Panorama
 
 
 

REDE AMAZÔNICA DE INFORMAÇÃO SOCIOAMBIENTAL LANÇA MAPA INÉDITO DA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2009

Resultado do esforço de um conjunto de instituições, o mapa Amazônia 2009 Áreas Protegidas e Territórios Indígenas pretende superar visões fragmentadas e fomentar iniciativas e processos integrados, nacionais e internacionais, que contribuam para a consolidação de áreas protegidas e territórios indígenas, conservação e uso sustentável desse ecossistema. O lançamento simultâneo nos países integrantes da rede será no dia 3 de abril.

O mapa Amazônia 2009 é o primeiro produto da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), que envolve instituições de pesquisa, governamentais e da sociedade civil do Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Venezuela, Colômbia e Guiana Francesa.

Sua publicação tem como objetivo primordial contribuir para superar visões fragmentadas e fomentar iniciativas e processos integrados, nacionais e internacionais, que colaborem na consolidação de áreas protegidas e territórios indígenas, como parte expressiva da solução para a conservação e uso sustentável desse ecossistema.

Como existem diferentes formas de definir os limites da Amazônia, a Raisg optou, para a elaboração deste mapa, pela somatória dos limites políticos das regiões amazônicas de cada país, o que resultou numa área de 7,8 milhões de km2. Na Bolívia, no Peru e na Venezuela, coincidem com o limite biogeográfico. No Equador e na Colômbia, correspondem aos municípios ou províncias que abarcam o limite biogeográfico. O Brasil possui uma definição administrativa denominada “Amazônia Legal”. Além dos limites políticos, que serviram de base para os cômputos expressos nas tabelas do verso da publicação, o mapa apresenta também os limites de bacia hidrográfica e biogeográfico.

A Amazônia abriga uma enorme diversidade socioambiental, com uma população aproximada de de 33 milhões. Nesse total incluem-se mais de 370 povos indígenas, com população estimada em 1,6 milhão de pessoas, distribuída em mais de 2.200 territórios, sem contar os índios que vivem nas cidades e os chamados “isolados”.

Áreas Protegidas e Territórios Indígenas

Nas duas últimas décadas o reconhecimento oficial de territórios indígenas e a criação de áreas protegidas aumentaram significativamente na região, resultado de processos nacionais singulares, desiguais e ainda incompletos. Em seu conjunto, as Unidades de Conservação e os Territórios Indígenas na Amazônia representam hoje uma superfície equivalente a 3.204.248 km2, correspondendo a 41,2% da superfície da região, desconsiderando as sobreposições existentes entre as diversas categorias.

No conjunto, essas áreas podem oferecer boa parte da solução para a conservação do ecossistema, especialmente se surgirem processos ampliados de diálogos interculturais e inter-atores governamentais e da sociedade civil em direção à gestão compartilhada, como mosaicos, corredores e bacias hidrográficas. O restante deveria vir do ordenamento dos processos de ocupação dos espaços e usos dos recursos naturais que atualmente geram pressão sobre a Amazônia.

Os territórios indígenas reconhecidos oficialmente ou em processo de reconhecimento pelos Estados nacionais representam atualmente uma superfície de 1.970.699 km2 que correspondem a 25,3% da Amazônia delimitada neste mapa. Parte desses territórios (17,5%) está superposto por Unidades de Conservação. Não constam desse mapa muitas comunidades indígenas amazônicas sobre as quais há informações de localização mas não de suas territorialidades – os espaços que ocupam para viver. Da mesma forma o mapa não apresenta as demandas indígenas por reconhecimento territorial (exceto, parcialmente, para o Peru), nem as demandas por revisão e ampliação de limites de áreas já oficializadas.

As Unidades de Conservação ocupam hoje uma superfície de 1.630.485 km2 (excluindo sobreposições entre diferentes categorias), correspondendo a 20,9% da Amazônia. Desse total, 345.263 km2 estão superpostos a Territórios Indígenas. Os últimos esforços de criação de unidades consideraram o estabelecimento de conectividades nacionais e internacionais, formando mosaicos e corredores ecológico-climáticos.

