17/02/2009
- SALGUEIRO (PE) - O Projeto de Integração
do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas
do Nordeste Setentrional já proporcionou
a revelação do que é, no mínino,
uma ocorrência nova de uma espécie
de serpente do gênero thamnodynastes. O animal
foi resgatado pela equipe da Universidade do Vale
do São Francisco (Univasf), responsável
pelo Programa Básico Ambiental de Conservação
da Fauna e da Flora, um dos 36 criados para minimizar
os impactos ambientais do Projeto.
No âmbito da comunidade
científica, recentemente foi feita uma reavaliação
das espécies dentro do gênero thamnodynastes
e ele passou por uma certa revisão. Neste
trabalho, alguns autores descobriram novas espécies.
“O bicho coletado em área por onde passa
o Projeto de Integração do Rio São
Francisco pode ser uma nova espécie, ou uma
ocorrência nova. Mas já sabemos que
é, no mínimo, uma ocorrência
nova”, explica o professor Luiz Cezar Machado Pereira,
professor da Univasf e um dos responsáveis
pelo trabalho ambiental com a fauna e a flora.
A descoberta é mais uma
demonstração do zelo ambiental do
Projeto São Francisco e a contribuição
deste empreendimento para ampliar o conhecimento
científico sobre a vida animal e vegetal
da caatinga. Todo exemplar de espécie da
fauna e flora coletado no trabalho do programa de
conservação é analisado por
especialistas que estão em contato com universidades
de todo o Brasil. Isso demonstra o forte o envolvimento
da comunidade científica brasileira com as
descobertas proporcionadas pelo Projeto São
Francisco.
Em função do Projeto
São Francisco, a Univasf está implantando
o primeiro centro de recuperação de
animais silvestres da Caatinga. Trata-se do Centro
de Manejo de Fauna da Caatinga, o Cemafauna da Caatinga,
centralizado em Petrolina (PE). O objetivo do centro
é resgatar, identificar, tratar, recuperar
e destinar os animais silvestres apreendidos na
área dos lotes de supressão da vegetação
e reservatórios da integração
de bacias.
Existirá Centros de Triagem
Móveis que funcionarão em contêineres
nos quais estarão técnicos da área
de Medicina Veterinária, para a assistência
necessária aos animais resgatados nas frentes
de obras dos Eixos Norte e Leste. Nestes locais,
os animais silvestres eventualmente feridos receberão
os primeiros socorros e poderão ficar em
quarentena para observação, se necessário.
Em situações de maior gravidade, os
bichos serão transportados para a Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Veterinário
da Univasf.
Outra atribuição
importante do Cemafauna Caatinga é a de controle
e estudo de zoonoses e outras doenças de
animais silvestres, além da capacitação
de nível técnico e universitário
na área de clínica e manejo de animais
silvestres. O centro vai também desenvolver
atividades de educação ambiental sobre
Proteção da Fauna para as Comunidades
inseridas em trechos do Projeto de Integração
do Rio São Francisco.
Fonte: Assessoria de Imprensa
– Centro de Referência de Comunicação
Social do Projeto São Francisco: equipe de
campo
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Em Questão: Projeto São
Francisco protege biodiversidade da caatinga
17/02/2009 - O bioma caatinga
tem uma surpreendente diversidade de vida animal,
que está sendo desvendada e conservada por
meio do Projeto de Integração do Rio
São Francisco com Bacias Hidrográficas
do Nordeste Setentrional. “O Projeto São
Francisco está dando a oportunidade de revelar
o que é realmente a caatinga. Nós
temos aqui mais de 30 espécies de formigas,
entre 280 e 300 de aves e outras 48 de répteis,
só para dar alguns exemplos”, avalia o professor
Luiz Cezar Machado Pereira, pesquisador da Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf),
cuja equipe trabalha para conservar espécies
da Fauna e da Flora nativas, protegendo-as durante
a construção do canal. No total, o
Projeto inclui 36 Programas Básicos Ambientais
foram criados para minimizar os impactos ambientais
da construção dos canais do Eixo Norte,
projetado para rasgar 426 quilômetros da caatinga,
e do Eixo Leste, de 287 quilômetros.
O resgate de centenas de espécies
com vida só é possível graças
ao apuro do critério técnico. Com
ele vêm as surpresas. A própria comunidade
científica sempre achou que a caatinga era
pobre, por exemplo, em anfíbios. Não
é. Um exemplo é a presença
da perereca verde, da espécie Phyllomedusa
nordestina, não esperada na caatinga. Num
só dia de trabalho, os técnicos encontraram
30 exemplares dela. Mais uma demonstração
de que as informações da comunidade
científica sobre a caatinga são “escassas”,
na avaliação do professor Luiz Pereira.
