20 de
Janeiro de 2009 - Apesar das muitas dúvidas
- e algumas certezas - contra o milho transgênico,
a maioria dos ministros do Conselho Nacional de
Biossegurança autorizou o plantio e comercialização
no país de variedades geneticamente modificadas
da Monsanto e Bayer.
São Paulo — O glufosinato de amônio,
desenvolvido pela Bayer, já foi contestado
pela ANVISA em 2007
A Comissão Européia
anunciou, na última semana, a nova lei de
pesticidas, que impede a renovação
da licença de mercado do agrotóxico
glufosinato de amônio - usado em lavouras
de algodão, milho e arroz transgênicos,
dentre outras culturas - em seus países membros.
Outros 21 pesticidas também entraram na lista.
Apesar da boa notícia,
a lei só vale para as futuras licenças
de uso e suas renovações. Com isso,
algumas substâncias perigosas permanecerão
sendo utilizadas até 2020, colocando em risco
populações e o meio ambiente.
A conclusão do corpo de
cientistas consultados pela Comissão é
de que o glufosinato apresenta alto nível
de toxicidade, considerado impróprio para
uso em lavouras e para consumo humano, mesmo em
quantidades mínimas.
O glufosinato é produzido
pela Bayer, que também desenvolve transgênicos
resistentes a este tóxico. Um exemplo de
transgênico resistente a glufosinato é
o arroz Liberty Link 62, que, no Brasil, aguarda
audiência pública antes de ser votado
na CTNBio.
“A CTNBio deve avaliar o arroz
transgênico resistente a glufosinato com a
mesma seriedade que levou a Comissão Européia
a banir este tóxico. Se for séria,
a CTNBio não aprovará nenhum transgênico
resistente a glufosinato de amônio nos próximos
anos”, comentou Rafael Cruz, coordenador da campanha
de transgênicos do Greenpeace.
A autoridade de segurança
alimentar européia – EFSA lançou,
em 2005, relatório sobre os riscos do glufosinato
de amônio ao meio ambiente e à saúde
humana. Dentre as conclusões, há “risco
agudo para crianças”, “alto risco para mamíferos”
e “alto risco” para a biodiversidade.
Após escândalo de
contaminação genética de campos
de arroz nos Estados Unidos, ocorrido em 2006, muitos
países fecharam as portas para o arroz americano.
Os prejuízos calculados chegam a mais de
um bilhão de dólares.
"O arroz transgênico
da Bayer e o glufosinato de amônio são
irmãos inseparáveis – quem gostaria
de consumir um arroz modificado geneticamente e
tradado com um produto altamente tóxico?”,
questionou Jan Van Aken, coordenador da campanha
de agricultura sustentável do Greenpeace.
Atualmente há dois tipos
de milho transgênicos desenvolvidos para resistir
ao glufosinato de amônio aprovados no Brasil.
Em 2007, a ANVISA recomendou ao Conselho Nacional
de Biossegurança, formado por onze ministros,
que mais estudos sobre os efeitos negativos do glufosinato
fossem feitos, antes da liberação
do milho T25 da Bayer. O CNBS não considerou
este posicionamento grave o suficiente para reprovar
o milho da Bayer.
Em 2008, o Brasil assumiu a liderança
no consumo mundial de agroquímicos, posição
antes ocupada pelos Estados Unidos, segundo estudo
da Kleffmann Group. Das nove variedades agrícolas
transgênicas aprovadas pela CTNBio, seis são
resistentes a agrotóxicos.
+ Mais
As diferentes maneiras de se matar
a floresta
28 de Janeiro de 2009 - A missionária
Dorothy Stang tinha 74 anos quando foi assassinada
em fevereiro de 2005, na região de Anapu,
no Pará.
Belém (PA), Brasil — "Na Amazônia,
a impunidade mata e desmata." A mensagem, que
permeou as discussões no segundo dia do Fórum
Social Mundial, alerta para os perigos que rondam
a floresta e são perpetuados pela falta de
governança na região.
O segundo dia de participação
do Greenpeace no Fórum Social Mundial (FSM)
foi intenso nesta quarta-feira (28/1), em Belém
(PA), com exibição de um documentário
e debate sobre o assassinato da missionária
Dorothy Stang, e painel de discussão sobre
desmatamento na Amazônia e sua relação
com as mudanças climáticas. Os dois
eventos expõem como a falta de governança
na Amazônia permite que crimes ambientais
e contra as populações locais se perpetuem
na região.
