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MINC SE DIZ CONTRÁRIO A USINAS HIDRELÉTRICAS NO RIO ARAGUAIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2009

Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse hoje (23) que é contra a construção de usinas hidrelétricas no Rio Araguaia.

Segundo ele, o sistema de licenciamento de hidrelétricas vai mudar para o critério de bacias hidrográficas e isso poderá afetar, já na próxima reunião do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), na quinta-feira (26), o processo de licenciamento das usinas previstas para serem construídas no Araguaia.

De acordo com Minc, as usinas que não forem recomendadas pelo conselho, presidido por ele, não serão sujeitas ao processo de licenciamento.

“Nós vamos mudar o sistema de licenciamento das hidrelétricas. Vamos começar a fazer por bacia hidrográfica. E a primeira que vai a voto no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, dia 26, é a do Araguaia-Tocantins. Algumas hidrelétricas que estavam previstas, não vão ser levadas adiante, no Araguaia, por exemplo. A nossa idéia é manter o Araguaia livre de hidrelétricas”, afirmou Minc, em palestra para ambientalistas, a bordo de um navio da organização não-governamental Greenpeace, no Porto do Rio de Janeiro.

Com o novo sistema, pelo menos três projetos de usinas ficam diretamente inviabilizados: a de Santa Isabel, que já foi licitada, e as de Torixoréu e Couto Magalhães, ainda em fase de estudos.

“No Araguaia há muitas praias de rios, muitos peixes, muitas reservas ambientais, eu pessoalmente acho que ela [a bacia] deve ser preservada”, afirmou o ministro.

Segundo estimativa feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) o potencial de geração hidrelétrica do rio é de 3,1 mil megawatts, cerca de 3% do total produzido atualmente no país.

A Hidrelétrica de Santa Isabel, tendo como vencedor o consórcio Gesai, composto pelas empresas Vale, Camargo Corrêa, Billiton Metais, Alcoa Alumínio e Votorantim Cimentos. O investimento previsto é de R$ 2 bilhões, com capacidade para gerar 1.087 megawatts de energia.
Minc também anunciou que todas as casas construídas como parte de projetos do PAC utilizarão painéis para aproveitamento da energia solar. Segundo ele, isso representará uma economia para o morador de até R$ 400 por ano na conta de luz.

Outra fonte alternativa que receberá apoio do ministério é a eólica, com a determinação de que não haja mais índice mínimo de nacionalização para os equipamentos utilizados, como torres, pás e turbinas dos cata-ventos. “Vamos começar com [nacionalização] zero e ir crescendo, como todos os países que desenvolveram a eólica fizeram. Primeiro você cria o mercado e, segundo, vai aumentando progressivamente”, disse Minc, referindo-se ao percentual de participação da indústria nacional na produção dos equipamentos geradores de energia a partir de fontes alternativas.

O ministro confirmou, ainda, que estão mantidos para este ano os concursos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes (ICM), com a previsão de abertura de mil vagas, apesar do governo ter anunciado cortes no Orçamento, por causa da crise econômica.

“Falei com o ministro Paulo Bernardo e ele disse que os mil nossos estavam garantidos, pois têm a ver com o plano climático [Plano Nacional de Mudanças Climáticas], um compromisso internacional do Brasil, e isso é intocável”, disse Minc.

Ele ressaltou que é importante aumentar o número de fiscais para combater uma nova modalidade de desmatamento promovida por fazendeiros na Amazônia. Segundo o ministro, os fazendeiros não devastam grandes extensões de terra, mas arrasam a floresta em centenas de pequenas áreas, para dificultar a detecção por satélites e a atuação dos agentes do Ibama.

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Construção de hidrelétrica em comunidade quilombola é tema de audiência pública

2 de Abril de 2009 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O território quilombola Kalunga, no norte de Goiás, poderá abrigar um empreendimento pouco comum em comunidades remanescentes de quilombos: uma pequena central hidrelétrica (PCH). A construção da usina vai ser tema de audiência pública hoje (2) no município de Cavalcante, um dos três em que o quilombo está localizado.

O empreendimento privado deverá ocupar 67 mil dos 253 mil hectares da área Kalunga, 26,5% do total, de acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela Rialma Companhia Energética, empresa responsável pela obra. Segundo o mesmo documento, a área a ser alagada para formação do reservatório deverá ser de 2,97 quilômetros quadrados, 0,11% do território.

