06 de Fevereiro de 2009 - São
Paulo - Brasil — Em reunião de cartas marcadas,
governo brasileiro fecha a mesma posição
que levou ao fracasso o último encontro sobre
o Protocolo de Cartagena.
Foi realizada hoje, em Brasília,
a reunião prévia entre o governo e
a sociedade civil sobre o Protocolo de Biossegurança
de Cartagena. O objetivo seria a participação
da sociedade civil na formação da
posição do governo que será
levada à reunião da Cidade do México
de 23 a 27 de fevereiro, o que na prática
não ocorreu. Quando perguntado, o Itamaraty
respondeu que seguro financeiro para operações
com OGM e definição abrangente de
dano, por exemplo, não mudariam com relação
à ultima posição brasileira
sobre o assunto.
A pauta apresentava os temas responsabilidade
e compensação, pertencentes ao artigo
27 do Protocolo. Na reunião foi definido
que o governo brasileiro está decidido a
não criar regras para a responsabilização
da indústria por danos causados pelos transgênicos.
Os possíveis prejuízos seriam responsabilidade
dos “operadores”, ou seja, quem planta, distribui,
vende, ou transporta esse tipo de organismo.
O Protocolo, assinado em janeiro
de 2000, entrou em vigor em setembro de 2003 e é
o único acordo internacional que trata do
movimento de transgênicos entre países.
A assinatura do Protocolo significa o reconhecimento
de que a engenharia genética pode trazer
danos ao meio ambiente e à saúde humana
e necessita, portanto, ser controlada.
No último encontro das
partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança,
ocorrido em Bonn, na Alemanha, em maio de 2008,
Brasil e Japão levaram as negociações
ao fracasso. As partes negociavam regras para a
responsabilização em caso de danos
causados pelo movimento internacional de transgênicos.
Com as negociações
travadas, formou-se um grupo menor de países,
que devem avançar com as negociações.
Este grupo se reunirá na Cidade do México,
no México, e pelo visto encontrará
o mesmo impasse causado pela posição
brasileira.
“Trata-se de um tratado ambiental.
A posição do governo brasileiro vai
exatamente na contramão do objetivo do Protocolo,
a preservação do meio ambiente”, afirmou
Rafael Cruz, coordenador da campanha de transgênicos
do Greenpeace.
Ambientalistas e donos de restaurantes
discutem impactos ambientais da criação
de camarão
09 de Fevereiro de 2009 Sérgio
Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace
Brasil, abre evento sobre os impactos ambientais
causados pela criação de camarão
(carcinicultura) no Ceará. Estiveram presentes
ONGs ambientalistas do estado, especialistas da
Universidade Federal do Ceará e donos de
restaurantes de Fortaleza.
Fortaleza (CE), Brasil — Evento realizado a bordo
do Arctic Sunrise também apresentou dados
sobre os problemas sociais relacionados à
carcinicultura no Ceará. Navio do Greenpeace
e a expedição Salvar o Planeta. É
Agora ou Agora segue nesta terça-feira para
Recife (PE).
O consumo de camarão numa
cidade como Fortaleza é típico de
uma cidade praiana de muito sol. As porções
e pratos feitos com os crustáceos estão
em praticamente todos os restaurantes e bares da
capital cearense, para deleite dos milhares de turistas
que visitam a cidade todos os anos. Mas o que esses
turistas não sabem - e muitos dos donos de
restaurantes também não - é
que o camarão servido, quase todo produzido
em fazendas de criação, tem grande
impacto ambiental na região, causando inúmeros
problemas aos manguezais e às comunidades
pesqueiras. A carcinicultura (nome técnico
da criação de camarão) é
hoje um dos grandes problemas ambientais do Ceará.
O Greenpeace em parceria com organizações
cearenses como o Fórum em Defesa da Zona
Costeira do Ceará (FDZCC), Instituto Terramar
e Aquasis, promoveu nesta segunda-feira um evento
a bordo do navio Arctic Sunrise para revelar os
problemas ambientais causados pelo cultivo de camarão
em Fortaleza. O evento foi o último da expedição
Salvar o Planeta. É Agora ou Agora em Fortaleza.