O documentário "Eles
Mataram Irmã Dorothy", do diretor Daniel
Junge, atraiu muita gente para o auditório
W. Bouhid do cinema da UFRA. A missionária
foi assassinada há quatro anos em Anapu (PA)
por um pistoleiro a mando de um fazendeiro da região.
O diretor da campanha de Amazônia do Greenpeace
Brasil, Paulo Adario, participou de um debate após
a exibição do filme, juntamente com
Daniel Junge (diretor do documentário), irmã
Jane (do Comitê Dorothy), padre Amaro (da
Comissão Pastoral da Terra - CPT de Anapu),
Felício Pontes (Ministério Público
Federal no Pará) e moradores de Anapu.
"Os advogados de defesa dos
acusados do crime, que tanto chocam as pessoas que
vêem o filme, são apenas atores fazendo
o seu trabalho. Mas se este filme não alavancar
o debate sobre o sistema judicial e a certeza de
impunidade que permeia a nossa sociedade atual,
eu terei prestado um desserviço à
sociedade", disse Daniel Junge, o diretor do
filme.
"Este filme vai trazer as
mudanças que tanto necessitamos para criar
este outro mundo desejado pelos participantes do
Fórum Social Mundial", disse David Stang,
irmão da missionária.
Ainda no campus da UFRA, Adario
participou também do painel Desmatamento
Zero: a contribuição do Brasil no
combate às mudanças climáticas.
O evento contou ainda com a presença de Paulo
Barreto, do Imazon, e de Roman Czebiniak, coordenador
do programa Florestas pelo Clima do Greenpeace Internacional.
O painel mostrou aos presentes
a importância de se zerar o desmatamento das
florestas tropicais no mundo, melhorar a fiscalização
e monitoramento, e criação de um fundo
internacional para financiar atividades sustentáveis
nessas regiões, para dar emprego e renda
às comunidades locais.
"Se nada for feito agora
em relação ao desmatamento de nossas
florestas e às mudanças climáticas,
vamos repetir o mesmo erro cometido pelo mundo financeiro
e ter que correr atrás do prejuízo,
que será bem maior do que estamos vendo agora
com a crise econômica mundial", afirmou
Paulo Adario.
"Temos que construir uma
economia livre de carbono e que mantenha a floresta
em pé, para que possamos ter estabilidade
econômica, de emprego e proteção
ambiental."
Para Roman Czebiniak, as novas
evidências científicas mostram que
a proteção das florestas é
mais importante agora do que nunca.
"As mudanças climáticas
estão num ritmo mais acelerado do que o previsto
e a destruição das florestas também.
Parar com a derrubada de árvores em regiões
como a Amazônia é fundamental para
se enfrentar o aquecimento global", alertou
Roman, que calcula que o fundo internacional de
investimento proposto pelo Greenpeace, o Florestas
pelo Clima, poderia levantar cerca de US$ 30 bilhões
até 2012.
+ Mais
Minc visita Arctic Sunrise em
Belém e faz promessas
29 de Janeiro de 2009 - Belém
(PA), Brasil — Ministro do Meio Ambiente visita
o navio do Greenpeace, na Estação
das Docas, e diz que vai encontrar 'rápida
solução' para invasão de reserva
extrativista em Porto de Moz (PA). Prometeu ainda
apoio a projeto de lei que cria marco regulatório
para energias renováveis no Brasil.
Promessa é dívida,
e o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, deve
saber disso. Em visita nesta quinta-feira (29/1)
ao navio Arctic Sunrise, do Greenpeace, na Estação
das Docas, Minc prometeu solucionar a questão
da reserva extrativista Verde Para Sempre, em Porto
de Moz (PA), que foi criada pelo governo federal
em 2004 mas ainda não foi implementada. Ao
ser questionado sobre o assunto, o ministro prometeu
agilizar a realização de um plano
de manejo e determinar que atividades ilegais na
reserva promovida pelos invasores sejam coibidas.
