Curitiba
(09/03/2009) No dia 17/3, o superintendente do
Ibama no Paraná, José Álvaro
Carneiro, e o secretário estadual de Meio
Ambiente, Lindisley da Silva Rasca Rodrigues, lançam
na Escola de Governo do Estado do Paraná,
o Programa de Combate ao Desmatamento em ambiente
de floresta de araucária para o estado do
Paraná. De acordo com Carneiro, a idéia
é realizar o combate ambiental à
pobreza com criação de opções
de renda para as pessoas que vivem na região
da floresta de araucárias.
Segundo o superintendente do Ibama,
a sociedade paranaense contará com o plano
integrado de combate ao desmatamento em atividade
ainda no mês de março. Ele relaciona
o processo de desflorestamento à escassez
de água, às mudanças climáticas
e à necessária conservação
da biodiversidade para reforçar a importância
da aliança dos governos federal e estadual
que buscará salvaguardar os últimos
remanescentes de floresta de araucária no
Paraná.
Desde setembro de 2008, o Ibama
no Paraná realiza uma avaliação
dos remanescentes de floresta de Araucária,
concentrados na região centro-sul do estado,
com sucessivos vôos de helicóptero.
Ao deparar com dezenas de pequenas derrubadas e
um grande desmatamento no município de General
Carneiro, em propriedade denominada 1º de Maio,
da Madeireira João José Zattar Ltda,
ocupada por sem-terras, o Ibama acionou a Polícia
Federal para iniciar um processo que investiga as
ramificações das atividades criminosas.
Dada a constatação,
com o início das ações de fiscalização
e investigação, Carneiro buscou contato
permanente com as autoridades ambientais do Paraná,
pois a situação encontrada demandava
mais do que ações de fiscalização.
Em conjunto com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente
- SEMA e o Instituto Ambiental do Paraná
- IAP, foi elaborado um Programa de Combate ao Desmatamento
no Paraná, composto por sete vertentes: Mobilização
Política, Ações de Conservação,
Ações de Combate à pobreza
e opções de renda, Ações
de Comando e Controle, Definição e
acompanhamento por indicadores, Programa Integrado
de Comunicação e Origem de Recursos.
O trabalho foi apresentado ao
governador Roberto Requião, que segundo o
secretário de Meio Ambiente, aprovou o seu
detalhamento. Os encaminhamentos para detalhar e
planejar as ações e envolver os parceiros
no Governo Federal (Incra, Ministério da
Ação Social, entre outros), no estadual
(Secretaria da Agricultura, Emater, Secretaria do
Desenvolvimento Urbano, entre outros), no municipal,
no terceiro setor (Ongs Paranaenses e Redes Nacionais)
e o setor produtivo prosseguem em ritmo acelerado.
Enquanto isso, o Ibama e a Polícia
Federal continuam as ações de fiscalização.
Durante o Carnaval foram realizadas mais de 20 horas
de vôos sobre a região foco e na primeira
semana de março, oito equipes se deslocaram
por terra para as principais pontos com desmatamentos.
Nestas incursões foram encontrados centenas
de exemplares abatidos de nossa flora, com destaque
para toras de araucárias centenárias.
Com o aprofundamento dos estudos
e novos vôos, foram se acumulando evidências
que corroboraram com as informações
iniciais e permitiram dividir as pressões
sobre a mata nativa em três grandes blocos:
Invasões
Famílias e pessoas de baixa
renda, desempregadas, ocupam propriedade com boas
reservas de mata nativa. Estradas são abertas,
lotes são demarcados, árvores são
marcadas, instrumentos de trabalho são emprestados
(machados, moto serras) e a derrubada tem início.
Uma rede ilegal se estabelece para compra de toras
(serraria, laminação) e na seqüência
o que sobra de material lenhoso é encaminhado
para produção de lenha, carvão
e cavaco (madeira picada para queimar e produzir
energia). Depois de depredada, a propriedade poderá
ter uso para assentamento ou ser devolvida ao dono.
Pequenos proprietários
e assentados
Na região existem mais
de mil fornos de carvão. A produção
agrícola é difícil em decorrência
das condições topográficas
e características do solo e do clima. Para
aferir mais renda, lenta e continuamente as árvores
de menor valor que restarem são abatidas
e encaminhadas para fornos de carvão. Lenha
e cavaco também são produzidos. Também
acontece a compra, por madeireiros, de grupos de
árvores (uma carga de caminhão no
mínimo) destes proprietários.
Grandes proprietários
Áreas imensas com excepcionais
reservas de araucárias são lentamente
exploradas, retirando-se seletivamente exemplares
para serraria. Aos poucos, o espaço permite
a implantação de sivicultura (pinus,
eucalipto) ou mesmo agricultura.
Na área sob processo de
investigação, que soma cerca de 1
milhão de hectares, equivalente a 5% do território
do Paraná, o Ibama estima o desmatamento
de floresta nativa, no equivalente a 30 caminhões
por dia entre toras, lenha, carvão e cavaco.
Nos últimos seis meses, foram lavrados 31
autos de infração, que totalizaram
R$ 6.158.058,40, apreendidos 4 caminhões,
1 trator de esteira e 1.310,424 m3 de madeira. Foram
abertos 12 inquéritos criminais pela Polícia
Federal.
Ibama/PR