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FISCALIZAÇÃO DEVOLVE AOS MANGUEZAIS DA RESEX CANAVIEIRAS 600 CARANGUEJOS CAPTURADOS ILEGALMENTE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2009

Carla Lisboa - Brasília (17/02/2009) – Na semana passada, a equipe de gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lotada na Reserva Extrativsta Canavieiras, na Bahia, apreendeu 600 caranguejos-uçá capturados ilegalmente na região, dos quais 425 em quatro barracas de praia em Canavieiras.

O confisco ocorreu durante uma operação de fiscalização do defeso da espécie, realizada entre os dias 10 e 17 de fevereiro, em parceria com equipes do Ibama e da Delegacia de Proteção Ambiental da Polícia Civil da Bahia (DPA). Os fiscais encontraram ainda 175 caranguejos entre catadores irregulares, que fugiram da autuação.

Os animais foram devolvidos aos manguezais da Resex e os proprietários das barracas, que mantinham estoques não declarados de uçás, foram multados e terão de pagar, ao todo, R$ 4.380,00. Os caranguejos ficam sob proteção entre os meses de janeiro e março em virtude do fenômeno conhecido como “andada”. Trata-se do período em que, no ápice do processo reprodutivo, eles saem de seus abrigos para se acasalar e as fêmeas liberam os ovos.

Principal produto extrativista explorado pelas 200 famílias, das mais de 1.500 que vivem na reserva, os caranguejos-uçás, durante esse período, encontram-se extremamente vulneráveis à captura e, por tratar-se da mais importante fase para a reprodução da espécie, fica proibida a captura, a comercialização, o cativeiro, o transporte e o beneficiamento nos dias da “andada”. A proibição é regulamentada por portarias do Ibama, as quais são publicadas a cada ano com informações sobre os dias em que a captura fica proibida.

Este ano, os períodos de proibição abrangeram os dias de lua cheia, entre 12 e 17 de janeiro; 10 e 17 de fevereiro; e entre 12 e 17 de março. Nos períodos de lua nova também há proibição de captura: entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro a caça ficou suspensa, bem como entre 26 de fevereiro e 3 de março e 27 de março e 1º de abril. Com a suspensão da captura nesses períodos, evita-se que variações nos locais durante a reprodução impeçam a efetiva proteção à procriação dos uçás.

A operação compreendeu basicamente ações de fiscalização de veículos nos locais de escoamento do produto, sobretudo, nas Rodovias BA-270 e BA-001, para evitar o escoamento dos animais e reprimir a atuação dos atravessadores que incentivam a captura ilegal dos uçás. Também foram vistoriados locais de comercialização, como cabanas de praia, restaurantes, tarifas, peixarias e outros pontos de venda, além de locais de desembarque de caranguejos. Segundo informações da equipe da reserva, as peixarias e tarifas da região não estavam irregulares.

No entendimento da equipe de gestores da reserva, as operações de fiscalização, aliadas ao trabalho de conscientização da população local, estão repercutindo positivamente na Resex de Canavieiras, por causa do menor número de animais apreendidos e pelo maior número de declarações de estoque realizadas. A previsão é a de que ocorra outra operação em março, de acordo com as datas da Portaria nº 43/08 Ibama-BA.

Na operação, as equipes flagraram também outras irregularidades na região de Canavieiras. A partir de uma denúncia, elas vistoriaram uma indústria de laticínios que estaria despejando seus efluentes em uma área de brejo. Os fiscais constataram que houvera um rompimento de tubulação, provocando vazamento de soro de leite, mas verificaram também que o problema já havia sido resolvido. Os responsáveis pela empresa foram notificados e convocados a comparecerem no escritório do Ibama em Ilhéus para prestar esclarecimentos.

Em outra vistoria, as equipes apuraram uma denúncia de queimada criminosa na Mata Atlântica, no entorno da Resex. Elas surpreenderam empregados de um fazendeiro ateando fogo numa reserva legal de um imóvel rural vizinho ao dele. O chefe da Resex, Rodolpho Mafei, disse que o fazendeiro foi pego várias vezes praticando queimadas ilegais e é acusado de realizar queimadas sistemáticas de área de mata em sua propriedade e nos imóveis rurais vizinhos com o intuito de se apossar de terrenos alheios para pastagem de gado. Os empregados foram obrigados a apagar o fogo.

“Ele queimava a área dele e a dos outros para ir se apoderando e já havia sido indicado como principal suspeito em uma queimada muito grande que ocorreu no fim do ano passado. Agora, os funcionários dele foram flagrados pondo fogo na reserva legal de um imóvel rural vizinho ao dele”, conta. De acordo com Mafei, o fazendeiro não estava no local no momento do flagrante e foi notificado para comparecer ao Ibama de Ilhéus, quando poderá ser multado.
Ascom/ICMBio

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Rondas contínuas e operações mensais reduzem em 50% focos de incêndio na Serra Geral do Tocantins

Carla Lisboa - Brasília (16/02/2009) – O número de incêndios na Estação Ecológica (Esec) Serra Geral do Tocantins caiu pela metade no ano passado em relação a 2007. Segundo gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lotados na unidade, em 2008 foram registrados 70 focos de calor, índice cinco vezes menor do que a média assinalada nos últimos dez anos. Além da diminuição de incêndios, a equipe conseguiu reduzir o número de áreas queimadas. Os bons resultados se devem a mudanças feitas no sistema de combate ao fogo na Esec.

