5 de Janeiro
de 2009 - Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Até o final do
primeiro semestre deste ano, deverá estar
constituído o comitê gestor da Reserva
Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (Resex-Mar),
localizada na Região dos Lagos do estado
do Rio de Janeiro.
O comitê envolverá
representantes dos governos federal, estadual e
municipal, além de organizações
não governamentais, acadêmicos e membros
da sociedade civil, com destaque para os pescadores
locais.
A formação desse
comitê é uma das medidas necessárias
para o funcionamento da reserva, disse hoje (5)
à Agência Brasil o coordenador do projeto
Ressurgência, Rogério do Valle, do
Laboratório de Sistemas Avançados
de Gestão da Produção (SAGE),
da Coordenação de Programas de Pós-Graduação
de Engenharia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Coppe/UFRJ).
Integrante do programa Petrobras
Ambiental, o projeto Ressurgência se propõe
ajudar a constituição do comitê
gestor através de um modelo de gestão
cooperativa, informou Valle. Ele salientou que vários
interesses, “às vezes conflitantes”, têm
retardado esse processo. Entre eles, Valle citou
a pesca, o turismo, o porto e a exploração
eventual de petróleo.
“A questão é determinar
o que vai ser produzido dentro da reserva extrativista,
em que quantidade, beneficiando a quem. É
esse acerto que precisa ser feito pela comunidade
local, baseado em números sobre o estoque
pesqueiro, a degradação, outras experiências,
e por uma formação dos atores sociais”,
observou.
O coordenador do projeto salientou
que a idéia é ter a reserva conservada,
mas mantendo projetos de atividade econômica.
Daí a preocupação de que essa
atividade não seja predatória, para
garantir o equilíbrio da biodiversidade do
ecossistema marinho local.
Com apoio da Petrobras, o projeto
Ressurgência está realizando no município
de Arraial do Cabo um curso de pós-graduação
para formação de gestores da reserva,
além de um curso com jovens locais na área
de comunicação.
Segundo Valle, a idéia
é unir esforços para impedir a degradação
ambiental, dando condições à
manutenção da pesca artesanal. “O
próprio turismo tem interesse que essa imagem
permaneça”, explicou.
Pesquisa realizada pelos técnicos
da Coppe identificou que a pesca tradicional, que
é a principal atividade econômica de
Arraial do Cabo, está sendo ameaçada
pela pesca predatória. “A pesca predatória
prejudica os pescadores, destrói o fundo
do mar. E há um grande interesse em terminar
com esse tipo de prática que, infelizmente,
ainda é muito freqüente, porque não
há uma repressão concatenada dos órgãos
públicos do estado, do município e
da União”, relatou Valle.
Segundo ele, a população
de peixes na região caiu 50% no período
de 1992 a 2006. A queda poderia estar associada
à piora das condições ambientais
locais. De acordo com o estudo, das 89 espécies
capturadas em 1993, apenas 48 foram obtidas em 2007,
o que indicaria uma sobre-pesca, ou seja, uma pesca
acima do permitido pelo ambiente sustentável.
Como a qualidade também
caiu, os pescadores passaram a oferecer variedades
de peixes que antes não vendiam. “E a qualidade
caiu porque a quantidade também vem caindo.
Então, a sobrevivência da pesca artesanal
está muito ameaçada naquela região.
E, com ela, uma boa parte do turismo também
pode sair prejudicada.”
Valle espera que o patrocínio
da Petrobrás ao projeto Ressurgência,
que completa este ano 24 meses de existência,
seja renovado em meados de 2009 pelo mesmo prazo.
+ Mais
Cientistas brasileiros trazem
gelo da Antártica para estudar mudanças
climáticas
7 de Janeiro de 2009 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- Depois de 16 dias no continente antártico,
com temperaturas de até 40 graus negativos,
o grupo de sete cientistas brasileiros e um chileno
da expedição Deserto de Cristal, que
desembarcou hoje (7) no Brasil, trouxe na bagagem
muito gelo para pesquisa. O material será
analisado no único laboratório de
glaciologia do país, na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
“No interior do gelo está
o material que nos interessa: são pequenos
glóbulos de ar retidos durante centenas de
anos. Com esse material é possível
fazer comparação entre atmosfera passada
e atmosfera presente, ver a diferença entre
a concentração de gás carbônico,
a temperatura da terra”, explicou a coordenadora
para Mar e Antártica do Ministério
da Ciência e Tecnologia, Maria Cordélia
Machado.