No entanto, parte das informações do documento é contestada pela Diretoria de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura responsável por questões quilombolas. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) também aponta ressalvas ao projeto, principalmente pela indefinição fundiária do território, que ainda não teve a titulação concluída.

De acordo com a coordenadora geral de Regularização de Territórios Quilombolas do Incra, Givânia Silva, além da questão fundiária, a obra é uma ameaça à comunidade quilombola, não só pelos impactos diretos – como o alagamento de parte do território – como pelas conseqüências sobre a cultura e o modo de vida kalunga.

“A decisão será da comunidade, mas é preciso que as pessoas estejam muito bem informadas sobre todos os impactos. E o processo não está sendo conduzido dessa forma. A comunidade está sendo dividida, pressionada”, relatou.

Já o consultor da Rialma Felipe Lavorato argumentou à Agência Brasil que o empreendimento poderá trazer uma série de benefícios para a comunidade quilombola e para os municípios vizinhos, entre elas a garantia de fornecimento de energia elétrica, que viria direto da usina.

Lavorato preferiu não comentar os impasses com os órgãos governamentais e afirmou que a reunião será uma oportunidade de esclarecer pontos do projeto da PCH.

“A audiência pública faz parte do processo de licenciamento ambiental. Vamos apresentar à população o estudo [de Impacto Ambiental], o projeto e os prós e contras da hidrelétrica para a comunidade”, apontou.

A usina já teve o projeto básico aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Além de representantes da empresa, do Incra e da Fundação Palmares, a audiência vai reunir moradores do quilombo e representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Goiás – responsável pela análise do licenciamento – e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

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Agendas ambiental e energética devem andar juntas, defende especialista

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O consumo de energia crescente no Brasil e, por extensão, em todo o mundo, alerta para a necessidade de uma mudança cultural da sociedade em busca de melhor eficiência energética. A avaliação foi feita hoje (30) pelo presidente do Conselho Empresarial de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Armando Guedes Coelho. Ele disse que investir em eficiência mundialmente resultaria em uma economia de quase 25% da energia que é consumida. “Você consegue produzir a mesma coisa com menos energia e não polui o ambiente.”

O executivo, que é ex-presidente da Petrobrás, considerou correta proposta de integração das agendas ambiental e energética, feita pela Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE), visando a facilitar o uso do potencial hídrico brasileiro. A medida evitaria disputas inúteis e o desperdício de energia.

No caso das usinas hidrelétricas do Rio Madeira (Jirau e Santo Antonio), em Rondônia, Guedes apontou que a proibição para a construção de reservatórios de água na região, por questões ambientais, vai impedir a produção de uma quantidade elevada de energia. “Não existindo essa energia, você vai ter que investir em térmicas. E a térmica polui muito mais do que aquilo que você faria lá com os reservatórios”.

A questão tem que ser olhada com cuidado e bom senso para conciliar o desenvolvimento com o meio ambiente, recomendou Armando Guedes, reforçando que as duas agendas – ambiental e energética – devem andar juntas, com o objetivo de obter ganhos em termos de eficiência. “A humanidade vai ter que passar por um processo de aprendizado, de convivência, de tolerância, para buscar o equilíbrio entre esses dois segmentos”.

O presidente do Conselho de Energia da Firjan acredita que a fonte hidrelétrica vai continuar predominando no Brasil. “Mais da metade do nosso potencial hidrelétrico ainda não foi explorado”. A grande questão, a seu ver, consiste no licenciamento ambiental. Advertiu, porém, que o estabelecimento de programas bem estruturados pode garantir a liberação paulatina de licenças.

Armando Guedes participa amanhã (31) do Fórum ABCE Plano Decenal, na Firjan, que vai debater a expansão da oferta de energia, sua relação com as questões ambientais e as alternativas existentes. O Plano Decenal de Energia Elétrica (PDEE) prevê investimentos de R$ 142 bilhões em geração de energia no período 2008/2017, o que representará o acréscimo de 63.935 megawatts (MW) de capacidade instalada na matriz energética brasileira. Desse total, 20.882 MW provêm de usinas térmicas, o que elevará em cerca de 172% o nível de emissão de gases causadores do efeito estufa na atmosfera.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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