O navio Arctic Sunrise agora segue para Recife.
Confira as datas aqui.
Centenas de donos de restaurantes
e supermercados foram convidados para o evento,
para discutir o assunto e pensar nas soluções
viáveis para recuperar os estoques de camarão
do mar e evitar que a atividade da carcinicultura
continue destruindo os manguezais cearenses e também
a atividade de comunidades pesqueiras. Apenas vinte
deles confirmaram presença e apenas quatro
compareceram ao evento, que começou às
9 horas da manhã com apresentação
de um grupo musical de crianças, com canções
ambientais, visitação ao Arctic Sunrise
e, por fim, exposição de especialistas
sobre os problemas da carcinicultura.
"É uma pena que os
empresários de Fortaleza não tenham
se sensibilizado para vir aqui discutir esse tema
tão delicado e importante para o meio ambiente.
A carcinicultura está causando danos irreversíveis
em áreas de manguezais do Ceará, baseada
em falsas premissas", afirma Leandra Gonçalves,
coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace
Brasil.
"As fazendas de camarão
estão invadindo Áreas de Preservação
do Ceará e causando grandes estragos. Outro
problema causado pela criação de camarão
no Estado é o desmatamento dos manguezais
– cerca de 25% dos empreendimentos existentes no
Ceará estão localizados em áreas
de mangue e mais de 50% não têm licença
ambiental para operar", diz.
O empresário Eduardo Sisi,
proprietário do restaurante Moana, na avenida
Beira Mar de Fortaleza, compareceu ao evento e admitiu
saber quase nada sobre o assunto.
"Vim para aprender e descobrir
como a carcinicultura afeta nosso meio ambiente.
Não conheço os impactos e por isso
estou aqui. Me preocupo com o meio ambiente. Não
teria problema algum em deixar de comprar camarão
produzido em fazendas de criação.
Temos que cuidar do que temos hoje para termos sempre,
amanhã e depois", afirmou.
Para Dioneide Costa, coordenadora
do Procon de Fortaleza, o evento promovido pelo
Greenpeace é importante para conscientizar
os donos de restaurantes e supermercados de que
a atual produção da carcinicultura
não é sustentável.
"Espero que a discussão
se fortaleça aqui no Ceará para evitarmos
a destruição total de nossos manguezais.
Hoje, cerca de 30% deles já foram devastados."
+ Mais
Seminário em Fortaleza
reúne autoridades e especialistas em defesa
de lei de energia renováveis
07 de Fevereiro de 2009 Governador
em exercício do Ceará, Francisco Pinheiro,
e diretor de Campanhas do Greenpeace Brasil, Sérgio
Leitão, apresentando o documento que propõe
a criação no Brasil de uma lei de
energias renováveis.
Fortaleza (CE), Brasil — Cerca de mil pessoas visitaram
o navio Arctic Sunrise na capital cearense, terceira
etapa da expedição Salvar o Planeta.
É Agora ou Agora.
Em pleno sábado de muito
sol, cerca de mil pessoas foram ao Porto de Mucuripe,
em Fortaleza, visitar o navio Arctic Sunrise, do
Greenpeace, e conhecer detalhes da expedição
Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, que a
organização está levando para
sete cidades brasileiras - saiba quais aqui.
Os visitantes conheceram os principais
problemas ambientais brasileiros e algumas das soluções
propostas do Greenpeace para enfrentar as mudanças
climáticas, como o fim do desmatamento na
Amazônia, o uso de energias renováveis
para a geração de eletricidade e a
proteção dos oceanos. Ao final da
visita todos foram convidados a assinar uma carta
endereçada ao presidente Lula para que o
governo brasileiro assuma a liderança das
negociações na próxima reunião
da ONU sobre clima, a ser realizada em dezembro
na cidade de Copenhague, na Dinamarca.
