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ÍNDIOS COBRAM AGILIDADE DO GOVERNO NA DEMARCAÇÃO DE TERRAS EM MATO GROSSO DO SUL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2009

3 de Março de 2009 - Vinicius Konchinski - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - Líderes de comunidades indígenas da região sul de Mato Grosso do Sul decidiram, em assembléia, cobrar agilidade no processo de demarcação de reservas no estado. Os caciques e outros líderes tradicionais reuniram-se no último fim de semana em uma aldeia de Amambai (MS) e oficializaram um apelo para que o governo federal conclua de forma rápida os estudos para a identificação de áreas indígenas iniciados em julho do ano passado.

“Queremos reafirmar a nossa disposição de lutar até o fim pelos nossos direitos, especialmente [o direito] à terra, e cobrar com firmeza as obrigações do governo brasileiro inscritas na Constituição Federal e em documentos internacionais”, afirmaram as lideranças, em documento final do aty guassu (grande reunião, em língua guarani).

A Fundação Nacional do Índio (Funai) assinou, em novembro de 2007, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Procuradoria da República de Dourados (MS) comprometendo-se a resolver a questão das terras de cerca de 45 mil índios até o fim de 2010. Entretanto, o processo de demarcação está suspenso desde setembro.

Segundo a assessoria de imprensa da Funai, o órgão espera a conclusão do julgamento sobre a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, para publicar nova instrução normativa sobre os estudos em Mato Grosso do Sul. Assim que isso que for feito, o processo será retomado.

Entretanto, os líderes da região continuam reclamando da falta de terras. “Tiraram nossas terras e nos confinaram”, afirma o texto assinado no aty guassu.

Getúlio Juca de Oliveira, cacique da aldeia Jaguapiru, em Dourados (MS), onde vivem mais de 13 mil índios em pouco mais de 3,5 mil hectares, afirmou hoje (3) à Agência Brasil que os líderes querem saber o motivo dos atrasos. Na assembléia, eles decidiram convocar o presidente da Funai, Márcio Meira, e um representante da Procuradoria em Dourados para uma nova reunião em março.

A Funai informou que Meira deve se reunir amanhã (4), em Brasília, com o índio guarani-kaiowá sul-mato-grossense Anastácio Peralta, membro da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). No encontro, deve ser definida a participação do presidente da fundação no próximo aty guassu.

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Supremo retomará julgamento de demarcação da Raposa Serra do Sol no dia 18

5 de Março de 2009 - Marco Antonio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da constitucionalidade da demarcação em faixa contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, será retomado no dia 18 de março, uma quarta-feira, com o voto do ministro Marco Aurélio Mello. Em dezembro do ano passado, Marco Aurélio pediu vista do processo, quando já tinham sido proferidos oito votos favoráveis à manutenção da demarcação contínua, nos termos da homologação feita pelo governo federal, em abril de 2005.

Se a maioria mantiver o entendimento, terão de deixar parte da área de 1,7 milhão de hectares - onde vivem 18 mil índios das etnias Macuxi, Wapichana, Patamona, Ingaricó e Taurepang - um grupo de grandes produtores de arroz e de aproximadamente 50 famílias de agricultores brancos, que permaneceram em suas posses, por não concordar com o valor das indenizações oferecidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Ainda faltam votar também os ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes, presidente do STF. Os ministros que já se manifestaram podem mudar seus votos, caso se sensibilizem com algum novo argumento que for apresentado. Logo, ainda não está eliminada, pelo menos tecnicamente, a possibilidade de uma decisão pela permanência dos não-índios dentro da reserva.

O julgamento foi iniciado em 27 de agosto de 2008 e suspenso inicialmente por um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito. No primeiro semestre do ano passado, uma operação da Polícia Federal (PF) esteve prestes a ser deflagrada para a retirada à força dos não-índios. Na época, pontes de acesso à terra indígena foram destruídas e uma base de resistência armada foi montada na Vila Surumu pelos que se negavam a deixar a reserva. Uma liminar do STF evitou o confronto, pois proibiu a retirada de qualquer morador da área até a decisão final do caso na Justiça.

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Federação da Agricultura de MS diz que processo de demarcação cria instabilidade econômica

4 de Março de 2009 - Vinicius Konchinski - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) posicionou-se contrária à demarcação de terras indígenas no estado e informou que os estudos da Fundação Nacional do Índio (Funai) causam uma instabilidade ao setor produtivo sul-mato-grossense.

O presidente da Comissão de Assuntos Fundiários e Indígenas da entidade, Cristiano Bortolotto, afirmou em entrevista à Agência Brasil que uma possível ampliação de reservas pode comprometer a economia da região mais produtiva do estado.

Segundo ele, a região sul, foco dos estudos realizados pelos grupos de trabalho da Funai, tem 22% do território do estado e é responsável por 37% de todas as exportações estaduais. Ele afirmou também que, com o início do processo de demarcação, vários investimentos foram suspensos já que, segundo ele, propriedades podem ser expropriadas para serem concedidas aos indígenas.

“Essas portarias da Funai [que determinaram o inícios dos estudos] paralisaram os negócios porque criaram uma instabilidade muito grande”, afirmou Bortolotto. “Esta instabilidade só tende a segregar ainda mais os índios e os produtores rurais.”

O representante da Famasul disse ainda que, quem conhece a realidade de Mato Grosso do Sul, sabe que todas as propriedades rurais do estado são legais e devidamente registradas em cartórios desde o início da colonização da região, ainda no século 19. Para ele, não é justo tentar resolver o problema de falta de terras dos índios tirando as terras dos produtores.

“Todas as áreas do governo federal que poderiam ser cedidas aos índios já foram demarcadas”, disse ele. “Se existe uma injustiça contra os índios, somos a favor de corrigi-la. Só não vamos criar uma outra injustiça para que daqui a dez, 50 ou 500 anos ela tenha que ser corrigida também.”

Bortolotto afirmou que a proposta da Funai de indenizar os produtores que perderem suas terras devido à demarcação é aceitável, porém ressaltou que os valores que serão pagos pelas áreas devem ser compatíveis com os de mercado e que a Funai e o governo federal devem honrá-los - o que não costuma acontecer, segundo ele. “Eles dizem que pagam, mas não pagam.”

Ele disse também a entidade está disposta a discutir uma solução mais adequada para a questão.

Para ele, entretanto, a solução ideal para o problema é a inclusão total dos índios na sociedade.

“Os indígenas não tem produção [agropecuária] e aqui não dá mais para viver da caça e pesca”, afirmou. “Nós, brancos, pardos, negros já tivemos outras formas de vida, mas os meios evoluem. O índio quer um celular, uma vida conforme as coisas evoluíram.”

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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