Apesar do crescimento recente e importante do número e extensão das Unidades de Conservação ainda há enormes desafios para a consolidação dos sistemas nacionais de unidades de conservação e, ainda mais, para a institucionalização de agendas e instâncias de cooperação multilateral participativa.

+ Mais

Proposta de Emenda Constitucional quer que Senado aprove demarcação de TIs

02/04/2009 - De autoria do senador de Roraima, Mozarildo Cavalcanti, a Proposta de Emenda Constitucional 38/1999 (PEC),está de volta à pauta do Congresso Nacional. Texto que está na Comissão de Constituição e Justiça altera a Constituição para que as demarcações de Terras Indígenas (TIs) sejam aprovadas pelo Senado e que ocupantes de Terras Indígenas (TIs) detentores de títulos de domínio sejam indenizados pelo valor da terra nua.

Alvo de contestação e crítica por parte de ONGs ambientalistas, indigenistas e indígenas, a PEC 38, de autoria do senador roraimense Mozarildo Cavalcanti, completa dez anos de tramitação no Congresso Nacional. A proposta original apresentada em 1999 limitava em 50% a área de cada estado da federação passível de ser reconhecida como Terra Indígena ou Unidade de Conservação e incluia a aprovação de homologação de TIs entre as competências do Senado Federal. Em maio de 2003 quando a PEC estava prevista para entrar em votação, uma uma campanha virtual denominada Áreas Protegidas em Perigo, criada por várias organizações da sociedade civil solicitou à opinião pública que protestasse dizendo Não à alteração. A PEC acabou não sendo votada. A campanha virtural contou com a adesão de mais de cinco mil pessoas (cartas enviadas aos senadores) em vinte dias. No ano seguinte, foi apresentada outra proposta de emenda, a PEC 3/2004, com a finalidade de permitir a desapropriação de TIs, e passou a tramitar com a do senador Mozarildo.

Relatório do senador Valter Pereira, favorável à aprovação, excluiu da PEC 38 a limitação à criação de Unidades de Cnservação e Terras Indígenas, mas manteve a aprovação da demarcação pelo Senado. Também incorpora a ideia de indenização de títulos de domínio pelo valor da terra e não das benfeitorias construídas de boa fé, contida na PEC 3/2004.

A demarcação de Terras Indígenas é realizada pelo Poder Executivo com base nos critérios constitucionais. Submeter a demarcação ao crivo do Senado, atenta contra os direitos indígenas pois não cabe ao Poder Legislativo decidir sobre decisão administrativa que apenas declara os limites de uma Terra Indígena. O relatório do senador Valter Pereira pela aprovação da proposta também cria para a União a obrigação de indenizar todos os detentores de títulos de domínio ocupantes de Terras Indígenas demarcadas a partir de 1988, o que geraria um ônus descomunal para a União.

Diante da perspectiva de que a PEC 38 venha a ser votada, na próxima semana, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou manifesto e o ISA enviou carta a senadores e senadoras da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, solicitando que votassem por sua rejeição. Leia o manifesto da Apib e a carta do ISA.

+ Mais

Massacre de índios isolados em Rondônia é tema de filme

Corumbiara, de Vincent Carelli, será exibido no Festival É Tudo Verdade, com estréia em 28/3, no CineSesc, em São Paulo e em 30/3, no Unibanco Artplex, no Rio de Janeiro. O filme aborda um misterioso massacre de índios em Rondônia há mais de vinte anos. Confira!

