Floresta
Amazônica queima no Pará. Bonn (Alemanha)
— Relatório mostra que a medida provocaria
queda de 75% no preço do carbono, o que comprometeria
os investimentos em tecnologias limpas
Relatório lançado
pelo Greenpeace nesta semana mostra que a inclusão
de medidas de proteção das florestas
no mercado de carbono provocaria uma queda de 75%
no preço do carbono e comprometeria os esforços
globais de combate às mudanças climáticas.
Países em desenvolvimento, que dependem desse
mercado e de fundos de investimento para investir
em tecnologias de baixa emissão de carbono,
seriam os mais prejudicados. De acordo com o estudo,
China, Índia e Brasil perderiam bilhões
de dólares em investimentos em energias limpas
se as florestas fossem incluídas em um livre
mercado de carbono.
O relatório “Implicações
da inclusão do REDD no mercado Internacional
de crédito de carbono” em Bonn (Alemanha),
onde representantes governamentais de todo o mundo
estão reunidos, mais uma vez, para discutir
o conteúdo do acordo que sucederá
o Protocolo de Kyoto, que será negociado
no final do ano. O estudo foi apresentado como parte
das negociações sobre a forma de reduzir
as emissões do desmatamento e degradação
florestal nos países em desenvolvimento (REDD).
"Num primeiro momento, créditos
florestais baratos parecem atraentes, mas uma análise
mais atenta mostra que essa é uma opção
perigosa que não irá salvar as florestas
ou combater as mudanças climáticas.
Entre as muitas opções de financiamento
florestal em negociação esta é
uma das que vão render muita discussão",
diz Guarany Osório, coordenador da campanha
de Mudanças Climáticas do Greenpeace,
que participa da reunião na Alemanha.
O Greenpeace defende que os mercados
de carbono sejam baseados no desenvolvimento de
tecnologias limpas e renováveis e que haja
um compromisso dos países desenvolvidos com
o financiamento de ações de proteção
florestal em países em desenvolvimento. “O
ideal é que se crie um novo fundo para as
florestas, promovendo o clima, a biodiversidade
e o respeito aos direitos dos povos indígenas
e comunidades locais”, diz Osório.
O desmatamento, principalmente
das Florestas Tropicais, representa cerca de 20%
das emissões globais de gases do efeito estufa.
Zerar o desmatamento, portanto, é a principal
forma de combater às mudanças climáticas
nessas regiões.
Elaborado pela organização neozelandesa
Kea 3, uma das poucas no mundo que trabalham com
especialistas em floresta e clima, o estudo foi
revisado pelo cientista Jayant Sathaye, membro do
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança
Climática).
O relatório conclui que
a inclusão de florestas no mercado de carbono
provocaria os seguintes impactos:
- Depreciação do
preço do carbono em 75%, o que significa
que será mais vantajoso para os países
desenvolvidos comprar créditos de carbono
do que investir na redução das emissões
de gases do efeito estufa em seu próprio
território;
- Redução significativa
dos investimentos em tecnologias limpas e renováveis,
tanto nos países desenvolvidos quanto nas
nações em desenvolvimento;
- Prejuízos para países
como China e Índia que ganhariam menos com
o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento
sustentável – no caso da China, R$ 10 bilhões
por ano.
Começaram as discussões
globais sobre o clima30 de Março de 2009Imprimir
Enviar Greenpeace
Aumentar a ImagemBonn — Bonn - Alemanha - O futuro
do planeta precisa de governantes que costurem acordos
ambiciosos para salvar o clima.
Foi dada a largada para as discussões
internacionais sobre as mudanças climáticas.
As primeiras reuniões que definirão
o futuro do planeta estão acontecendo esta
semana em Bonn, na Alemanha, e o Greenpeace está
lá para acompanhar tudo de perto. Esta manhã,
ativistas desfilaram com um balão de 2 metros
de altura representando o planeta pegando fogo,
60 bicicletas e com a faixa “Urgente: precisamos
de líderes que combatam o clima”.
“A corrida para encontrar maneiras
conjuntas de combater o aquecimento global começa
aqui e os governos precisam iniciar essa rodada
de conversas com vigor e determinação.
Nós precisamos de líderes que consigam
costurar acordos ambiciosos para salvar o clima”,
disse Stephanie Tunmore do Greenpeace Internacional.
Um dos assuntos que está na pauta da reunião
de Bonn é determinar um acordo de médio
prazo para reduzir as emissões dos países
desenvolvidos. “Os países desenvolvidos precisam
parar de brincar com o clima e reduzir suas emissões
em, no mínimo, 40% até 2020”, completa.
Ao mesmo tempo em que acontecem
as discussões em Bonn, tem início
também a reunião do G20 em Londres,
aonde os presidente dos EUA, Barack Obama e o presidente
da China, Hu Jintao, irão se encontrar pela
primeira vez.
