20/03/2009
- Pesquisadores e técnicos do Instituto de
Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
(IDSM/MCT), e representantes de órgãos
públicos, se reúnem amanhã
(21) com moradores da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá (RDSM) para avaliar
o aproveitamento de jacarés realizado em
dezembro de 2008. O encontro será na comunidade
São Raimundo do Jarauá, na RDSM, situada
na área onde o experimento foi realizado.
Essa iniciativa é do governo
do Amazonas e é estudada desde 2003, com
o desenvolvimento do Projeto Piloto para o Manejo
de Jacarés na Reserva Mamirauá. Desde
então, foram realizadas duas coletas experimentais,
em 2004 e 2006, quando foram abatidos, respectivamente,
58 e 250 animais.
O Instituto Mamirauá, que
compartilha a gestão da área com o
governo do Amazonas, acompanha o projeto desde o
início e, na última coleta, teve maior
participação, depois de ter acordado
pontos comuns com o governo a respeito da tomada
de decisões sobre os critérios técnicos
e científicos da extração.
O Instituto presta assessoria às comunidades
envolvidas no projeto, fornecendo dados técnicos
e científicos a respeito da espécie
e da possibilidade de manejo. O estudo e outros
processos relativos à cadeia produtiva são
de responsabilidade do governo do estado.
Encontro
No encontro de amanhã,
os pesquisadores e extensionistas do Mamirauá
apresentarão dados associados à coleta,
enfocados em identificar as maiores dificuldades
do processo, e procurarão definir linhas
de ação que permitam melhorar futuras
ações de manejo. "Essa forma
de reunião é realizada costumeiramente
pelos pesquisadores de todos os projetos e programas
de manejo do Instituto, com a finalidade de levar
à comunidade um retorno sobre a atividade
realizada e de discutir periodicamente o manejo
dos recursos naturais", explica Robinson Botero-Arias,
pesquisador do Programa de Manejo e Conservação
de Jacarés do Instituto.
De acordo com ele, o manejo de
jacarés apresenta-se, futuramente, como uma
alternativa de renda para os moradores da reserva.
No entanto, ainda são necessárias
pesquisas que fundamentem a exploração
desse recurso, bem como estudos sobre a cadeia produtiva
e a superação de obstáculos
relativos à comercialização
da carne e da pele desses animais.
A Lei de Proteção
à Fauna (n° 5.197) proíbe o comércio
de peles e da carne de jacarés no estado
do Amazonas. As coletas na Reserva Mamirauá
tiveram licenças especiais fornecidas pelo
Centro de Conservação e Manejo de
Répteis e Anfíbios (RAN), do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama).
Sobre o IDSM
O Instituto de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá (IDSM) é
uma Organização Social (OS), supervisionada
pelo Ministério de Ciência e Tecnologia
(MCT). Criado em 1999, sua missão é
promover a conservação da biodiversidade
mediante o manejo participativo e sustentável
de recursos naturais. É co-gestor das Reservas
de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
e Amanã, duas unidades de conservação
com, respectivamente, 1,12 milhão e 2,35
milhões de hectares. Tem o apoio do governo
do Amazonas, da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam),
da Petrobras, do Wildlife Conservation Society/Fundação
Gordon Moore, do programa inglês Darwin Initiative,
do Zoological Society of London (ZSL), entre outras.
As informações sobre
a coleta da carne e da pele dos jacarés poderão
ser consultadas por meio do Sistema de Rastreamento
de Mamirauá (Sirim), disponível no
site (www.mamiraua.org.br).
+ Mais
INT transforma bagaço e
palha da cana-de-açúcar em álcool
17/03/2009 - A produção
do álcool combustível (etanol) pode
ser ampliada e barateada com a utilização
da biomassa residual da cana, o bagaço e
a palha. Essa possibilidade – também válida
para outros resíduos agro-industriais – está
em estudo por pesquisadores do Instituto Nacional
de Tecnologia (INT/MCT). Eles já desenvolveram,
em escala piloto, a tecnologia de pré-tratamento
dessa matéria-prima para a produção
de bioetanol por meio de hidrólise enzimática.
O processo consiste na transformação
da celulose presente na biomassa em açúcares
usados na fermentação alcoólica,
por intermédio da ação de enzimas
(celulases).
Os detalhes do processo serão
apresentados no evento Terças Tecnológicas,
hoje (17), às 14h30, no auditório
do INT. O tema será desenvolvido pela doutora
em bioquímica Viridiana Ferreira-Leitão,
tecnologista da Divisão de Catálise
do INT na palestra Avaliação do desenvolvimento
científico e tecnológico do etanol
combustível.
No evento, Viridiana, que também
é a responsável pela pesquisa, traça
um panorama geral avaliando cada uma das tecnologias
hoje utilizadas para produção do álcool
combustível. Ela explicará o trabalho
específico do seu grupo de pesquisa neste
tema.
Viabilizar a produção
do álcool de segunda geração,
o bioetanol, vem sendo uma corrida empreendida por
vários grupos no mundo. No Brasil, o INT
integra uma Rede de Pesquisas em Biotanol, financiada
pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT),
que articula as pesquisas de desenvolvimento tecnológico
no tema.
Um dos pontos que reforçam
a importância e a viabilidade do incremento
tecnológico que será mostrado é
a vantagem logística brasileira de poder
aproveitar a biomassa residual na mesma usina que
produz o produto principal – no caso o açúcar
e o álcool de primeira geração
– dispensando o alto custo de transporte para processamento
em outro local. A produção de uma
tonelada de açúcar gera duas toneladas
de bagaço de cana: números que mostram
o potencial de aproveitamento deste resíduo
para geração de energia.
O ciclo Terças Tecnológicas é
voltado para estudantes de graduação
e pós-graduação, apresentando
projetos como este, desenvolvidos pelo INT. Seu
objetivo é estimular o debate e a interação
entre tecnologistas e o público universitário,
e divulgar tecnologias inovadoras para a sociedade.