O Arctic Sunrise chegou a Fortaleza
na tarde de quinta-feira, quando abriu uma grande
faixa com o mote da campanha em frente às
turbinas eólicas do Porto de Mucuripe.
Na sexta-feira, o Greenpeace lançou
a bordo do navio o documento Lei de Energias Renováveis:
Propostas para a Sustentabilidade Energética
Brasileira (clique aqui para baixar o documento
em arquivo pdf), com a presença do governador
em exercício do Ceará, Francisco Pinheiro;
o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith;
o secretário-executivo do Conselho Global
de Energia Eólica, Steve Sawyer; representantes
do Fórum Cearense de Mudanças Climáticas
e Biodiveridade e da Universidade Federal do Ceará,
além de parlamentares locais e especialistas
no assunto.
Foi realizado um seminário
para discutir o projeto de lei 4550/08, proposto
pelo deputado Edson Duarte (PV-BA), que incentiva
as energias renováveis baseado no mecanismo
tarifário feed-in, modelo que garante acesso
dos geradores à rede e determina um preço
justo e fixo pela venda dessa energia em contratos
de longo prazo.
“É emblemático realizar
este seminário e lançar este documento
aqui em Fortaleza porque o Ceará é
o estado brasileiro com maior potencial para a energia
eólica”, afirmou Ricardo Baitelo, especialista
em energia renovável do Greenpeace.
O PL 4550/08 é uma das
propostas em análise pela Comissão
Especial de Energias Renováveis, instalada
em junho de 2008 na Câmara dos Deputados e
que deve apresentar relatório conclusivo
até o final do primeiro semestre. Segundo
uma das propostas em discussão na comissão,
pelo menos 15% da energia elétrica consumida
no Brasil, a partir de 2020, devem ser gerados por
fontes renováveis, como eólica.
Segundo Baitelo, apenas um marco
regulatório claro pode garantir a expansão
das fontes limpas e renováveis na matriz
brasileira. “Ao invés de optar por fontes
renováveis, o planejamento elétrico
do governo federal tem preferido a construção
de termelétricas a óleo combustível
e carvão e usinas nucleares, gerando CO2
e lixo radioativo", afirmou.
O Ceará tem hoje 125 MW
de energia eólica instalada e potencial para
25.000 MW – o que equivale a quase duas hidrelétricas
de Itaipu. O Brasil tem capacidade instalada total
de quase 400 MW de energia eólica em 30 usinas,
um índice ainda modesto se comparado a outros
países do mundo. Os Estados Unidos tem 25.170
MW de geração de eletricidade por
fontes eólicas – com esse total, os americanos
chegaram ao topo do ranking em 2008, ultrapassando
a Alemanha que gera 23.900 MW. A China dobrou pelo
quarto ano seguido sua capacidade, de 6.300 para
12.200 MW. Segundo dados do Conselho Global de Energia
Eólica, a capacidade mundial da energia eólica
hoje é de 120.800 MW, dos quais 27.000 MW
foram instalados só em 2008. O crescimento
foi de 29%, movimentando US$ 47,5 bilhões.
O setor emprega hoje 400 mil pessoas no mundo.
"Julgo muito importante o
debate sobre a renovação das fontes
energéticas do país. O Greenpeace
está de parabéns por prestar um serviço
ímpar à humanidade, num contexto em
que as mudanças climáticas são
visíveis e reais", afirmou o governador
em exercício do Ceará, Francisco Pinheiro,
que abriu o seminário.
Para Roberto Smith, presidente
do Banco do Nordeste, o incentivo à energia
eólica é fundamental no combate ao
aquecimento global.
"É uma energia limpa
e abundante. Temos que aproveitar esse imenso potencial
que temos aqui no nordeste. A energia eólica
é barata e não emite CO2. Infelizmente
essa emissão ainda não é computada
nos custos das termelétricas a óleo
combustível e carvão, o que torna
a concorrência desleal e traz prejuízos
imensos ao meio ambiente", afirmou Smith.