30 de
Janeiro de 2009 - Paula Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - O ex-vice-presidente
dos Estados Unidos e membro do Partido Democrata
norte-americano Al Gore afirmou hoje (30) que os
Estados Unidos – por meio da liderança do
presidente Barack Obama – estão preparados
para se reengajar com a comunidade internacional.
“Para se chegar a uma resposta urgente à
crise climática e à econômica”,
disse.
Ao participar do painel A Subida
para o Desafio de Copenhagen do Fórum Econômico
Mundial, ele avaliou que líderes globais,
empresários e governos reunidos no evento
devem apreciar a “magnitude” da mudança na
liderança norte-americana.
Sobre a reunião em Copenhagen
no dia 7 de dezembro deste ano – para discutir avanços
na agenda do Protocolo de Kyoto –, Al Gore destacou
que é preciso conseguir uma visão
“clara e compartilhada” de qual direção
o mundo irá tomar.
“Temos um mercado de US$ 6 trilhões
em investimentos em subprime de carbono, cujo valor
é baseado na idéia de que é
aceitável despejar 70 milhões de toneladas
de poluição que contribui para o aquecimento
global a cada 24 horas na fina camada de atmosfera
que circunda o planeta. Estamos assitindo ao derretimento
do continente polar e uma lista de outras conseqüências.
É uma idéia que está em colapso”,
afirmou ele.
Para o político norte-americano,
é preciso colocar um preço no carbono
para que os mercados possam tomar “decisões
inteligentes” sobre a alocação de
capital, sobre uma produção mais efetiva
e limpa e sobre a redução de desperdícios.
“Uma vez que nos movamos a uma
decisão compartilhada sobre energias renováveis
e movidas a menos carbono, veremos um grande volume
de investimentos. Amigos dizem que quando a nova
administração norte-americana se reúne
para discutir mudanças, que o presidente
Obama é a pessoa mais 'verde' na sala. Ele
está batalhando por uma mudança na
direção correta. Se outros governos
em todo o mundo fizerem o mesmo, poderemos fazer
essa curva rumo a um futuro com menos carbono. O
tempo está acabando”, alertou.
Al Gore pediu que os participantes
do fórum não encarem a reunião
em Copenhagen apenas como “um episódio a
mais e que antecede outras reuniões”. “Precisamos
de um acordo este ano”, disse ele.
+ Mais
Crise é positiva para o
meio ambiente, afirma pesquisador do Ipea
30 de Janeiro de 2009 - Pedro
Peduzzi - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A diminuição do
volume de exportação dos recursos
não-renováveis brasileiros resultou
em ganhos ambientais para o país. A conclusão
é do coordenador de Meio Ambiente do Fórum
Mudanças Climáticas, do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José
Aroudo Mota. Ele é responsável pela
pesquisa Trajetória da Governança
Ambiental, divulgada pelo Ipea durante o lançamento
do Boletim Regional e Urbano.
Em seu estudo, Aroudo apresentou
uma série de dados sobre o que o Brasil deixou
de exportar com a crise. “Ela [a crise] resultou
em impactos ambientais positivos, apesar de externalidades
negativas como a perda de empregos e o impacto que
teve nos níveis de crescimento econômico
de determinadas regiões”, disse o pesquisador.
Segundo ele, o trabalho buscou
mensurar os principais impactos causados pela crise
em indústrias como a de alumínio.
“O que deixamos de exportar, entre os 32 produtos
pesquisados, representa uma economia de aproximadamente
562 mil kilowatts de energia, a partir do consumo
evitado. Isso daria para abastecer uma cidade de
25 mil pessoas”, acrescentou, referindo-se à
exportação de alumínio.
A indústria do aço,
segundo ele, deixou de exportar 1000 milhões
de quilos de aço bruto. “Isso significa uma
redução de mais de 1 bilhão
de toneladas em emissões de carbono, o que
para o processo climático no Brasil é
extremamente positivo”, avaliou Aroudo.
“Na indústria de veículos,
o Brasil deixou de exportar em dezembro 62,1 mil
carros, e isso também implica em redução
do consumo de energia e de aço. Ainda estamos
mensurando o quanto, mas é evidente – e isso
pode ser afirmado tendo por base dados oficiais
de 2008 – que o meio ambiente teve ganho substancial
em função da não-exploração
de recursos naturais, tanto renováveis quanto
não-renováveis”.
Aroudo disse que estão
sendo preparados outros estudos, abordando as madeiras
e o cimento brasileiros. “Quando certificada, a
madeira encontra dificuldades para entrar na Europa
por decorrência da crise internacional”, adiantou.
+ Mais
Michael Löwy afirma que capitalismo conduz
humanidade a uma catástrofe ecológica
29 de Janeiro de 2009 - Amanda
Mota - Enviada Especial - Belém - O sociólogo
e pesquisador brasileiro Michael Löwy, membro
do Conselho Nacional de Pesquisa Científica
da França, afirmou hoje (29) que o sistema
capitalista está conduzindo a humanidade
a uma catástrofe ecológica.
"O capitalismo conduz inexoravelmente
à destruição do meio ambiente
e aos gases do efeito estufa. A lógica do
sistema está na busca pela expansão
e acumulação ilimitada dos lucros,
sem cuidado e preocupações com o meio
ambiente e com o futuro de recursos naturais que
hoje nos servem de alimento, como o milho, por exemplo",
afirmou Löwy que participa do Fórum
Social Mundial, em Belém.
Considerando sobretudo o aquecimento
global e a crise financeira internacional, o sociólogo,
que é um dos intelectuais brasileiros de
maior prestígio internacional, avaliou, em
entrevista à Agência Brasil, que a
civilização atual caminha a passos
largos rumo a uma outra crise – denominada por ele
de "crise de civilização".
"Estamos caminhando a uma
velocidade muito grande para uma catástrofe
ecológica e a raiz do problema é o
próprio sistema capitalista. Partindo desse
princípio, consideramos que não é
só o planeta, que possivelmente vai continuar
existindo, que está em perigo, mas sobretudo
a civilização atual, que talvez não
sobreviva caso se concretize essa catástrofe
ecológica", acrescentou.
Ainda na avaliação
de Löwy, uma das alternativas para evitar essa
possível catástrofe ambiental é
o ecossocialismo.
"Precisamos de um sistema
que alie as causas sociais com ecologia e esteja
à altura dos desafios do século 21.
Lutar por um sistema eficiente de transporte público
é um exemplo disso. Fazendo um balanço
crítico das experiências socialistas
do século passado e dos movimentos ecológicos
atuais, poderemos propor esse outro modelo de civilização,
que é o ecossocialismo", resumiu.
Para a professora do Núcleo
de Estudos Amazônicos da Universidade Federal
do Pará (UFPA) e presidente da Associação
Nacional de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional,
Edna Castro, apesar das considerações
de Michael Löwy, o Fórum Social Mundial
irá contribuir também para a discussão
de soluções que possam mudar o rumo
das previsões negativas com relação
ao futuro ambiental.
"O sistema capitalista, inegavelmente
predominante na economia mundial, conduz a uma situação
catastrófica. No entanto, ainda há
tempo para se repensar em um modelo de desenvolvimento
que consiga nos permitir a boa convivência
com o que resta do meio ambiente", declarou.
"Este é o momento
de parar e pensar quais devem ser as políticas
adequadas para a Amazônia, para a América
Latina e para o mundo, de modo geral", concluiu
a pesquisadora.