Os dados fazem parte de um diagnóstico elaborado pelos gestores da unidade, com base no histórico de incêndios na região nos últimos dez anos. O levantamento mostra que em 1998 foram registrados 200 focos de calor. Em 2001, esse número subiu para 300 e, em 2005, ficou acima de 450. Ainda de acordo com o levantamento, de 2001 a 2007, a média foi de 400 incêndios entre os meses de junho e setembro, período em que agricultores e pecuaristas da região realizam queimadas.

O chefe da Esec Serra Geral, Wajdi Mishmish, atribui os bons resultados de 2008 às alterações realizadas no sistema de combate ao incêndio, que vão desde ajustes no processo de seleção dos brigadistas até a intensificação da presença em campo para reforçar as atividades operacionais. Isso sem contar com o esforço para se atingir o maior número de pessoas com o trabalho de educação ambiental.

Segundo Mishmish, a equipe adotou um modelo sistemático de fiscalização e de monitoramento, com rondas contínuas executadas em conjunto com os brigadistas e operações mensais de prevenção e de educação ambiental em parceria com o Ibama e com o Cipama. Nessa linha, entre junho e outubro do ano passado, os gestores realizaram a Operação Fogo Cerrado, que teve grande êxito.

RISCOS – Situada numa região do cerrado considerada das mais vulneráveis ao fogo, a estação ecológica é uma das áreas protegidas que apresentam um dos mais elevados índices de foco de incêndio no País. De acordo com informações da equipe gestora da Esec, os meses de junho e outubro é a época da realização de queimadas para renovação do capim dourado e de pastagens para o gado, período em que satélites registram uma média de 400 focos apenas no interior da unidade.

Os brigadistas atuam, geralmente, durante a noite. “De dia é praticamente impossível apagar o fogo por causa da elevada temperatura que o incêndio provoca e do tamanho das labaredas”, explica o chefe da Esec. Segundo ele, o capim dourado brota na região de veredas e é usado pela comunidade para produção de cestos, bolsas e outros manufaturados.

“A população local diz que o capim dourado renasce com mais vigor depois da queimada”, conta Mishmish. Por causa da situação dos posseiros e dos pequenos produtores de artesanados, a equipe do instituto vai propor alterações no modelo de concessão das autorizações de queima controlada para tornar esse mecanismo legal mais acessível para as populações locais.

O sucesso da Operação Fogo Cerrado, segundo Wajdi, deve-se também à colaboração da organização não-governamental Conservação Internacional e do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), bem como do PrevFogo, que pôs à disposição da equipe um sistema de comunicação de autotrack e de rádio, além do treinamento dos brigadistas.

BASES – Para este ano, além de manter a estrutura montada no ano passado, a equipe gestora da estação ecológica pretende aumentar o número de bases operacionais para trabalhar na prevenção. Atualmente, há apenas uma base. Os gestores querem constituir pelo menos mais uma base para acessar os focos de incêndio em no máximo três horas. Segundo Wajdi Mishmish, para dar uma volta total na estação ecológica leva-se pelo menos dois dias. Com as duas bases ele pretende garantir rapidez na resposta quando surgirem focos de calor na região.

No projeto de combate a incêndio para este ano, os gestores querem também elevar o número de brigadista de 28 para 35 e intensificar a campanha educativa. No ano passado, o Ministério do Meio Ambiente financiou material educativo, o qual foi distribuído entre a população dos seis municípios que se situam no entorno da Esec e considerado relevante para atenuar os efeitos da queimada do ano passado.

MOSAICO – Com 716 mil hectares, a estação ecológica localiza-se nos municípios de Almas, Ponte Alta do Tocantins, Rio da Conceição e Mateiros, no Estado do Tocantins; e Formosa do Rio Preto, no Estado da Bahia. Ela é a segunda maior unidade de conservação de proteção integral do bioma Cerrado e integra o mosaico de unidades na região que abrange o Parque Estadual do Jalapão, a Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual do Jalapão, APA Federal da Serra da Tabatinga, todos em Tocantins, e o Parque Nacional (Parna) Nascentes do Rio Parnaíba, no Piauí.

A superfície da unidade é 25% maior do que o Distrito Federal e abriga abundante fauna. Algumas espécies ainda não são conhecidas pela comunidade científica, no entanto, na região há várias espécies raras e outras ameaçadas de extinção, como, por exemplo, a onça pintada, o veado mateiro, a arara-vermelha-grande, o lobo guará, o cachorro do mato, a cascavel, a jiboia, a caninana, a irara, o gato do mato, o gato maracajá. Ela está entre as unidades de conservação em que há ocorrência da espécie-bandeira pato mergulhão.

Segundo estudos realizados na estação ecológica, 80% das aves típicas do cerrado fazem ninhos no chão ou em até 1,5 metros do solo. Em setembro, principal época do acasalamento e também das queimadas, muitas espécies ficam prejudicadas porque, com o fogo, perdem os locais de nidificação. Além do excesso de fogo, a derrubada de grandes árvores para produção de lenha e carvão também têm retirado da região o habitat de aves que necessitam de construir seus ninhos em árvores mais altas. É o caso da água cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), uma das espécies ameaçadas de extinção do Jalapão, e da maioria das grandes aves de rapina, que são pouco prolíticas.

Inscrições rupestres na região indicam a presença humana em períodos pré-históricos e por populações indígenas. Além dos registros históricos da ocupação humana no local, há também comunidades quilombolas.
Ascom/ICMBio

 
 

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