(26/02/2009)
O pesquisador Itamar Soares de Melo, da Embrapa Meio Ambiente
(Jaguariúna, SP), participou da 27ª Operação
Antártica. Ele coletou amostras de diversos ambientes
para isolamento e caracterização da biodiversidade
de bactérias tolerantes a baixa temperatura para
o projeto coordenado pela professora Vivian Pellizari,
do Instituto de Oceanografia da Universidade de São
Paulo – USP, patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPq, que estuda
microrganismos de ambiente terrestre e marinho desse Continente.
O pesquisador, que esteve na Antártica
de dezembro de 2008 a janeiro de 2009, explica porque
é importante estudar as bactérias fixadoras
de nitrogênio gasoso - N2 e radiação
ultra-violeta – UV-B nesse ambiente. “A radiação
UV-B tem sido mais intensa na Antártica, onde o
buraco da camada de ozônio tem perdurado por mais
tempo. Os efeitos dessa radiação são
mais danosos aos microrganismos, nos quais afeta diretamente
o DNA, causando mutações”.
Além do estudo dessas bactérias
pigmentadas associadas às plantas da Antártica
(Deschampsia e Colobanthus) quanto a sua sensibilidade
a UV-B, o projeto irá verificar se a radiação
afeta as plantas e os microrganismos e seu impacto ambiental
e, com o aumento da radiação, qual seria
o possível dano àquele ambiente, principalmente
às plantas .
Com relação às
bactérias fixadoras de nitrogênio, enfatiza
o pesquisador, o projeto analisa a diversidade de bactérias
endofíticas e também aquelas presentes no
solo capazes de fixar o nitrogênio nas plantas e
os mecanismos de adaptação a baixas temperaturas.
O esperado com essas pesquisas é
ter um diagnostico da biodiversidade de bactérias
de diversos ecossistemas, como também suas atividades
funcionais, com o propósito de descoberta de substâncias
biologicamente ativas, compostos ou metabólitos
secundários com potencial biotecnológico
e também com propriedades medicinais.
Sobre o imenso Continente, de 14 milhões
de km2, com 90% de gelo e 80% da água doce do mundo,
o pesquisador se emociona ao dizer que “apesar de inóspito,
há muita diversidade biológica, grande parte
a ser descoberta e o mais importante, o compromisso de
preservá-lo”.
Cristina Tordin
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Pesquisa resgata espécies vegetais
em áreas sujeitas a impacto ambiental
(20/02/2009) A coleta de espécies
vegetais em áreas sob impacto ambiental é
prioridade para a Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, desde meados dos anos 1980. Atualmente,
o foco dessas atividades está voltado principalmente
para áreas onde serão construídas
hidrelétricas. O Brasil é um país
com enorme diversidade biológica e a rápida
modificação de sua paisagem natural representa
grandes desafios para os cientistas.
Por isso, a Embrapa Recursos Genéticos,
Unidade de pesquisa da Embrapa - Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento investe
continuamente na realização de expedições
de coleta em todas as regiões brasileiras, visando
garantir a maior variabilidade genética das espécies
de importância para a alimentação,
para uso medicinal, ornamental, entre outras.
Entre os anos de 1991 e 2008, foram
realizadas atividades de resgate de espécies vegetais,
em parceria com empresas públicas e privadas, em
áreas destinadas à construção
de hidrelétricas em várias regiões
brasileiras, como sul (Barra Grande, na divisa do Rio
Grande do Sul com Santa Catarina), Norte (Estreito, na
divisa do Maranhão com Tocantins); e centro-oeste
(Goiás: Serra da Mesa; Corumbá 01; Corumbá
04; Queimado Cana Brava e São Salvador).
As ações desenvolvidas
pela Unidade para tentar minimizar os impactos causados
pela construção de usinas hidrelétricas
à vegetação e à flora são
fundamentais, especialmente levando em conta o grande
número desses empreendimentos já em funcionamento
no território nacional, o domínio tecnológico
que o país apresenta sobre este tipo de geração
de energia, sua capacidade hidrográfica privilegiada
e o crescimento acelerado das zonas urbanas brasileiras,
que demanda crescente fornecimento de energia elétrica,
além do período de tempo relativamente longo
que as usinas hidrelétricas levam para entrar em
funcionamento.
