Porto
Velho (04/03/2009) - Em atividade de rotina, fiscal
do núcleo de Fauna do Ibama - RO, apreende
semana passada, um caminhão com centenas
de pneus velhos que teriam como destino terreno
baldio próximo ao igarapé Bate Estaca,
na Estrada da Areia Branca, via pública que
dá acesso a vários sítios e
chácaras em Porto Velho.
O dono da carga, um borracheiro,
foi autuado de acordo com o decreto 6.514/08, pela
destinação inapropriada de pneus no
meio ambiente. Certamente o autor da infração
não estava ciente do malefício que
os pneus trariam a saúde pública e
ao meio ambiente.
Os pneus são normalmente
queimados ou jogados a céu aberto. O processo
da queima resulta na combustão que prolifera
o óleo pirolítico e cinzas. O óleo
contém produtos químicos tóxicos
e metais pesado capazes de produzir perda de memória,
deficiência no aprendizado, supressão
no sistema imunológico, além de danos
nos rins e no fígado. Ainda na forma de óleo,
ele pode infiltrar no solo contaminando a água
inclusive contaminando os lençóis
freáticos. As cinzas também contêm
elementos nocivos semelhantes ao óleo pirolítico
e causa os mesmos males.
A fumaça da queima dos
pneus é o pior resíduo obtido. Ela
tem entres seus componentes as dioxinas e os furanos,
além de outros compostos cancerígenos.
Esses elementos são responsáveis por
atrofia muscular, deformação de crianças,
problemas toráxicos e do coração,
além de dificuldades respiratórias,
infertilidade e até mesmo o câncer.
Sem contar que os pneus são
verdadeiros berçários de mosquitos
que proliferam doenças como Dengue, Febre
amarela, entre outras doenças causadas por
parasitas. Esse problema atinge toda a Região
Norte, vale salientar que a cooperativa mais próxima
para a destinação correta de resíduos
fica a mais de 2.000km, em Campo Grande/Mato Grosso
do Sul. Temos ainda o problema da falta de políticas
públicas para destinação correta
de materiais recicláveis, a conseqüência
disso é um grande impacto na saúde
da população, resultando em enormes
gastos com saúde que poderiam ser aplicados
em saneamento, e mesmo na destinação
adequada destes resíduos. Cientistas estimam
que pneus os levem até 450 anos para decomporem.
Outro grande problema é
a falta do cumprimento da legislação
ambiental brasileira segundo a Resolução
CONAMA Nº 258, exige-se que os fabricantes
e importadores de pneus sejam responsáveis
pela coleta e destinação adequada
desse material.
Quando é usado e destinado
corretamente, o pneu tem várias utilidades.
No dia-a-dia absorve os impactos entre o carro e
o solo, tornando o transporte mais confortável
e funcional, após a utilização
muitos podem ser recauchutados, aumentando sua vida
útil em 40%, porém outros não
poderão mais ser aproveitados. Como uso alternativo
o pneu pode ser usado de forma direta na proteção
de construções à beira mar
e na contenção da erosão do
solo ou associado a calçadas funcionando
como amortecedor para o crescimento de plantas com
raízes grandes, evitando rachaduras. Pode
também ser utilizado como combustível
em fornos de cimento e usinas termoelétricas,
combustível para produção de
cimento, cal, papel, e celulose. Os pneus podem
ser triturados e o pó gerado misturado ao
asfalto o que aumenta a sua elasticidade e durabilidade.
Segundo dados estatísticos
de fevereiro de 2009 do site Detran/RO, em Porto
Velho há uma frota de 136.160 veículos
transitando. Se fizermos uma média de troca
de pneus a cada dois anos, sendo que o desgaste
dos pneus se dá através de seu uso,
que nem sempre chega a dois anos, teremos uma incrível
quantidade de mais de 500.000 pneus velhos sem destino
a cada quatro anos.
Outro levantamento feito no site
da prefeitura de PVH em 2006 mostra que os pneus
são o segundo no ranking de incidências
de dengue nesta cidade, sendo responsável
por 26,83% dos casos.
A preservação das
condições ideais de meio ambiente,
de modo a propiciar boas condições
de vida à população, conforme
determina a constituição federal,
exige das autoridades públicas ações
efetivas ao combate às diferentes formas
de poluição ambiental. Falta ainda
incentivo para as diferentes iniciativas empresariais
de reciclagem de pneus velhos.
Wanderley Pereira e Vademir Tedesco
Ascom/Ibama/RO
Foto: Wanderley Pereira