5 de Fevereiro
de 2009 - Paula Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - O ministro
do Meio Ambiente, Carlos Minc, reforçou hoje
(5) que a conclusão do macrozoenamento da
Amazônia Legal deve sair ainda este ano. Segundo
ele, até mesmo os empresários agrícolas
têm cobrado do governo regras claras para
a região.
Minc avaliou que, uma vez traçada
o que chamou de “fronteira de legalidade”, será
possível saber ao certo quem vai receber
crédito, apoio técnico e estímulo
para produzir na Amazônia. E quem insistir
em permanecer à margem da lei, segundo o
ministro, receberá "a mão pesada"
da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama)
e do Exército Brasileiro. “Essa é
a forma de preservar a Amazônia, olhando para
o desenvolvimento sustentável."
Para Minc, entretanto, a estratégia
de efetivar o zoneamento econômico e ecológico
para cada um dos nove estados que compõem
a região possibilita que a preservação
na Amazônia não aconteça apenas
“com polícia”, mas por meio do ordenamento
do desenvolvimento.
“Cada um dos zoneamentos determina,
por exemplo, áreas que devem ser protegidas,
áreas degradadas e que devem ser recuperadas,
áreas propensas a alguma atividade industrial.
É a idéia de um ordenamento que combine
a preservação com a atividade. Afinal,
24 milhões de pessoas moram na Amazônia
e têm que ter uma vida digna, uma ocupação,
uma renda”, afirmou o ministro.
Sobre a BR-163, Minc classificou
a região que corta a rodovia como “desastre
ecológico” e “desgraça” e ressaltou
que todas as medidas adotadas para a futura BR-319
foram pensadas de maneira que a devastação
não tome conta do local como ocorreu com
a BR-163.
Segundo o ministro, desde 2005
– ano em que a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, já havia previsto a idéia de
um corredor ecológico para a região
– o desmatamento na BR-163 triplicou.
“Estive lá mais de três
vezes. Temos leilão de boi pirata, de madeira
pirata, prendemos gente. Mas voltamos um mês
depois e está a mesma desgraça. A
situação lá é muito
preocupante. Conseguimos um recurso de oito milhões
de euros da comunidade européia para implantar
o distrito florestal da BR-163, mas a diferença
tem que ser implantar previamente as defesas. Elas
não podem ficar no papel”, disse.
+ Mais
Representantes de 30 países
discutem desmatamento
5 de Fevereiro de 2009 - Da Agência
Brasil - São Paulo - Representantes de mais
de 30 países se reúnem até
amanhã (6) no Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), em São José dos
Campos (SP), para o workshop Avaliação
de Mudanças de Área Florestal. O encontro
começou ontem (4).
Participam cerca de 110 especialistas
em florestas, representando países como Bolívia,
Camboja, Camarões, Costa Rica, República
Dominicana, Equador, Índia, Indonésia,
México, Panamá, Paraguai, Suriname,
Tailândia, Uganda e Vietnã, entre outros.
O encontro faz parte de um programa
de desenvolvimento de capacitação
técnica de monitoramento para Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação
(Redd) em Países em Desenvolvimento. A agenda
do encontro inclui apresentações sobre
sistemas de monitoramento globais, regionais e nacionais
de florestas (com foco em desmatamento e degradação
florestal), assim como uma discussão sobre
o uso desses sistemas.
Coordenado pela Coalition for
Rainforest Nations, com apoio do Global Observation
of Forests and Land Cover Dynamics, o workshop é
patrocinado pela Cooperação Técnica
Alemã (GTZ), por meio do Ministério
do Meio Ambiente, Conservação da Natureza
e Segurança Nuclear da República Federal
da Alemanha.
+ Mais
FSM vai cobrar das Nações
Unidas ações para conter aquecimento
global
1 de Fevereiro de 2009 - Luana
Lourenço - Enviada Especial - Belém
(PA) - Algumas propostas debatidas no Fórum
Social Mundial (FSM) vão sair de Belém
e chegar a Copenhague (Dinamarca), palco da próxima
reunião da Organização das
Nações Unidas (ONU) sobre mudanças
climáticas, em dezembro. Em uma das assembléias
temáticas realizadas hoje (1º), último
dia do megaevento, os participantes combinaram um
chamado global por justiça climática
como forma de pressionar os líderes mundiais
para que contenham o aquecimento global.
“Para nós a luta por justiça
climática e por justiça social é
a mesma luta. É uma luta pelos territórios,
pela soberania, pelos direitos indígenas,
por distribuição mais justa da riqueza
do planeta”, aponta o documento final aprovado pelo
grupo.
Entre as ações práticas
combinadas, estão a organização
de campanhas globais para alertar sobre os impactos
do aquecimento do planeta sobre as populações,
a criação de uma rede de informações
de organizações da sociedade civil
sobre mudanças climáticas e até
um protesto simultâneo contra alguma corporação
multinacional.
O documento critica a uso de mecanismos
de mercado somo soluções para o enfrentamento
do aquecimento global, principalmente o chamado
o mercado de carbono, mecanismo de compensação
de emissões de gases de efeito estufa . “Mais
uma vez, as pessoas que criaram o problema estão
dizendo que podem resolvê-lo. Não são
soluções reais, são ilusões
neoliberais”.
As alternativas, segundo as propostas
do Fórum sobre mudanças climáticas,
devem valorizar o conhecimento dos povos indígenas
e comunidades tradicionais. “As soluções
verdadeiras estão sendo construídas
por quem vive a terra e são essas [soluções]
que temos que globalizar”.
Para o estudante e ativista ambiental
André Braga, a articulação,
durante o Fórum, vai ampliar a participação
de grupos geralmente excluídos do debate
sobre mudanças climáticas, além
de organizar a pressão sobre os líderes
que representarão os países em Copenhague.
“As mobilizações
têm que ser descentralizadas, tem que ter
gente de todos os lugares, de todas as etnias, os
povos indígenas tem que participar. Se fôssemos
depender somente dos nossos ministros, não
teríamos nenhuma representatividade. O queremos
aqui é forçar para que os ministros
nos ouçam e representem realmente a nossa
vontade na reunião da ONU”.