O plano de manejo é fundamental para dar
as diretrizes para as atividades que podem ser realizadas
dentro da reserva, que é uma Unidade de Conservação.
No último dia 18 de janeiro,
o Greenpeace denunciou o ingresso de madeireiros
e criadores de gado na reserva, inflando um boi
de quatro metros dentro da reserva.
O ministro Carlos Minc, que ficou
pouco mais de 1 hora e meia no navio Arctic Sunrise
conhecendo um pouco da expedição Salvar
o Planeta. É Agora ou Agora que o Greenpeace
está promovendo pelo país, estava
acompanhado do presidente do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
e se encontrou no barco com Paulo Adario, diretor
da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil;
Sérgio Leitão, diretor de campanhas,
e Rebeca Lerer e Tica Minami, coordenadoras da expedição
Salvar o Planeta. É Agora ou Agora.
Minc também reafirmou,
durante o encontro, seu apoio às energias
renováveis, dando seu apoio ao projeto de
lei que cria o marco regulatório no país
e à realização de novos leilões
para oferta de energia eólica no mercado
brasileiro.
"A presença do ministro
Carlos Minc aqui em nosso navio foi importante porque
pudemos discutir com ele questões fundamentais
da situação da Amazônia, em
particular a situação preocupante
da reserva Verde Para Sempre, em Porto de Moz (PA).
O que acontece lá é um exemplo da
ausência de governança na região",
afirmou Paulo Adario.
Minc não deu prazo para
cumprir suas promessas, mas o Greenpeace vai cobrar
o cumprimento delas. Pode conferir!
Visite o blog da expedição
para saber mais detalhes do que está acontecendo
em Belém! Destaque para as palestras que
fizemos no Forum Social Mundial, sobre energias
renováveis e impactos da pecuária
na Amazônia.
Mais quatro dias de open boat
Em meio à rica programação
do Fórum Social Mundial, o Greenpeace retomou
nesta quinta-feira a visitação pública
ao navio Arctic Sunrise na Estação
das Docas. Antes mesmo do horário previsto
para o início da atividade, dezenas de pessoas
aguardavam na 'escadinha' entre os armazéns
3 e 4 do porto da cidade para conhecer detalhes
da expedição Salvar o Planeta. É
Agora ou Agora e também sobre o navio, que
está com o Greenpeace desde 1995.
O Arctic Sunrise foi construído
em 1975 e usado para caçar focas. O Greenpeace
perseguiu muito o Arctic nesse período. Em
1995, o barco acabou - por ironia do destino - nas
mãos da organização ambientalista,
que o usou para impedir tanto a caça de focas
como a de baleias também. O Arctic é
um navio quebra-gelo, preparado para navegar pelas
águas geladas dos pólos do planeta,
onde já esteve por diversas vezes. A última
vez que o Arctic Sunrise veio ao Brasil foi em 2006,
quando também esteve aberto para visitação
pública.
Além do público
em geral, algumas personalidades do Fórum
Social Mundial vieram até a Estação
das Docas conhecer o navio do Greenpeace e a campanha
organizada para pressionar o governo brasileiro
a liderar as negociações na próxima
reunião da ONU sobre clima, marcada para
dezembro em Copenhagen (Dinamarca). Já passaram
pelo navio Oded Grajew (Instituto Ethos), Mário
Mantonavi (SOS Mata Atlântica), vereadora
Aspásia Camargo (PV-RJ), o ex-deputado João
Alfredo (Ceará), David Stang (irmão
da missionária Dorothy Stang, assassinada
por pistoleiros em 2005 na cidade de Anapu, no Pará),
lideranças comunitárias de Porto de
Moz, entre outros.
Índios da aldeia Apiterewa,
em Altamira (PA), também prestigiaram o Arctic
Sunrise, depois de se deslocarem por um dia e meio
de barco pela floresta amazônica e mais um
dia de ônibus para chegarem a Belém
a tempo de participar do Fórum Social Mundial
(FSM).
O Arctic Sunrise vai ficar cerca
de três meses no Brasil dentro da expedição
Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, que começou
em Manaus no início de janeiro. Depois de
Belém, o navio e a expedição
vão para Fortaleza, Recife, Salvador, Rio
de Janeiro e Santos. Confira aqui as datas e locais
exatos dos próximos open boats.