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ANTROPÓLOGO DEFENDE NOVO MODELO PARA DEMARCAÇÕES DE TERRAS INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2009

4 de Março de 2009 - Vinicius Konchinski - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - O antropólogo Rubem Thomaz de Almeida, coordenador de um dos grupos de trabalho encarregados de identificar áreas indígenas em Mato Grosso do Sul, defendeu em entrevista à Agência Brasil um novo modelo para demarcação de reservas no estado.

Estudioso dos Guarani-Kaiowá e Guarani-Ñandeva e ciente da dificuldade de ampliação das terras ocupadas pelas duas etnias, Almeida propõe uma forma de conciliar a produção e a preservação da cultura indígena: uma mudança nas normas que regem as chamadas reservas legais.

Reserva legal é a parcela de uma propriedade rural na qual é obrigatória a preservação da flora original. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, 20% de toda propriedade deve estar ocupada por mata nativa, já na região da Amazônia, 80%.

Almeida disse, porém, que a maioria das propriedades do sul do estado não cumpre esta exigência. Para ele, o governo poderia negociar com os proprietários a cessão de parte de suas terras para os índios em troca de que essa área seja considerada reserva.

“A idéia é negociar com índios e fazendeiros para encontrar uma forma para que ambos os lados possam usar a terra, sem prejuízo de um lado ou do outro”, disse ele. “Primeiro, é dar conta das áreas dos índios. Depois, colocar as terras indígenas como reservas legais.”

Almeida admitiu que a idéia é embrionária e necessita de modificações na legislação vigente. Porém, ele ressaltou que um acordo entre produtores, índios e governo pode fazer a questão avançar. “Tudo é uma questão de negociação”, resumiu.

Para ele, uma solução acordada entre todas as partes daria um ponto final na instabilidade social presente em comunidades indígenas do estado e instabilidade econômica do agronegócio sul-mato-grossense. “Isso seria um novo contrato social para o estado. Será o encaminhamento dessa ordem que vai dar conta do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.”

Almeida ratificou ainda a necessidade da ampliação das terras indígenas do sul do estado. De acordo com o antropólogo, o pouco espaço para os cerca de 45 mil índios cria um problema crucial: a falta de comida. “Os índios querem as terras que seus antepassados viveram e querem terra para produzir comida”, afirmou, destacando também a importância do governo aumentar a assistência dada às comunidades indígenas.

Segundo ele, entretanto, não adianta que as pessoas cobrem dos índios uma produção de grandes volumes de alimentos. Os índios têm um modo de plantar alinhado com seus hábitos religiosos, familiares e sociais. Para o antropólogo, a manutenção deste modo de vida significa a preservação de um povo que habita o Mato Grosso do Sul há, pelo menos, 500 anos.

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Funai deve retomar em abril as demarcações em Mato Grosso do Sul

4 de Março de 2009 - Vinicius Konchinski - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - A chefe do escritório regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Dourados (MS), Margarida Nicoletti, afirmou que os estudos para demarcação de novas de terras indígenas em Mato Grosso do Sul devem ser retomados no próximo mês. Segundo ela, ainda em março, a Funai deve publicar uma instrução normativa com novas diretrizes para a identificação das áreas que devem ser concedidas aos índios da região sul do estado. Assim que a instrução sair, as pesquisas recomeçarão.

“Em março, sai a nova instrução normativa e, em abril, os grupos de trabalho [para identificação das terras indígenas] já devem estar em campo”, afirmou Margarida, em entrevista à Agência Brasil.

A falta de terras é a principal reivindicação dos 45 mil índios das etnias Guarani-Kaiowá e Guarani-Ñandeva que habitam o chamado Cone-Sul sul-mato-grossense. Na última assembléia de líderes indígenas da região, realizada no fim de semana, um documento foi elaborado para cobrar do governo federal mais rapidez no processo de demarcação.

Os estudos para identificação das áreas indígenas no estado começaram em julho de 2008 e deveriam acabar em 2010, conforme Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a Funai e a Procuradoria da República em Dourados. Porém, os levantamentos foram suspensos por determinação do presidente da Funai, Marcio Meira, em decisão anunciada após reunião com o governador do estado, André Puccinelli (PMDB).

Para Margarida, o atraso nos estudos são explicados por dois motivos principais. O primeiro é a demora do julgamento da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A sentença deve fixar novo marco legal para os futuros processos demarcatórios.

O outro motivo, segundo ela, é a pressão política e econômica contra os estudos. Alguns dos políticos mais influentes do estado são declaradamente contra a demarcação, assim como as principais entidades agropecuaristas sul-mato-grossenses.

O antropólogo Rubem Thomaz de Almeida, coordenador de um dos grupos encarregados da identificação das áreas, afirmou hoje (4) que a segunda fase dos estudos deve demorar cerca de um mês. Assim que os pesquisadores retomarem os trabalhos, eles terão de percorrer os territórios citados pelos indígenas durante as entrevistas feitas na primeira fase do levantamento, encerrada em setembro.

Os grupos de estudiosos irão verificar se os relatos dos índios realmente têm fundamento e redigirão um relatório descrevendo todas as áreas consideradas relevantes para a manutenção da cultura das comunidades indígenas da região. O processo de demarcação das terras indígenas terá o relatório como base.

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MPF vai investigar uso de recurso público nas manifestações contra a Funai de Dourados

4 de Março de 2009 - Vinicius Konchinski - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - O Ministério Público Federal (MPF) em Dourados (MS) vai apurar a possível participação de não-índios nos protestos que fecharam por 21 dias a sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) na cidade.

A investigação foi solicitada pelo procurador Marco Antonio de Almeida e visa verificar, inclusive, se recursos públicos foram usados para financiar as manifestações.

Ainda segundo o MPF, possíveis danos ao patrimônio público também serão verificados.

Em entrevista à Agência Brasil, a chefe da Funai em Dourados, Margarida Nicoletti, afirmou hoje (4) que acredita na participação de não-índios nos protestos. Para ela, as manifestações foram por políticos e agropecuaristas da região, contrários à demarcação de terras indígenas no estado.

“O protesto tem influencia política no sentido de atrapalhar a demarcação”, disse ela. “O agronegócio quer desestabilizar a Funai para atrasar os trabalhos.”

A índia guarani-kaiowá Dirce Veron, uma das manifestantes, afirmou hoje que o protesto dos índios é legítimo e não tem influência nem financiamento externo. Ela disse que o protesto recebeu somente algumas doações de empresárias sul-mato-grossenses.

“Recebemos algum dinheiro através da ONG [organização não-governamental] Índias em Ação”, explicou ela. “Tudo legalmente, até porque as empresárias deduzem o valor no Imposto de Renda.”

Dirce afirmou ainda que está ciente da investigação e já prestou seu depoimento à Polícia Federal. De acordo com ela, todos os manifestantes vão colaboração com a apuração.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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