Belém
– Dois filhotes de peixe-boi foram resgatados por
servidores do Ibama e do Instituto Chico Mendes
em Aveiro, no oeste do Pará. Um deles chega
na próxima semana em Belém, o macho
que tem cerca de 1 mês e foi resgatado na
segunda-feira (23) será tratado por veterinários
do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA),
no Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos
Pesqueiros do Litoral Norte (CEPNOR), na capital
paraense.
De acordo com o médico
e analista ambiental do ICMBio, Maurício
Andrade, o filhote foi levado por um helicóptero
do Ibama para um zoológico de Santarém,
onde recebeu os primeiros cuidados para sua recuperação,
visto que apresentava alguns ferimentos. “A previsão
é de que ele venha para Belém na próxima
semana, quando uma equipe do CMA irá trazê-lo
para receber tratamentos de veterinários
do Cepnor”, afirma Andrade.
Outro filhote resgatado em Aveiro
Ainda na semana passada, dia 22,
uma equipe do ICMBio e do Ibama de Itaituba trouxe
outro filhote de peixe-boi para o Cepnor. O animal
com cerca de 3 meses, foi resgatado na última
quinta-feira (19), no Distrito de Fordlândia,
no município de Aveiro. Um pescador o encontrou
e o entregou à Prefeitura de Aveiro, que
contatou o Escritório do Ibama em Itaituba,
que pediu o apoio do CMA para fazer o resgate do
animal.
Luciana Almeida
Ascom/Ibama/PA
Foto: Maurício Andrade
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Filhote de peixe-boi livre é
monitorado em Manaus
Manaus - Um acontecimento singular
tem chamado a atenção dos manauenses
desde o início de março: a presença
de um filhote de peixe-boi no igarapé São
Vicente, no Bairro Aparecida, área central
da cidade de Manaus. O filhote foi batizado inicialmente
como Tomás, mas mudou de nome depois que
uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia – Inpa, em visita ao local, observou
que era uma fêmea, que passou a ser chamada
de Thami, nome dado pelo Sr. Carlos Alberto, morador
do bairro.
Thami foi vista pela primeira
vez no início de março. Mas é
possível que ela esteja ali há mais
tempo e talvez tenha até mesmo nascido no
igarapé. É o que acredita o médico
veterinário do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia - Inpa, Anselmo da Fonseca. Segundo
ele, o fato do filhote estar bem e na faixa de peso
para sua idade, estimada entre três e quatro
meses, corrobora essa hipótese e também
a idéia de que a mãe esteja no local,
escondida na vegetação.
O papel dos moradores e pescadores
das embarcações ancoradas no igarapé
tem sido fundamental na proteção desse
filhote. Eles têm agido como guardiões,
fazendo a vigília da área com o objetivo
de impedir que cidadãos mal intencionados
o capturem. De acordo com os moradores que têm
monitorado continuamente o local, o filhote passa
a maior parte do dia na área do igarapé
que corre embaixo do assoalho da varanda de uma
casa, onde parece se sentir seguro.
O Ibama, o Inpa e a Polícia
Ambiental também têm auxiliado nesse
processo de proteção, fazendo visitas,
distribuindo material educativo (cartazes e folders)
e advertindo a população para não
adotar condutas que possam estressar ou causar qualquer
dano ao animal ou ao ambiente que ele está
utilizando provisoriamente como seu lar. Assim a
população tem sido orientada a não
jogar lixo no igarapé, não tocar ou
se aproximar do filhote e também a não
fazer barulho, o que poderia estressá-lo
e também afugentar a mãe, que pode
estar presente. Por isso, é essencial que
restrições de acesso à área
sejam mantidas.
O peixe-boi da Amazônia
é a única espécie de peixe-boi
que ocorre em ambiente de água doce. Há
registros da sua ocorrência em toda a bacia
Amazônica. No entanto, sua existência
tem sido ameaçada pela caça ilegal.
Se no passado essa prática era permitida,
hoje ela é proibida por lei e caracterizada
como crime ambiental, passível de multa e
prisão. Outra ameaça à espécie
é a degradação do ambiente
e o uso indiscriminado de redes de pesca.
Em 2009, o Ibama do Amazonas recebeu
cinco filhotes de peixe-boi. Três deles estão
sendo mantidos em cativeiro e dois vieram a óbito.
A história desse filhote do igarapé
São Vicente pode ter um desfecho diferente.
A presença do filhote de
peixe-boi por tantos dias no igarapé do São
Vicente tem demonstrado como a parceira entre instituições
públicas e população pode ser
efetiva na proteção às espécies
da nossa fauna. No entanto, sua sobrevivência
depende da manutenção das condições
para que ele possa crescer e em algum momento procurar
outros locais onde possa se tornar uma fêmea
adulta, encontrar seu par e ter seus próprios
filhotes.
Natália Lima
Nufas/Ibama/AM