20 de
Janeiro de 2009 - Pedro Peduzzi - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Representantes
do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis (MNCR) denunciaram hoje (20)
que a atividade foi sensivelmente prejudicada pela
crise financeira internacional e que, se algo não
for feito nos próximos 90 dias, muitos catadores
migrarão para outras atividades informais,
prejudicando as empresas compradoras desse tipo
de material.
“A situação está
crítica, e todos os estados passam por problemas,
principalmente os do Nordeste, que estão
com maior quantidade de material parado. Nossa renda
caiu vertiginosamente e até as cooperativas
estão com dificuldades para pagar o custo
operacional, após uma queda de 25% em suas
receitas”, afirmou coordenador nacional do MNCR
em São Paulo, Roberto Laureano.
“Provavelmente muitas cooperativas
vão falir se, em 90 dias, uma solução
não for apresentada. Já estamos usando
o nosso fôlego final e, sem alternativas,
praticamente todos os catadores abandonarão
a atividade para trabalhar como marreteiros, na
informalidade, e vendendo coisas nas ruas”, advertiu.
Segundo Laureano, os preços
pagos atualmente não permitem mais a sobrevivência
dos catadores. “Em São Paulo, a queda dos
preços do quilo de material chega a 62%,
caso do ferro, que em setembro custava R$ 0,42 o
quilo e em novembro estava a R$ 0,16”.
Laureano informou que o papelão,
no mesmo período, baixou 14%, passando de
R$ 0,28 para R$ 0,24 o quilo. O plástico
coletado também baixou, passando de R$ 0,40
para R$ 0,30 – uma redução de 25%.
O alumínio, que estava a R$ 3,40 em setembro,
estava em novembro a R$ 2,90. Atualmente, os catadores
recebem das empresas apenas R$1,80 por quilo do
produto, uma queda de 47%.
“Em dezembro sequer teve cota
para o alumínio, uma vez que não houve
comercialização do produto”, completou.
Em Minas Gerais, a situação
não é diferente, disse o coordenador
nacional do MNCR no estado, Luiz Henrique da Silva.
Segundo ele, entre setembro e janeiro, o preço
do quilo de papelão especial baixou de R$
0,47 para R$ 0,12; o papelão fino, de R$
0,37 para R$ 0,10; o jornal, de R$ 0,27 para R$
0,08; o papel misturado, de R$ 0,15 para R$ 0,01;
e o papel branco, de R$ 0,47 para R$ 0,30
“O ferro, que em setembro custava
R$ 0,28, parou de ser comprado desde o dia 20 de
novembro. Nossa expectativa é que, a partir
do dia 26 de janeiro, vendamos esse tipo de material
a R$ 0,10 o quilo”, disse Luiz Henrique.
O plástico também
teve queda acentuada de preço em Minas, baixando
de R$ 1,00 para R$ 0,60, o quilo. E o plástico
de garrafas pet, de R$1,20 para R$0,60. “Teoricamente
o preço do plástico é cotado
pelo dólar, mas, como não existe ferramenta
de controle, as empresas não repassam a alta
do dólar para os catadores. E, quando a moeda
está em baixa, elas também baixam
os valores pagos. Infelizmente não temos
nenhuma ferramenta para combater isso”, lamenta.
“Do mesmo jeito que as empresas
recebem incentivos fiscais e econômicos dos
governos federal estadual e municipal, nós
também queremos ajuda. Até porque
são as cooperativas as verdadeiras geradoras
de emprego. Estimamos que haja cerca de 800 mil
catadores de material reciclável no país.
A absoluta maioria não tem carteira assinada
e é responsável por 90% do processo
de reciclagem. No entanto, pelos cálculos
do movimento, recebemos apenas 10% do lucro resultante
desse tipo de comércio”, explica Luiz Henrique.
A situação, segundo
ele, está insustentável nas capitais.
“E no interior está ainda pior, porque lá
a atividade é mais forte em função
da menor oportunidade de trabalho”. De acordo com
ele, 71% dos catadores ainda estão nos lixões.
Luiz Henrique lembrou que, na
Lei de Saneamento, existe um artigo que dispensa
as licitações quando as contratadas
são cooperativas ou associações
de catadores, mas disse que a norma legal não
está sendo implementada porque, na prática,
os municípios querem contratar empresas”,
informou.
“Prefeituras, estados e governo
federal precisam aproveitar essa lei e contratar
mais o serviço de cooperativas e associações,
se desejam evitar uma crise ainda maior de desemprego”,
completou o coordenador do MNCR em São Paulo,
Roberto Laureano.
+ Mais
Catadores de material reciclável
atingidos pela crise vão receber ajuda do
governo
20 de Janeiro de 2009 - Carolina
Pimentel - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O governo vai liberar R$ 42
milhões a fundo perdido aos catadores de
material reciclável, categoria também
atingida pela crise financeira mundial, conforme
relato de fontes do Palácio do Planalto.
Segundo os catadores, com a crise, as perdas ultrapassam
os 60%.
O dinheiro será usado para
a compra de máquinas e construção
de galpões e virá do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Ministério do Trabalho e Fundação
Nacional de Saúde (Funasa).
O governo avalia também
ceder prédios federais desocupados para moradia
dos catadores. Levantamento do Ministério
da Previdência Social, por exemplo, constatou
12 imóveis que podem servir de habitação.
A liberação dos
recursos foi definida depois de reunião,
no Palácio do Planalto, dos ministros do
Desenvolvimento Social, das Cidades, do Trabalho,
do Planejamento, da Previdência Social, do
Direitos Humanos, Meio Ambiente, da Advocacia-Geral
da União e o presidente da Caixa Econômica
Federal. O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva não participou da reunião.
Representantes do Movimento Nacional
dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR)
alertaram hoje (20) que muitos catadores poderão
deixar o setor por outras atividades informais se
nada for feito dentro de 90 dias.
De acordo com o coordenador nacional do MNCR em
São Paulo, Roberto Laureano, a queda das
receitas já chega a 25% e prevê cenário
de cooperativas fechando as portas nos próximos
três meses.
Ele informou que o quilo do ferro
caiu de R$ 0,42 para R$ 0,16, de setembro a novembro
do ano passado. No mesmo período, o papelão
baixou 14%, passando de R$ 0,28 para R$ 0,24 o quilo.
O plástico coletado passou de R$ 0,40 para
R$ 0,30, o equivalente a uma redução
de 25%. O alumínio, que estava a R$ 3,40
em setembro, em novembro estava cotado a R$ 2,90.