Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - O nível das águas dos rios
da bacia do Amazonas no primeiro semestre de 2009
deve ficar apenas um centímetro abaixo da
média registrada no mesmo período
em 1953, quando houve a maior cheia no estado. A
informação é do superintendente
regional do Serviço Geológico do Brasil
(CPMR), Marco Antônio Oliveira, que, nesta
terça-feira (31), apresentou, em Manaus,
o primeiro alerta de cheia para o estado em 2009.
Segundo Oliveira, a cheia deste ano no Amazonas
será de grande magnitude e pode ser a segunda
maior já registrada nos últimos 100
anos no estado.
“Tudo indica que a cheia de 2009
vai se aproximar bastante da maior cheia já
registrada no estado, que foi em 1953. Pelas nossas
previsões, a cheia deste ano será
de grandes proporções para a Bacia
Amazônica. Esse tipo de cheia ocorre a cada
50 anos e, com relação à cheia
de 1953, em 2009 o nível das águas
deverá ficar apenas um centímetro
abaixo da média registrada”, declarou.
De acordo com o superintendente,
este ano, o nível das águas no Amazonas
pode atingir a marca dos 29,68 metros. Se isso acontecer,
o registro de 2009 ficará atrás, apenas,
dos anos de 1953 (29,69 metros); 1976 (29,61 metros);
e 1989 (29,42 metros). A margem de erro é
de 35 centímetros para mais ou para menos.
Ainda segundo o CPMR, o nível dos rios no
Amazonas tem subido em ritmo acelerado, com média
de cinco centímetros por dia. Em Manaus,
o nível do principal rio da cidade – o Rio
Negro – está na marca dos 27, 45 metros.
O objetivo do alerta de cheia é identificar
que tipo de cheia haverá no estado no ano
corrente.
“O alerta nos permite prever se
teremos cheia de grande magnitude ou não
e, com isso, preparar a população.
Temos que aguardar o nível das chuvas e o
comportamento dos rios. Por hora, sabemos que é
uma cheia de grande intensidade, que deve afetar
a população dos igarapés das
bacias do São Raimundo e Educandos [dois
dos quatro rios que cortam a cidade de Manaus] e
também do interior do estado. O período
de águas altas ainda deve se manter por volta
de dois meses”, acrescentou Oliveira.
A apresentação realizada
nesta terça-feira na sede do CPMR em Manaus
considera que a cheia é um evento climático
anual que pode ocorrer com maior ou menor intensidade
em comparação aos anos anteriores.
Esse tipo de levantamento no estado é realizado
desde 1903. Na Amazônia, o período
das chuvas se inicia no fim do ano e se estende
até maio ou junho do ano seguinte.
O chefe da divisão de meteorologia
do Sistema de Proteção da Amazônia
(Sipam), Ricardo Dallarosa, confirmou que as chuvas
no Amazonas acima da média estão sendo
registradas desde outubro do ano passado. O evento
ocorre em função do fenômeno
La Niña (resfriamento das águas superficiais
do oceano Pacífico). A média de chuvas
deve se manter para o mês de abril nas regiões
centro e norte do Amazonas; para Roraima; norte
do Pará e Maranhão; e centro e sul
do Amapá. No Acre e oeste e sudoeste de Rondônia
e Mato-Grosso, os próximos meses reservam
temperaturas abaixo dos padrões.
“Estamos caindo para o fim da
estação chuvosa e a transição
para o fim desse período deve se dar a partir
de maio”, concluiu Dallarosa.
+ Mais
Relatório da Agência
Nacional de Águas conclui que só 25%
dos rios brasileiros são navegáveis
Leandro Martins - Repórter
da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília
- Estudo da Agência Nacional de Águas
(ANA), divulgado nesta semana, concluiu que apenas
um quarto dos rios brasileiros são navegáveis.
O documento, intitulado Relatório de Conjuntura
dos Recursos Hídricos no Brasil, faz um diagnóstico
da quantidade e da qualidade das águas brasileiras
e como o país lida com os recursos hídricos.
O estudo analisou a situação
das águas em todo o país entre 1994
e 2007, como a quantidade de chuvas a cada mês
em cada região, o volume de água dos
rios brasileiros e dos lençóis freáticos,
ou seja, da água que há debaixo do
solo.
A Bacia Amazônica, segundo
o diretor da ANA, Dalvino Trocoli, é a menos
problemática com relação à
navegabilidade e à qualidade das águas.
"Em relação à Bacia Amazônica,
nós não temos problema, a não
ser próximo à região metropolitana
de Belém, de poluição. Então,
a qualidade da água da bacia é uma
das melhores que a gente tem", disse Trocoli.
O estudo mostra que, dos 8,5 mil quilômetros
de rios navegáveis no país, 5 mil
estão na Amazônica.
Em relação a questões
preocupantes sobre a água, o relatório
registra que, em 2007, 14% dos 5,5 mil municípios
tiveram decretada situação de emergência
devido à estiagem ou seca. E três em
cada cem municípios brasileiros tiveram decretada
situação de emergência devido
a enchentes, inundação ou alagamentos.
No último dia 22, foi comemorado o Dia Mundial
da Água.