Metodologia pioneira é recomendada
pelo Ibama
As ações iniciadas pela
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia foram
pioneiras, particularmente quanto aos métodos,
planejamento e início de atividades com grande
antecipação ao enchimento dos reservatórios.
Essas experiências positivas e pioneiras deram sustentação
à criação de uma metodologia inédita
de trabalho em áreas sob impacto ambiental que
tornaram a Unidade referência neste tipo de atividade,
e pode-se até dizer, única no país.
O destaque nessas atividades fez com
que o IBAMA, órgão licenciador desses empreendimentos,
recomendasse a Unidade para que os empreendedores atendam
às cláusulas das autorizações
pleiteadas e isto tem repercutido em uma grande demanda
de projetos que têm permitido a expansão
da infra-estrutura, a constante capacitação
da equipe, a possibilidade de atualização
dos equipamentos de laboratório e campo.
Levantamento e definição de prioridades
Antes de iniciar o resgate das espécies,
a equipe de pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia realiza um trabalho de identificação
e caracterização da vegetação
e da flora das áreas impactadas.
A partir desses levantamentos, são
definidas as prioridades para o resgate de espécies,
geralmente de acordo com os seguintes critérios:
ameaçadas de extinção; raras; endêmicas
(restritas a uma determinada região); de uso potencial
para a indústria, como por exemplo, de alimentos,
fármacos ou de plantas ornamentais, entre outras;
formações vegetais ameaçadas, como
por exemplo, matas secas, matas de galeria; e populações
mais ameaçadas pelo enchimento dos reservatórios
(formações ribeirinhas).
Conservação das espécies
vegetais resgatadas
As mudas e sementes coletadas nas expedições
são levadas para a Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia, onde são tratadas e encaminhadas
para conservação a longo prazo.
Essa conservação é
feita de duas maneiras: in situ, no local de origem das
espécies, e ex situ, fora do seu habitat em câmaras
de conservação a baixas temperaturas.
As sementes denominadas ortodoxas, ou
seja, que resistem bem a baixas temperaturas e umidades,
são conservadas em câmaras frias, a 20ºC
abaixo de zero, onde podem permanecer por até 100
anos.
As sementes recalcitrantes, que não
possuem a mesma resistência, são conservadas
de duas formas: por cultura de tecidos, ou in vitro, como
também é conhecida essa forma de conservação;
ou encaminhadas imediatamente para produção
de mudas e replantios em áreas degradadas.
Fernanda Diniz
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Mangabeira Unger defende biocombustível
(17/02/2009) O ministro de Assuntos
Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, visitou
a Embrapa Roraima, no sábado(14), para conhecer
as instalações e projetos da empresa. Na
ocasião, elogiou a instituição, ressaltando
o seu papel fundamental de "construtora do Brasil
contemporâneo".
No discurso, para autoridades e funcionários,
Mangabeira citou diretrizes para a construção
de uma Amazônia sustentável. "Nós
precisamos fazer uma revolução na natureza
do extrativismo, na sua
forma de organização econômica e gestão
comunitária. Só vamos conseguir uma grande
mudança com inovação e audácia".
Para Mangabeira, um ponto de partida
é um grande projeto de recuperação
de áreas degradadas, com aposta na integração
lavoura-pecuária-floresta e produção
de biocombustível. Antes da visita à Embrapa
Roraima, o ministro sobrevoou áreas de plantio
de
dendê e conheceu produtores que já investem
no cultivo.
O Governador Anchieta Júnior,
que também participou do encontro, disse que o
Estado tem imenso interesse em ampliar parcerias com a
Embrapa. "Uma instituição com o capital
intelectual como o da Embrapa é muito importante
para a transferência de tecnologia e, consequentemente,
para o crescimento de Roraima".
O Chefe Geral da Embrapa Roraima, Francisco
Joaci de Freitas, apresentou dados da produção
de grãos no Estado e as linhas adotadas para geração
de renda e segurança alimentar. Ele ainda destacou
as estratégias para o desenvolvimento sustentável
das florestas de savanas com uso de sistemas agroflorestais
e produção de agroenergia.
O Diretor Executivo da Embrapa, Geraldo
Eugênio, que também visistou a Unidade na
última semana,afirmou que a empresa está
pronta para responder aos desafios demandados para o desenvolvimento
da região e para fortalecer a relação
econômica e
científica com a Guiana e a Venezuela, em especial,
com o estado de Bolívar.
Liliane Cronemberger