“A conservação da natureza acontece
quando se protege e se leva desenvolvimento à
comunidade. Isso é desenvolvimento sustentável”,
defende Pereira.
A expectativa em torno da publicação
de trabalhos sobre esse bioma, daqui para frente,
é grande, principalmente no campo da zoologia.
Em breve surgirão trabalhos científicos
informando com riqueza de detalhes técnicos,
por exemplo, que a caatinga é similar ao
cerrado brasileiro em relação à
diversidade das espécies de mamíferos
que ocorrem em cada um desses biomas.
Multidisciplinar – Biólogos,
arqueólogos, botânicos, engenheiros
vêm colecionando surpresas no canteiro de
obras. Há trechos de caatinga que parecem
danificados pela ação humana, mas
isso não é verdade. O rareamento da
vida selvagem é natural. “Para entender isso
é preciso entender de solo, de geologia,
de relevo, fauna, flora, arqueologia e a comunidade
humana atual. É preciso interação
de conhecimentos. Não dá para separar”,
explica Pereira.
Primeiro, os técnicos dividem
a área em talhões (lotes) e precisam
seguir uma escala cronológica para suprimir
a vegetação nesses talhões.
Antes do corte da vegetação, porém,
a equipe de fauna afugenta principalmente os animais
vertebrados (mamíferos de médio e
grande porte como veado caatingueiro, e o tamanduá-
mirim). “A passagem dos arqueólogos antes
da equipe de fauna e flora é importante para
avaliar o que havia no local há 10 mil, 20
mil anos.
Assim, o Ministério da
Integração Nacional segue as instruções
do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), que concedeu a licença
para a implantação do projeto, a chamada
LI (Licença de Instalação).
A LI determina que toda a supressão da vegetação
no canal e reservatórios tem que ser acompanhada
de resgate da fauna e do germoplasma (recursos genéticos
de uma espécie). Para acontecer o resgate
é preciso haver um bom plano de supressão
vegetal. “As duas ações têm
que ser muito concatenadas”, enfatiza o pesquisador
da Univasf.
O Projeto – O Projeto de Integração
do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas
do Nordeste Setentrional é um empreendimento
do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério
da Integração Nacional, destinado
à assegurar a oferta de água, em 2025,
a cerca de 12 milhões de habitantes de pequenas,
médias e grandes cidades da região
semi-árida dos estados de Pernambuco, Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte.
A integração do
rio São Francisco às bacias dos rios
temporários do Semi-árido será
possível com a retirada contínua de
26,4 m³/s de água, o equivalente a 1,4%
da vazão garantida pela barragem de Sobradinho
(1850 m³/s) no trecho do rio onde se dará
a captação. Este montante hídrico
será destinado ao consumo da população
urbana de 390 municípios do Agreste e do
Sertão dos quatro estados do Nordeste Setentrional.
Nos anos em que o reservatório de Sobradinho
estiver vertendo, o volume captado poderá
ser ampliado para até 127 m³/s, contribuindo
para o aumento da garantia da oferta de água
para múltiplos usos.
O Eixo Norte, a partir da captação
no rio São Francisco próximo à
cidade de Cabrobó – PE, percorrerá
cerca de 400 km, conduzindo água aos rios
Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no
Rio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba
e Rio Grande do Norte. Ao cruzar o estado de Pernambuco
este eixo disponibilizará água para
atender as demandas de municípios inseridos
em 3 sub-bacias do rio São Francisco: Brígida,
Terra Nova e Pajeú. Para atender a região
do Brígida, no oeste de Pernambuco, foi concebido
um ramal de 110km de comprimento que derivará
parte da vazão do Eixo Norte para os açudes
Entre Montes e Chapéu.
O Eixo Leste que terá sua
captação no lago da barragem de Itaparica,
no município de Floresta – PE, se desenvolverá
por um caminhamento de 220 km até o rio Paraíba
– PB, após deixar parte da vazão transferida
nas bacias do Pajeú, do Moxotó e da
região agreste de Pernambuco. Para o atendimento
das demandas da região agreste de Pernambuco,
o projeto prevê a construção
de um ramal de 70 km que interligará o Eixo
Leste à bacia do rio Ipojuca.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República