O massacre de índios na gleba Corumbiara, no sul de Rondônia, é o tema do filme Corumbiara que será exibido neste final de semana em São Paulo e início da próxima no Rio de Janeiro. A história de que índios isolados, ainda sem contato com os brancos, haviam sido dizimados durante a construção de uma estrada no sul de Rondônia - frente de expansão da fronteira agrícola iniciada na década de 1970 durante o governo militar - começou a circular em 1986. Avisado pelo sertanista Marcelo Santos, que trabalhava na Fundação Nacional do Índio (Funai), em Vilhena (RO), Vincent Carelli, que estava começando as atividades da Vídeo nas Aldeias, decidiu acompanhá-lo à região para registrar as evidências do massacre. Conseguiu filmar restos de utensílios e vestígios do que havia sido uma aldeia e logo em seguida eles foram expulsos pelos fazendeiros e proibidos depois de colocar os pés naquelas terras. Os relatos do massacre acabaram por cair no descrédito - considerados fantasia - e no esquecimento.

Em 1995, o mesmo Marcelo Santos que se tornara chefe da área de isolados da Funai em Rondônia, retornou à região com Carelli, em busca de sobreviventes. Desta vez estavam acompanhados por dois jornalistas do jornal O Estado de S. Paulo.

No meio da mata, depois de encontrar uma aldeia abandonada o grupo ou frente de contato como era chamado acabou se deparando com dois índios isolados. O contato provou a existência de índios naquela área. Fotografados e filmados, os índios terminaram nas primeiras páginas dos jornais e no Fantástico da TV Globo. Os fazendeiros, por sua vez, contestaram a versão dizendo que se tratava de uma montagem da Funai, e que eles não eram índios.

Os índios então contatados faziam parte de um grupo de quatro. A língua que falavam era desconhecida. Assim, muitas conversas foram gravadas e a partir delas descobriu-se que falavam uma língua quase extinta, o Kanoê. Sabe-se que os índios Kanoê foram deportados em 1952 para Guajará Mirim (RO) e que muitos morreram de gripe e de sarampo. Os que ficaram para trás foram esses, contatados em 1995. Saiba mais sobre os Kanoê.

Os Kanoê levaram o grupo de contato pela floresta em busca de outros isolados, os Akuntsu, sobreviventes de um ataque. Um deles relatou como seu povo foi atacado e morto pelos brancos. Ele escapou, mas foi baleado no braço de raspão. Saiba mais sobre os akuntsu.

Na busca por vestígios e sobreviventes de massacres, a frente de contato ia encontrando pequenas malocas abandonadas no interior das quais sempre havia um buraco. Por isso, apelidaram seu morador, provavelmente um sobrevivente, de “índio do buraco”. A caminhada na mata prosseguiu até que o grupo se deparou com uma nova maloca e o único índio dentro dela ameaçava o grupo com uma lança por entre as palhas. Vincent conseguiu se aproximar dando a volta na maloca e fotografou seu rosto através das frestas. O contato não foi possível. A cada nova tentativa de aproximação ele se mudava, deixando para trás a sua roça. Cenas históricas como o registro desses contatos fazem parte do filme que será estréia dia 28 de março.

A esperança de Carelli, autor do roteiro e diretor de Corumbiara, é que a divulgação do filme colabore para que se abra uma investigação sobre o caso por parte da Procuradoria de Rondônia, já que crime de genocídio não prescreve. “Persegui esta história com tanta gana porque raramente conseguimos documentar um caso tão emblemático do genocídio brasileiro. A historia se repete: no final do século XX, na linha de frente da ocupação da Amazônia, o mesmo gesto bárbaro, “digno” de bandeirantes”, afirma Vincent. “Corumbiara é um relato autobiográfico da busca para esclarecer uma chacina, apesar da lei do silêncio e da dificuldade de se comunicar com sobreviventes de povos desconhecidos. Depois de vinte anos, vem a triste constatação de que era tudo verdade, e que tudo poderia ter sido diferente. Finalizar este filme é de certa maneira superar o sentimento de derrota e impotência, jogar uma mancha sobre o nosso orgulho conquistador e deixar mais um marco na memória dos povos indígenas".

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.