“O encontro destes dois presidentes
é uma oportunidade perfeita para que os dois
maiores emissores de gases de efeito estufa encontrem
uma causa comum e liderem as discussões sobre
o clima. Um acordo conjunto EUA/China visando soluções
para mitigar o aquecimento global pode ser um passo
muito importante para quebrar esse impasse que dura
décadas e dar início a um legado positivo
para o clima”, analisa Tunmore.
As reuniões em Bonn são
preparatórias para a Convenção
do Clima de Copenhague, na Dinamarca, que acontecerá
em dezembro. Lá, os governos irão
definir ações concretas sobre como
salvar o clima.
Mas o que deve ser acordado pelos
governantes na convenção de Copenhague?
• As emissões globais tem
até 2015 para chegaram ao nível máximo,
e devem diminuir rapidamente após essa data,
atingindo um valor próximo a zero até,
no máximo, 2050;
• Os países desenvolvidos precisam reduzir
suas emissões em, no mínimo, 40% até
2020. Pelo menos ¾ deste valor deve ser atingido
pela redução das emissões dentro
do país, sem compensar as emissões
em outros locais.
• Os países em desenvolvimento devem reduzir
suas emissões entre 15 e 30% até 2020,
com o apoio dos países desenvolvidos;
• A criação de um mecanismo de financiamento
para acabar com o desmatamento e com as emissões
associadas em todos os países desenvolvidos
deve ser feita até 2020. As áreas
chaves para receber financiamento desse fundo são
a Amazônia, a Bacia do Congo e as florstas
da Indonésia e papua Nova Guiné que
precisarão atingir o desmatamento zero até
2015.
Para saber mais o que cada país
pode fazer para combater o aquecimento global acesse:
http://www.greenpeace.org.br/cop/
+ Mais
Onde está o verde?
03 de Abril de 2009 - Atividade
do Greenpeace realizada na Nova Zelândia durante
o Dia de Ação Global sobre mudanças
climáticas. O mundo pede ações
urgentes.
São Paulo (SP), Brasil — Líderes do
G-20 ignoram solenemente a crise climática
mundial
O resultado do encontro do G20,
que reuniu hoje (2/4) em Londres, líderes
dos países desenvolvidos e em desenvolvimento,
deixou claro que não existe vontade política
por parte da maioria dos governos para resolver
as questões ambientais e promover o desenvolvimento
sem comprometer o futuro do planeta. Em contrapartida,
foi anunciado que bilhões de dólares
serão injetados em um sistema econômico
em ruínas. Os líderes do G-20 perderam,
assim, a oportunidade ímpar de garantir a
estabilidade ambiental do planeta.
"Os maiores emissores de
gases de efeito estufa no mundo falharam ao não
assumir o compromisso de construir um novo modelo
econômico sustentável e eliminar suas
emissões. Bilhões de dólares
serão destinados ao FMI e ao Banco Mundial,
mas não há dinheiro para o desenvolvimento
de uma economia verde, com investimentos em serviços
e tecnologias com emissão zero de gases de
efeito estufa”, afirma Marcelo Furtado, diretor
executivo do Greenpeace no Brasil.
É evidente o forte vínculo
entre a economia e a sobrevivência do clima
do planeta. A crise climática aumenta a probabilidade
de migrações em massa, fome e extinções,
o que resultará em quadros de pobreza permanentes
dos países em desenvolvimento e numa diminuição
do crescimento das principais economias globais.
Para o Greenpeace, os países
ricos do G20 deveriam se comprometer a direcionar
pelo menos 1% do seu PIB para o combate às
mudanças climáticas. Em contrapartida,
os demais se comprometeriam a acabar com suas emissões
de carbono e investir em um futuro energético
renovável.
No longo prazo, a economia só
irá se recuperar se houver um combate às
mudanças climáticas. Se os líderes
não tomarem uma atitude urgente ainda este
ano, os impactos das mudanças climáticas
vão custar mais de 20% do PIB, incluindo
as mortes e espécies em extinção
de acordo com Nicholas Stern, ex-economista chefe
do Banco Mundial. O valor é maior do que
o registrado durante a Grande Crise Econômica
e as duas Guerras Mundiais juntas.“A crise climática
é tão real quanto a crise econômica
e certamente será muito mais longa. Não
há tempo a perder. Salvar o Planeta é
agora ou agora.”, diz Furtado.
O Brasil como quarto maior emissor
do planeta tem um importante papel nesta história:
tem que zerar seu desmatamento e fazer uma revolução
energética com energias renováveis.
Como parte dos esforços do Greenpeace para
exigir dos governos ações concretas
e urgentes, ontem (1/4), no Rio de Janeiro, ativistas
penduraram uma faixa, na Ponte Rio-Niterói,
de 50m x 30m, com a mensagem: “Líderes mundiais:
o clima e as pessoas em primeiro lugar”.