11 de
Janeiro de 2009 - Da Agência Brasil - Antônio
Cruz/Abr - Taguatinga (DF) - Pioneira na agricultura
orgânica no Distrito Federal, a produtora
rural Massae Watanabe afirma que nos últimos
anos a procura por alimentos produzidos sem agrotóxicos
aumentou significativamente
Brasília - A demanda por produtos cultivados
sem uso de produtos químicos é cada
vez maior, afirmam agricultores que aderiram à
utilização de técnicas orgânicas
de controle às pragas em suas lavouras.
Pioneira na agricultura orgânica
no Distrito Federal, a produtora rural Massae Watanabe
conta que nos últimos anos a procura por
alimentos produzidos sem agrotóxicos aumentou
significativamente.
“É preciso chegar de manhã
cedo [à feira onde a produção
é comercializada] para conseguir comprar
as frutas e verduras frescas que plantamos, pois
tudo é vendido muito rápido.”
A agricultora conta que desde
o ano passado tem crescido o número de produtores
de orgânicos certificados pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
No entanto, a procura continua maior que a oferta.
“Tem cliente que briga quando não tem o produto
que deseja. Tem gente que não entende que
a chuva e outros diversos outros fatores complicam
a produção da gente, já que
não usamos agrotóxicos.”
A preocupação com
a saúde e a preservação do
meio ambiente foi um dos motivos que levaram Massae
a trocar a agricultura convencional pelas técnicas
relacionadas à produção orgânica.
Inicialmente, ela suspendeu o uso de agrotóxicos
de suas plantações. O resultado agradou
a Massae de tal maneira que, em 2001, a produtora
ajudou a fundar o Mercado Orgânico, uma das
maiores associações de agricultores
orgânicos da região.
Aos poucos, a propriedade rural
dela aderiu a outras técnicas de controle
biológico. Um dos métodos que Massae
adota para combater pragas e outros inimigos da
lavoura sem recorrer a defensores químicos
é cultivar também plantas com cheiro
e cores atrativas. "Elas chamam a atenção
das pragas, livrando as hortaliças dos predadores",
explica.
A combinação de
culturas é outro ponto destacado por Massae,
que produz quase 30 tipos de itens, entre hortaliças
e frutas. A produção rende de três
a sete toneladas mensais. "Utilizo o manejo
integrado de forma a criar um ambiente equilibrado.
À medida que vamos investindo nesse processo,
vemos o equilíbrio do sistema e isso reflete
no controle da pragas e doenças", conta
a agricultora.
Todos esses cuidados fazem com
que o valor dos orgânicos seja um pouco mais
elevado do que o dos produtos cultivados em lavouras
com métodos convencionais, segundo Massae.
"O preço é superior ao do convencional,
para manter os custos de produção
e também para remunerar o produtor. É
também um custo social. O consumidor deve
ter a compreensão do que seja um processo
dessa natureza."
Segundo o produtor orgânico
Joe Valle, essa diferença de preços
também resulta da falta de pesquisas e tecnologias
voltadas à produção de alimentos
orgânicos, que leva a um aumento na contratação
de mão-de-obra. “Temos 70 empregados, quatro
vezes mais do que o número em uma propriedade
que lida com a agricultura convencional”, aponta
Valle, dono da Fazenda Malunga, também localizada
no Distrito Federal.
Mas, para ele, o preço
alto não intimida os consumidores, que estão
mais preocupados com a qualidade da alimentação.
“O mercado de orgânicos está crescendo
muito, a demanda está grande e as pessoas
estão mais preocupadas com a saúde
alimentar.”
A fazenda produz 150 toneladas
de orgânicos por mês, em uma área
de 120 hectares. Além de cultivar 40 variedades
de hortaliças, a propriedade investe na criação
diferenciada de gado. O rebanho é tratado
apenas com remédios homeopáticos e
é alimentado em pasto orgânico. “A
gente diz que a produção orgânica
é feita em um tripé: é economicamente
viável, ecologicamente correta e socialmente
justa”, conclui Joe Valle.
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País exportou 37 mil toneladas
de orgânicos entre agosto de 2006 e setembro
de 2008
11 de Janeiro de 2009 - Da Agência
Brasil - Janine Moraes/Abr - Brasília - Produtos
agrícolas cultivados sem defensivos químicos
vêm ganhando o mercado brasileiro e conquistando
outros países. Entre agosto de 2006 e setembro
de 2008, o Brasil exportou 37 mil toneladas em produtos
orgânicos
Brasília - Produtos agrícolas cultivados
sem defensivos químicos vêm ganhando
o mercado brasileiro e conquistando outros países.
Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento indicam que em 2008 mais de 13 mil
produtores participaram de atividades de fomento
à agricultura orgânica desenvolvidas
pela pasta, com incentivo ao uso de insumos e processos
adequados para a produção sem agrotóxicos.
Segundo informações
do ministério, em 2007, as exportações
de orgânicos somaram cerca de U$ 12 milhões.
De janeiro a setembro de 2008, esse valor chegou
a aproximadamente U$ 10 milhões.
“Ainda temos três meses
de 2008 e com certeza a gente vai superar os U$
12 milhões exportados no ano anterior. Há
interesse do mercado externo em importar soja e
seus derivados. A exportação brasileira
de produtos orgânicos vem crescendo”, destaca
a coordenadora substituta de Agroecologia do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Tereza Christina Saminez.
Entre agosto de 2006 e setembro
do ano passado, o Brasil exportou 37 mil toneladas
em produtos orgânicos. A Holanda foi o comprador
que adquiriu a maior parcela desse total, 32%, seguida
da Suécia, com 15%, e dos Estados Unidos
e Reino Unido, com 12% e 7%, respectivamente. Ao
todo, as exportações no período
equivalem a uma receita de US$ 26,7 milhões.
Mais da metade desse valor (56%) corresponde à
venda da soja e seus derivados. “A soja foi responsável
pelo aumento da produção e exportação
de produtos orgânicos. Tem tido mercado para
ela”, afirma Tereza.
Segundo a coordenadora, mesmo
sendo mais caros que os produtos convencionais,
a demanda pelos orgânicos têm crescido.
“A gente não consegue abastecer o mercado
interno de produtos orgânicos. A demanda é
muito grande e isso também reflete no mercado
externo.”
+ Mais
Preocupação com
saúde leva consumidor a optar por orgânicos,
afirma pesquisadora
11 de Janeiro de 2009 - Da Agência
Brasil - Janine Moraes/Abr - Brasília - Produtos
agrícolas cultivados sem defensivos químicos
vêm ganhando o mercado brasileiro e conquistando
outros países. Entre agosto de 2006 e setembro
de 2008, o Brasil exportou 37 mil toneladas em produtos
orgânicos.
Brasília - Sabor atraente e maior teor nutricional,
aliados a técnicas de cultivo que ajudam
a preservar o meio ambiente, são os principais
motivos que levam o consumidor a dar preferência
ao alimento orgânico. A afirmação
é pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) Neide Botrel Gonçalves,
doutora em ciência dos alimentos.
“A escolha do produto orgânico
tem sido feita principalmente pela maior preocupação
com a saúde. Em segundo lugar, pela prevenção
do meio ambiente e, por último pela questão
da qualidade sensorial, que é o sabor.”
A especialista explica que pesquisas
da Embrapa têm constatado que esses produtos
conquistam os consumidores por serem mais saborosos
e frescos do que os cultivados da maneira convencional.
“De acordo com os consumidores, eles apresentam
maior firmeza e quantidade de suco em algumas frutas”,
revela.
O valor nutricional dos produtos
livres de agentes químicos também
é alvo de estudos da Embrapa. A pesquisadora
afirma que nos alimentos produzidos a partir de
técnicas de plantio orgânico foi verificado
um maior teor de matéria seca, o que revela
também um menor índice de nitrato,
substância que pode se tornar cancerígena
se for ingerida em alto teor.
“Essa matéria seca confere
maior resistência ao produto, maior teor de
fibra e menor teor de nitrato, que é encontrado
em altos índices nos alimentos produzidos
com agentes químicos”, conta.
Outro fator que leva o consumidor
a optar por orgânicos é a durabilidade.
Estudos da Embrapa revelam que esses produtos apresentam
maior resistência quanto ao armazenamento,
por conterem substâncias que ajudam a prevenir
contra ataque de microorganismos. “Com isso, [os
orgânicos] são menos suscetíveis
a ataques de fungos e bactérias”, esclarece
Neide.
Segundo Neide, ainda há
pouco espaço para estudos sobre produção
orgânica no país. No entanto, diversas
pesquisas estão em andamento e deverão
ser divulgadas logo. “Ainda tem muita coisa para
divulgar. Existem várias unidades da Embrapa
que estão concentrando seus esforços
nessa questão dos orgânicos”, afirma
a pesquisadora.