuidade ao cronograma de trabalho, os coordenadores do estudo estiveram reunidos no Cepsul, em Itajaí. No encontro, foram discutidos o andamento, as dificuldades e os avanços na elaboração da lista. “Além da identificação das espécies, temos o desafio de adotar bons mecanismos para a obtenção do maior número de informações e imagens dos animais que correm risco de extinção”, explica Ana Maria.

Deficiência de dados, bem como de especialistas de outras regiões de Santa Catarina, especialmente do oeste do Estado, onde existem lacunas sobre a fauna local, são os maiores entraves enfrentados até o momento pelos pesquisadores. No entanto, Ana Maria destaca que as perspectivas são promissoras. “Já contamos com a dedicação e a colaboração de ótimos professores de universidades e instituições de pesquisa do país. Com os recursos aprovados, poderemos patrocinar viagens, reuniões presenciais entre os coordenadores e ainda será possível agregar novos colaboradores ao trabalho”, afirma.

O encontro de Itajaí foi considerado um marco pelos participantes. Até o fim de 2010 a lista estará pronta e será entregue ao governo do estado no formado de um Projeto de Lei. “Um documento desse porte é importante para subsidiar as providências necessárias à recuperação das populações das espécies identificadas em nosso estudo”, acrescenta Ana Maria.

O próximo evento previsto para debates sobre a pesquisa e os trabalhos em andamento será o III Fórum de Discussão das Espécies da Fauna Catarinense Ameaçada de Extinção, que ocorrerá em Blumenau, em março de 2009.
Ascom ICMBio

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Parque Nacional do Iguaçu comemora 70 anos de criação

Luciana Melo - Brasília (07/01/2009) – O Parque Nacional do Iguaçu comemora no próximo sábado (10) seu 70º aniversário. Fundado em 1939, a unidade conservação foi o segundo parque a ser criado no Brasil, com o objetivo de proteger uma vasta área do Oeste do Paraná, ao qual estão incluídas as Cataratas do Iguaçu, principal ponto turístico da região.

Segundo o chefe da unidade, Jorge Pegoraro, um dos pontos altos da festividade será a apresentação dos resultados do Projeto Memória das Cataratas, que resgatou parte da história do parque a partir das fotos e histórias de pessoas que visitaram o local ao longo destes 70 anos.

A comemoração contará também com um show do cantor Guilherme Arantes, no mirante central das Cataratas. Arantes é conhecido pelo sucesso da música “Planeta Água”, uma homenagem às quedas d'água mais famosas do país.

Além disso, o parque ganhará da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, um carimbo em homenagem aos 70 anos. O carimbo será utilizado nas correspondências da agência central dos Correios de Foz do Iguaçu e depois será recolhido ao Museu Nacional dos Correios, em Brasília (DF). Estarão presentes no evento, representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

 
 

Instituto Chico Mendes
Ascom

 
 
 
 

 

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