De acordo com a coordenadora,
essa foi a primeira vez que pesquisadores brasileiros
avançaram continente adentro. “Ele ficaram
muito próximos do Pólo Sul”, relata.
As amostras de gelo foram coletadas a 45 e a 95
metros de profundidade no Monte Johns, a mais de
mil quilômetros da Estação Antártica
Comandante Ferraz, base brasileira no continente.
Segundo Maria Cordélia,
as pesquisas com gelo são fundamentais para
o estudo das mudanças climáticas,
por fornecer comparações numéricas
da concentração de gás carbônico,
um dos chamados gases de efeito estufa, que, intensificado,
provoca o aquecimento global.
“É fundamental saber que
quantidade de gás carbônico existia
em 1700, depois comparar com a concentração
do gás na época da Revolução
Industrial e com a nossa época para traçar
estratégias para o futuro do planeta”, avaliou.
Além dos estudos climáticos,
a Antártica é cenário para
pesquisas sobre radiação solar, raios
ultravioleta e camada de ozônio. “Outro exemplo
é o estudo do não-congelamento do
sangue de peixes antárticos, para, com base
nisso, desenvolver pesquisas para a saúde
humana”, acrescentou a coordenadora do MCT.
A expedição Deserto
de Cristal ainda não tem novas viagens programadas
ao interior do continente. A partir dos resultados
obtidos com as amostras coletadas, o grupo definirá
as próximas etapas e a necessidade de novas
coletas.
Já a Estação
Antártica Comandante Ferraz funciona durante
todo o ano, com pesquisas dedicadas principalmente
ao estudo da biodiversidade do chamado continente
gelado. “O Brasil agora tem dois navios antárticos,
vai poder trabalhar muito bem toda a baía,
o entorno, com pesquisas oceanográficas,
sobre a biodiversidade”, destacou a coordenadora.
+ Mais
Caixa só financiará
construtoras que usarem madeira legal
2 de Janeiro de 2009 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- A partir de hoje (2), a Caixa Econômica
Federal vai exigir o uso de madeira de origem comprovada
nos empreendimentos imobiliários que for
financiar. Acordo entre a Caixa, o Ministério
do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) pretende coibir o uso de madeira ilegal,
geralmente retirada em desmatamentos na Amazônia.
Nas construções
imobiliárias, há utilização
de grandes quantidades de madeira em andaimes, forros
e esquadrias, por exemplo.
A Caixa vai incluir nos contratos
firmados com as construtoras um cláusula
que torna obrigatória a apresentação
do Documento de Origem Florestal (DOF) - documento
virtual que comprova a origem, a quantidade e finalidade
da madeira consumida. A regra não vai atingir
pessoas físicas que financiem material para
compra ou reforma de imóveis.
De acordo com o Ibama, o DOF garante
que a madeira tem origem em desmatamentos autorizados
– quando proprietários de terra derrubam
os 20% de sua propriedade a que têm direito,
no caso da Amazônia – ou de manejos florestais
– quando apenas as grandes árvores de valor
comercial são retiradas da floresta.
O instituto vai treinar funcionários
da Caixa para consulta ao Sistema DOF para que tenham
acesso à informações da madeira
usada pelas construtoras. Para as empresas, a orientação
é procurar uma das unidades do Ibama nos
estados para inscrição ou regularização
em um cadastro federal para movimentação
de madeiras.
Até 30 de junho, a ação
terá caráter educativo, segundo a
Caixa. Após essa data, as empresas que não
apresentarem os documentos não terão
acesso a novos financiamentos do banco e serão
investigadas pelo Ibama.